27 de agosto de 2012

O Mundo e o Mal


"Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal." - Jesus. (JOÃO, capítulo 17, versículo 15.)
Nos centros religiosos, há sempre grande número de pessoas preocupadas com a idéia da morte. Muitos companheiros não crêem na paz, nem no amor, senão em planos diferentes da Terra. A maioria aguarda situações imaginárias e injustificáveis para quem nunca levou em linha de conta o esforço próprio.
O anseio de morrer para ser feliz é enfermidade do espírito.
Orando ao Pai pelos discípulos, Jesus rogou para que não fossem retirados do mundo, e, sim, libertos do mal.
O mal, portanto, não é essencialmente do mundo, mas das criaturas que o habitam.
A Terra, em si, sempre foi boa. De sua lama brotam lírios de delicado aroma, sua natureza maternal é repositório de maravilhosos milagres que se repetem todos os dias.
De nada vale partirmos do planeta, quando nossos males não foram exterminados convenientemente. Em tais circunstâncias, assemelhamo-nos aos portadores humanos das chamadas moléstias incuráveis. Podemos trocar de residência; todavia, a mudança é quase nada se as feridas nos acompanham. Faz-se preciso, pois, embelezar o mundo e aprimorá-lo, com batendo o mal que está em nós.
XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28.ed. Brasília: FEB, 2009. Capítulo 30.

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20 de agosto de 2012

Simão, o mendigo

Simão, o mendigo


Doente, pobre, velhinho,

O desditoso Simão,

Arrimado a seu bordão,

Andava devagarinho...


Pés e mãos em chaga aberta,

Lá ia o velho, coitado!

Enfermo, desamparado

E humilde na estrada incerta.


Cabelo todo branquinho,

Rugosa a face morena,

O pobre metia pena

A vagar pelo caminho...


De onde viera? Ora, quem

Buscava saber ao certo?

Vinha de longe ou de perto?

Ninguém sabia, ninguém.


Só lhe sabiam do nome,

E que, em miséria, sem nada,

Ele esmolava na estrada,

A fim de matar a fome.


Estendendo seu chapéu,

Pedia, cheio de dor:

- Uma esmola, meu senhor,

Por amor ao Pai do Céu!...


Mas, oh! Deus, que desalento

Neste mundo de aflição!

Ninguém ouvia Simão

Nas horas do sofrimento.


- Passai de largo! é leproso!... -

Diziam homens cruéis -

- Oh! não vos aproximeis

Deste ancião perigoso!...


- Ah! que graça! Põe-te à brisa! -

Exclamava outro passante -

Nada de esmola ao tratante,

Que este velho não precisa!...


O mendigo, nos seus ais,

Dizia: - Viva a saúde!

Trabalhei enquanto pude,

Agora, não posso mais...


Toda a gente lhe fugia,

Ninguém lhe dava uma sopa,

Nem um trapinho de roupa

Para a noite da agonia.


Muito tempo era passado,

E o desditoso velhinho

Sentia-se mais sozinho,

Mais doente, mais cansado...


Chegou, enfim, um momento

Em que o velho sofredor

Caiu de frio e de dor

Na estrada do sofrimento.


Caiu e sonhou, contente,

Embora a sede e o cansaço,

Que Jesus vinha do Espaço

Dizendo-lhe, docemente:

"- Escuta, meu bom Simão,

Não temas, querido amigo!

Sê forte! Eu estou contigo.

Chegaste à ressurreição.


Não chores. Estou aqui!...

Terminou tua aflição,

Estás em meu coração!

Pensavas que te esqueci?


Enquanto o mundo enganado

Atormentava-te ao peso

De zombaria e desprezo,

Eu sempre estive ao teu lado.


Teus prantos e tuas dores

São, hoje, a luz que te veste

No campo do amor celeste,

Repleto de eternas flores."


E Jesus, em voz mais terna,

Concluía: - "Vem, Simão,

À doce consolação

Do mundo de luz eterna!..."


E Simão, chorando e rindo,

A seguir, ditoso, o Mestre,

Esqueceu a dor terrestre,

No céu venturoso e lindo.


O caminho era de estrelas

De tão sublime matiz

Que o pobre ria, feliz,

Sem saber como entendê-las.


No outro dia, ao reconforto

Do Sol de coroa erquida,

Acharam Simão sem vida...

O mendigo estava morto.



XAVIER, Francisco Cândido. Jardim de Infância. Pelo Espírito João de Deus. FEB. Capítulo 18.





