Aspiras a convivência dos espíritos de eleição com os
quais te harmonizas agora, no entanto, trazes ainda na vida social e
doméstica, o vínculo das uniões menos agradáveis que te compelem a
frenar impulsos e a sufocar os mais belos sonhos.
Não violentes, contudo, a lei que te preceitua semelhantes deveres.
Arrastamos, do passado ao presente, os débitos que as circunstâncias de hoje nos constrangem a revisar.
O esposo arbitrário e rude que te pede heroísmo
constante é o mesmo homem de outras existências, de cuja lealdade
escarneceste, acentuando-lhe a feição agressiva e cruel.
Os filhinhos doentes que te desfalecem nos braços,
cancerosos ou insanos, idiotizados ou paralíticos são as almas
confiantes e ingênuas de anteriores experiências terrestres, que
impeliste friamente às pavorosas quedas morais.
A companheira intransigente e obsediada, a envolver-te
em farpas magnéticas de ciúme, não é outra senão a jovem que outrora
embaíste com falsos juramentos de amor, enredando-lhe os pés em
degradação e loucura.
Os pais e chefes tirânicos, sempre dispostos a te
ferirem o coração, revelam a presença daqueles que te foram filhos em
outras épocas, nos quais plantaste o espinheiral do despotismo e do
orgulho, hoje contigo para que lhes renoves o sentimento, ao preço de
bondade e perdão sem limites.
*
Espíritos enfermos, passamos pelo educandário da
reencarnação, qual se o mundo, transfigurado em sábio anestesista, nos
retivesse no lar para que o tempo, à feição de professor devotado, de
prova em prova, efetue a cirurgia das lesões psíquicas de egoísmo e
vaidade, viciação e intolerância que nos comprometem a alma.
À frente, pois, das uniões menos simpáticas, saibamos suporta-las, de ânimo firme.
Divórcio, retirada, rejeição e demissão, às vezes,
constituem medidas justificáveis nas convenções humanas, mas quase
sempre não passam de moratórias para resgate em condições mais difíceis,
com juros de escorchar.
Ouçamos o íntimo de nós mesmos.
Enquanto a consciência se nos aflige, na expectativa de
afastar-nos da obrigação, perante alguém, vibra em nós o sinal de que a
dívida permanece.
XAVIER, Francisco Cândido. Livro da Esperança. Pelo Espírito Emmanuel. CEC. Capítulo 76.
* * * Estude Kardec * * *
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