Houve na Roma antiga um templo dedicado a Jano, que durante um milênio
somente fechou as suas portas nove vezes, correspondentes aos períodos em
que a República esteve em paz. O deus singular era representado com duas
faces, o que o tornou conhecido como bifronte, atributo conseguido de Saturno,
a quem favorecera, e que o dotara com a capacidade de penetrar o passado e
o futuro, conforme narra a mitologia, ao se referir ao mais antigo rei do Lácio
conhecido,
*
Utilizamo-nos da lenda para considerar a visão cristã como possuidora da
possibilidade de examinar o passado e o futuro, ensejando valiosas meditações.
Em Saulo, o jovem atormentado, que se fizera sicário, dormitava aquele
Paulo que, abrasado por Jesus, se tornou o arauto da Boa Nova por todas as
terras da antiguidade.
Em Jeziel, o israelita pulcro e sofrido, se encontrava em potencial o- nobre
Estêvão, que se faria o excelso mártir da Mensagem nascente, abrindo os
braços de encorajamento na direção do futuro.
Em Madalena, a mulher obsidiada e trôpega nas aspirações morais, vivia
enclausurada a impoluta faculdade de amar até o sacrifício, doando-se à
Causa do Cristo com abnegação dificilmente encontrada.
Em Simão, temeroso e reticente, vibrava o apóstolo Pedro, que se
entregaria à fé rutilante, após o sacrifício de Jesus, de modo a selar com
sangue a audácia de porfiar fiel até o fim, na expansão do Reino de Deus entre
as criaturas de Roma.
Em Joana de Cusa, a matrona romana, se agitava a discípula fiel que
doaria a vida às labaredas pela honra de ser fiel ao Mestre.
*
Era como se o passado de dificuldades e viciações argamassasse o futuro
com o cimento divino do amor, transformando-se em base de sustentação aos
grandes investimentos da luz na direção do Infinito.
No passado, queixas, lamentos, enfermidades, dissensões.
No futuro, esperanças, gratidão, saúde e paz.
Ontem, óbice, desânimo, perturbação, agonia.
Amanhã, aptidão, alento, ordem, serenidade.
Antes, o espírito alquebrado e o coração ralado de dores e ansiedades
incontáveis.
Depois, o ser renovado pela mente voltada ao dever e os sentimentos
cantando júbilos.
A Doutrina Cristã é o templo da fé aberto perenemente, facultando a paz e
acolhendo o amor.
E o Espiritismo que no-la traz de volta, na atualidade, é o grande hoje,
marco divisório dos tempos que separam o antes e o depois do encontro com
Jesus.
Por essa forma, se as tuas aspirações superiores ainda não se converteram
em flôres de alegria e as ásperas batalhas teimam por manter-te nos embates
duradouros não desfaleças. O passado de sombras para ser vencido necessita
de ser retificado e os abusos agasalhados demoradamente requerem disciplina
espartana para serem superados.
Importa considerar que já não és o que eras, nem sentes o que sentias,
embora, não poucas vêzes, o assédio do hábito te atormente as pausas de
equilíbrio.
Examina o passado para verificação do que te compete refazer, mas não te
fixes nêle.
Prepara o futuro através de atitudes corretas mas não te angusties pela
chegada dêle.
Vence a hora de cada hora, realizando o que possas, através de como
possas, lidando infatigável na república do espírito em atribulação.
Os acontecimentos vividos são experiências para as realizações a viver.
Jesus é o teu divisor de águas.
Kardec é o condutor do teu amanhã. Eleva-te ao Mestre através do Seu
apóstolo moderno e fecha às paixões o templo da tua alma, em caráter
definitivo, aspirando à glória do Mundo Maior que a todos nos espera.
*
"Ninguém, tendo pôsto a mão ao arado e olhando para trás, é apto
para o reino de Deus".
Lucas: capítulo 9º, versículo 62.
*
"Meus amigos, agradecei a Deus o haver permitido que pudésseis
gozar a luz do Espiritismo".
Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo 15º - Item 10, parágrafo 2.
FRANCO, Divaldo Pereira. Florações Evangélicas. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 47.
* * * Estude Kardec * * *
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