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Contentar-Se



"Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar- me com o que tenho." - Paulo. (FILIPENSES, capítulo 4, versículo 11.)

A vertigem da posse avassala a maioria das criaturas na Terra.

A vida simples, condição da felicidade relativa que o planeta pode oferecer, foi esquecida pela generalidade dos homens. Esmagadora percentagem das súplicas terrestres não consegue avançar além do seu acanhado âmbito de origem.

Pedem-se a Deus absurdos estranhos. Raras pessoas se contentam com o material recebido para a solução de suas necessidades, raríssimas pedem apenas o "pão de cada dia", como símbolo das aquisições indispensáveis.

O homem incoerente não procura saber se possui o menos para a vida eterna, porque está sempre ansioso pelo mais nas possibilidades transitórias. Geralmente, permanece absorvido pelos interesses perecíveis, insaciado, inquieto, sob o tormento angustioso da desmedida ambição. Na corrida louca para o imediatismo, esquece a oportunidade que lhe pertence, abandona o material que lhe foi concedido para a evolução própria e atira-se a aventuras de conseqüências imprevisíveis, em face do seu futuro infinito.

Se já compreendes tuas responsabilidades com o Cristo, examina a essência de teus desejos mais íntimos. Lembra-te de que Paulo de Tarso, o apóstolo chamado por Jesus para a disseminação da verdade divina, entre os homens, foi obrigado a aprender a contentar-se com o que possuía, penetrando o caminho de disciplinas acerbas.

Estarás, acaso, esperando que alguém realize semelhante aprendizado por ti?


XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28.ed. Brasília: FEB, 2009. Capítulo 29.





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18 de agosto de 2012

Na Forja da Vida

 

"Entrai pela porta estreita porque larga é a porta da perdição e espaçoso o caminho que a ela conduz e muitos são os que entram por ela." (JESUS, Mateus, 7:13). "Larga é a porta da perdição porque são numerosas as paixões más e porque o maior número envereda pelo caminho do mal." (Alan Kardec. E.S.E, Cap. XVIII, 5)
Trazes contigo a flama do ideal superior e anelas concretizar os grandes sonhos de que te nutres, mas, diante da realidade terrestre, costumas dizer que a dificuldade é invencível.
Afirmas haver encontrado incompreensões e revezes, entraves e dissabores, por toda a parte, no entanto...
O pão que consomes é o resumo de numerosas obrigações que começaram no cultivo do solo; a vestimenta que te agasalha é o remate de longas tarefas iniciadas de longe com o preparo do fio; o lar que te acolhe foi argamassado com o suor dos que se uniram ao levantá-lo; a escola que te revela a cultura guarda a renunciação de quantos se consagram ao ministério do ensino; o livro que te instrui custou a vigília dos que sofreram para fixar, em caracteres humanos, o clarão das idéias nobres; a oficina que te assegura a subsistência encerra o concurso dos ceareiros do bem, a favor do progresso; o remédio que te alivia é o produto das atividades conjugadas de muita gente.
Animais que te auxiliam, fontes que te refrigeram, vegetais que te abençoam e objetos que te atendem, submetem-se a constantes adaptações e readaptações para que te possam servir.
Se aspiras, desse modo, à realização do teu alto destino, não desdenhes lutar, a fim de obtê-lo.
Na forja da vida, nada se faz sem trabalho e nada se consegue de bom sem apoio no próprio sacrifício.
Se queres, na sombra do vale, exaltar o tope do monte, basta contemplar-lhe a grandeza, mas se te dispões a comungar-lhe o fulgor solar na beleza do cimo, será preciso usar a cabeça que carregas nos ombros, sentir com a própria alma, mover os pés em que te susténs e agir com as próprias mãos.

XAVIER, Francisco Cândido. Livro da Esperança. Pelo Espírito Emmanuel. CEC.
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Ilusões

 

Como se demoram no invólucro carnal, em que a ilusão dos sentidos predomina, têm dificuldade de agir com inteireza e crer integralmente, em regime de tranqüilidade.
Graças às equívocas atitudes que no consenso social lhes permitem triunfos enganosos, transferem tal comportamento, quase sempre para a fé que esposam, acreditando-se resguardados nos sentimentos íntimos.
Porque produziram com acêrto nas tarefas encetadas onde se encontram assumindo posições controversas, ora de leviandade, ora de siso, supõem poder prosseguir com o mesmo procedimento quando se adentram nas tarefas espíritas, que os fascinam de pronto. E porque se acostumaram à informação de que os Espíritos são invisíveis ou pertencem ao Imaginoso reino do sobrenatural, tratam-nos como se assim fosse, olvidados de que conquanto invisíveis para alguns homens, estão sempre presentes ao lado de todos, ou apesar de tidos por gênios e encantados pertencem à Criação do Nosso Pai, em incessante marcha evolutiva.
Constituindo o Mundo Espiritual, já estiveram na Terra; são as almas dos homens ora vivendo a existência verdadeira.
Vêem, ouvem, sentem, compreendem e somente têm as diversas faculdades obnubiladas ou entorpecidas quando narcotizados pelas reminiscências do corpo somático, demorando-se em perturbação.
*
Estuda com sinceridade as lições espíritas para libertar-te da ignorância espiritual. Elas te facultarão largo tirocínio e invejável campo de liberdade interior, promovendo meios de ação superior que produz paz e harmonia pessoal. Dir-te-ão o que fazer, como realizar e porque produzir com eficiência.
Cada Espírito é o que aprendeu, o que realizou, quanto conquistou. Não poderá oferecer recursos que não possui nem liberar-te das dores e provas que a si mesmo não se pode furtar.
Se algum te inspirar ociosidade ou apoiar-te em ilício, não te equivoques: é um ser enganado que prossegue enganando. Para poupar-te o desaire mediante a constatação dolorosa neste capítulo, não transfiras para os Espíritos as tuas tarefas, não os sobrecarregues com as tuas lides. Nem exijas, ? pois é sandice, ? nem te subordines, ? pois representa fascinação. Mantém-te em respeitável conduta, em ação enobrecida e êles, os Espíritos bons e simpáticos ao teu esforço, virão em teu auxílio, envolvendo-te em inspiração segura e amparo eficaz.
Rompe com a ilusão e não acredites que te sejam subalternos aos caprichos os Desencarnados, exceto os que são mais infelizes e ignorantes do que tu mesmo.
Evolve e conquista para ser livre.
*
Jesus, antes de assomar ao lado das aflições de qualquer porte, junto a encarnados ou desencarnados, cultivou a prece e a meditação. E ao fazê-lo sempre se revestiu de respeito e piedade. No Tabor ou em Gadara a Sua nobreza se destacava na paisagem emocional dos diálogos inesquecíveis que foram mantidos.
Acende, também, a luz legítima da verdade no coração e, em contato com os Espíritos ou os homens, sê leal sem afetação, franco sem rudeza e nobre sem veleidades. Os Desencarnados te conhecem e os homens te conhecerão hoje ou mais tarde, não valendo, pois, o esfôrço de iludir-se ou iludi-los.
*
"Entrai pela porta estreita (larga é a porta e espaçosa a estrada que conduz à perdição, e muitos são os que entram por ela.)(Mateus: capítulo 7º, versículo 13.)
"Pelo simples fato de duvidar da vida futura, o homem dirige todos os seus pensamentos para a vida terrestre. Sem nenhuma certeza quanto ao porvir, dá tudo ao presente. Nenhum bem divisando mais precioso do que os da Terra, torna-se qual a criança que nada mais vê além de seus brinquedos". (Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo 2º ? Item 5, parágrafo 2.)

FRANCO, Divaldo Pereira. Florações Evangélicas. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 5.
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15 de agosto de 2012

Estupro e Aborto

          Em diversas oportunidades, quando fizemos palestra sobre a questão da Reencarnação e Aborto, fomos questionados posteriormente sobre a doloroas e delicada circunstância do estupro. Principalmente ao se propiciar perguntas nos serem dirigidas por escrito, este aspecto sempre era levantado.
          Embora o tema seja potencialmente desagradável, não há como ignorá-lo no contexto de nossa situação planetária.
         A grande discussão que se levanta é a legitimidade ou não, do aborto, quando a gravidez é conseqüente a um ato de violência física.
         Mais uma vez, nos posicionamos em relação ao aspecto legal da questão nos abstendo de maiores comentários, pois leis e constituições os povos já as tiveram inúmeras e tantas outras terão.
         Nossa abordagem será pelo ângulo transcendental e reencarnacionista e considerando que são três (3) espíritos, no mínimo, envolvidos na tragédia em questão.
Também, quanto ao aspecto da ética médica, a qual estamos submetidos por força da profissão que nesta encarnação exercemos, lembramos ser esta ética diferente em cada país do planeta. Numa escala de zero à 10, teremos todas as notas, conforme a nação e o continente que nos detivermos em nossa aldeia global.
         Inicialmente também, cumpre-nos esclarecer que o livre arbítrio é o maior patrimônio que nos, espíritos humanos,temos alcançado ao adentrarmos nesta faixa evolutiva pensante. Livre arbítrio que não legitima atitudes, mas oportuniza às criaturas decidir e se responsabilizar pelas conseqüências de seus atos (posteriores).
         Outra premissa que deveremos estabelecer é aquela da maior ou menor repercussão dos atos perante a Lei Universal, em função do nível de esclarecimento que possuímos.
Importante também salientar que não há atos perversos que tenham sido planejados pela espiritualidade superior. Seria de uma miopia intelectual sem limites, a idéia de que alguém deve reencarnar a fim de ser estuprado. A concepção do Deus punitivo e vingativo já não cabe mais no dicionário dos religiosos esclarecidos sobre a vida espiritual. Deus é uma fonte inesgotável de amor.          
         É a Lei maior que a tudo preside. Lei coordenadora das leis naturais.
Como conceber a violência física? Como enquadrar a onipresença divina em todas as situações e sofrimentos com que convivemos? Deus estaria ausente nestas circunstâncias? Ou estaria presente? Para muitos indivíduos, se estivesse presente já seria motivo para não crer na sua existência ou na sua infinita bondade e onisciência.
Quem é a ?vítima??
          Cada um de nós ao reencarnar trouxe todo o seu passado impresso indelevalmente em si mesmo. Já nos referimos aos núcleos energéticos que trazemos em nosso inconsciente pretérito. Espíritos que somos e pelas inúmeras viagens que percorremos, representadas pelas múltiplas vidas, possuímos no nosso ?passaporte? inúmeros carimbos das pousadas onde estagiamos no passado. Hoje a somatória destas experiências se traduzem em manancial energético que irradia constantemente do nosso interior para a superfície.
          Assim é também a ?vítima?. A jovem que hoje se apresenta de forma diferente, traz em seu passado profundas marcas de atitudes prejudiciais a irmãos seus. Atitudes de desequilíbrio que são gravadas em si mesma. Algumas delas participaram intelectualmente de verdadeiras emboscadas,    visando atingir de maneira dolorosa a intimidade sexual de criaturas. Outras foram executoras diretas, pela autoridade de que eram investidas, de crimes nesta área. Enfim, são últiplas as situações geradoras da desarmonia energética que agora pulsa constantemente nos arquivos vibratórios da nossa personagem em questão.
          Pela lei universal da sintonia de vibrações, embora aparentemente a vestidura cândida da moça não traduza os arquivos do passado, poderá em dado momento ser atraída por uma circunstância similar àquela que perpetrou em outras eras.
         É claro que o trabalho constante da família em termos de educação e amor, e o esforço pessoal da criatura, somando ao incansável labor dos protetores espirituais, poderá afastar a situação a que se sujeita. Não existe fatalidade. Existe apenas a tendência ou predisposição, a qual sempre estará dependendo da maior ou menor facilitação dos envolvidos no processo.
         Lembramos também que os familiares que sofrerão em diferentes graus as repercussões do crime em foco, são agora novos personagens do teatro da vida, mas encenaram juntos a uma mesma peça do passado.
         O agressor, que muitas vezes surpreende pela escolha menos estética da vítima, na realidade, em seu desequilíbrio patológico, entrou em sintonia com a vítima de hoje devido nela existir algo que tem ressonância com sua enfermidade psíquica.
        A lei da gravidade existe. Não é boa nem má. Simplesmente existe. Se jogarmos uma pedra para o alto e ficarmos aguardando seu impacto sob a linha de queda, fatalmente seremos atingidos. Não se trata de punição divina, a lei da gravidade é uma lei universal que cumpre automaticamente sua função. O mesmo ocorre com a lei de ação e reação, e a lei de sintonia energética.
Se já tivermos jogado a pedra para o alto, só nos resta abrir o guarda-chuva da caridade e da postura ética para reduzirmos o impacto da energia que movimentamos no passado.
          No entanto, no assunto ora ventilado, a violência ocorreu e a gestação se apresentou como surpresa desagradável. Como orientar a vítima?
*
        Identificados os dois protagonistas da gestação, falemos acerca da entidade reencarnante.
Em certas ocasiões, o ser que mergulha na carne nesta dolorosa circunstância é alguém que vibra na mesma faixa de desequilíbrio. Um espírito que pelo ódio se imantava magneticamente à aura da jovem de hoje pedindo-lhe contas pelos sofrimentos que no passado ela lhe causara, se vê preso às malha as energéticas do organismo biológico que se forma. O processo obsessivo que vinha desenvolvendo já o fixara perifericamente à trama perispiritual materna e agora definitivamente adere ao vaso físico.
        Apesar do momento cruel, a Lei maior aproveita para retirar o perseguidor e adormece-o.            
        Acordará talvez embalado pelos braços de sua antiga algoz que aprenderá a perdoar e até amar em função do esquecimento do pretérito.
        Lembramos novamente, não foi em hipótese alguma programado o estupro, nem ele em circunstâncias quaisquer se justificaria. No entanto o crime existindo, a espiritualidade sempre fará o máximo para do mal ser possível resultar algum bem.
        Mas, muitas vezes a gestante pressionada pelos vínculos familiares opta por interromper a gravidez indesejada.
        Muitos de nós que falamos sobre o aborto ou até aqueles que preconizam esta ato, jamais tiveram o ensejo de assistir a execução do mesmo. Em muitos países, em que a legislação permite até o 5º ou 6º mês de desenvolvimento fetal, ou ainda mais além nos casos de estupro, observa-se um quadro tétrico.
         Fragmentos de braços e pernas, mãos delicadas e dedinhos ensangüentados são jogados nos baldes frios da indiferença humana. Fetos às vezes retirados inteiros por cesariana, são colocados sobre bandejas onde pela imaturidade pulmonar respiram irregularmente até morrer.
Somos contrários a teatralidade, e a estes recursos chocantes que se exigem em filmes e slides para ferir a sensibilidade das pessoas. A falta de argumento e conhecimento espiritual do processo que se desencadeia, é que faz lançar mão destes métodos agressivos de exposição. A visão espiritual da situação pode dispensar estes recursos de que se servem as correntes religiosas por desconhecerem a pré-existência da alma.
         O espírito submetido à violência do aborto sofre intensamente no processo, conforme o seu grau de maturidade espiritual.
        Perante a lei divina sabemos que o espírito reencarnado não deve receber a agressão arbitrária em face da violência cometida por outro. Violência que gera violência, um ciclo triste que necessita ser rompido com um ato de amor a um entezinho que muitas vezes aspira por uma oportunidade de evolução.
         O aborto provocado gera muitas vezes profundos traumas em todos os envolvidos que exacerbam a dolorosa situação cármica da constelação familiar.
        Ninguém é mãe ou filho de outrem por casualidade, há sempre um mecanismo sábio da lei que visa corrigir ou atenuar sofrimentos.
         Há, também, espíritos afins e benfeitores que visando amparar a futura mãe, optam pelo reencarne na situação surgida.
         A vítima do estupro, poderá ter ao seu lado toda a luz de alguém que poderá vir a ser o seu arrimo e seu consolo na velhice. Irmãos cheios de ternura em seu coração, com projetos de dedicação e amparo, aproveitam o momento criado pelo crime para dar diretamente na vida material todo o seu trabalho para aquela que amam. Renascem como seu filho.
        A eliminação da gravidez, através do aborto provocado nestes casos, irá anular este laborioso auxílio que o espírito protetor lamentará ter perdido.
       Pelo exposto, a interrupção da gestação mesmo decorrente de violência, é sempre uma atitude arbitrária e que só ampliará o sofrimento dos familiares. Se a jovem for emocionalmente incapaz de atender aos requisitos da maternidade, a adoção, preferencialmente por pessoas de vínculos próximos, deverá ser o remédio indicado. Se não houver possibilidades, psiquicamente aceitáveis, de recepção por parte dos familiares, encaminhe-se os trâmites da adoção para quem receberá aquela criatura com o amor necessário ao seu processo redentor e educativo.
O tempo se encarregará de cicatrizar os ferimentos da alma.

BERNARDI, Ricardo Di. Gestação: Sublime Intercâmbio. InteLítera Editora. 26.
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Deus Vigia

 

Nas grandes provações, não te afastes da fé.
Nos pequenos contratempos, cultiva a paciência.
Agradece à Divina Bondade a bênção de cada dia.
Trabalhe sempre.
Serve, desinteressadamente, aos outros, quando puderes.
Esquece injúrias e ofensas.
Não lastimes o passado.
Não censures a ninguém.
Segue sempre para diante e não temas.
Deus Vigia.


XAVIER, Francisco Cândido. Recados do Além. Pelo Espírito Emmanuel. IDEAL. Capítulo 4.
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Aborto

 

            De todos os institutos sociais existentes na Terra, a família é o mais importante, do ponto de vista dos alicerces morais que regem a vida.
           É pela conjunção sexual entre o homem e a mulher que a Humanidade se perpetua no Planeta; em virtude disso, entre pais e filhos residem os mecanismos da sobrevivência humana, quanto à forma física, na face do orbe.
          Fácil entender que é assim justamente que nós, os Espíritos eternos, atendendo aos impositivos do progresso, nos revezamos na arena do mundo, ora envergando a posição de pais, ora desempenhando o papel de filhos, aprendendo, gradativamente, na carteira do corpo carnal, as lições profundas do amor - do amor que nos soerguerá, um dia, em definitivo, da Terra para os Céus.
          Com semelhantes notas, objetivamos tão-só destacar a expressão calamitosa do aborto criminoso, praticado exclusivamente pela fuga ao dever.
Habitualmente - nunca sempre - somos nós mesmos quem planifica a formação da família, antes do renascimento terrestre [...].
           [...] Se, porém, quando instalados na Terra, anestesiamos a consciência, expulsando-os de nossa companhia, a pretexto de resguardar o próprio conforto, não lhes podemos prever as reações negativas e, então, muitos dos associados de nossos erros de outras épocas, ontem convertidos, no plano espiritual, em amigos potenciais, à custa das nossas promessas de compreensão e de auxílio, fazem-se hoje
          [...] inimigos recalcados que se nos entranham à vida íntima com tal expressão de desencanto e azedume que, a rigor, nos infundem mais sofrimento e aflição que se estivessem conosco em plena experiência física, na condição de filhos-problemas, impondo-nos trabalho e inquietação.
          
         Admitimos seja suficiente breve meditação, em torno do aborto delituoso, para reconhecermos nele um dos grandes fornecedores das moléstias de etiologia obscura e das obsessões catalogáveis na patologia da mente, ocupando vastos departamentos de hospitais e prisões.

XAVIER, Francisco Cândido. Vida e Sexo. Pelo Espírito Emmanuel. FEB.
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A Porta Estreita

 

            Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta da perdição e espaçoso o caminho que a ela conduz, e muitos são os que por ela entram. - Quão pequena é a porta da vida! quão apertado o caminho que a ela conduz! e quão poucos a encontram! (S. MATEUS, cap. VII, vv. 13 e 14.)
          Tendo-lhe alguém feito esta pergunta: Senhor, serão poucos os que se salvam? Respondeu-lhes ele: - Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, pois vos asseguro que muitos procurarão transpô-la e não o poderão. 
          E quando o pai de família houver entrado e fechado a porta, e vós, de fora, começardes a bater, dizendo: Senhor, abrenos; ele vos responderá: não sei donde sois: - Pôr-vos-eis a dizer: Comemos e bebemos na tua presença e nos instruíste nas nossas praças públicas. - Ele vos responderá: Não sei donde sois; afastai-vos de mim, todos vós que praticais a iniquidade.
           Então, haverá prantos e ranger de dentes, quando virdes que Abraão, Isaac, Jacob e todos os profetas estão no reino de Deus e que vós outros sois dele expelidos.
          Virão muitos do Oriente e do Ocidente, do Setentrião e do Meio-Dia, que participarão do festim no reino de Deus. - Então, os que forem últimos serão os primeiros e os que forem primeiros serão os últimos. - (S. LUCAS, cap. XIII, vv. 23 a 30.)
           Larga é a porta da perdição, porque são numerosas as paixões más e porque o maior número envereda pelo caminho do mal. E estreita a da salvação, porque a grandes esforços sobre si mesmo é obrigado o homem que a queira transpor, para vencer suas más tendências, coisa a que poucos se resignam. E o complemento da máxima: "Muitos são os chamados e poucos os escolhidos."
Tal o estado da Humanidade terrena, porque, sendo a Terra mundo de expiação, nela predomina o mal .         
          Quando se achar transformada, a estrada do bem será a mais freqüentada. Aquelas palavras devem, pois, entender-se em sentido relativo e não em sentido absoluto. Se houvesse de ser esse o estado normal da Humanidade, teria Deus condenado à perdição a imensa maioria das suas criaturas, suposição inadmissível, desde que se reconheça que Deus é todo justiça e bondade.
          Mas, de que delitos esta Humanidade se houvera feito culpada para merecer tão triste sorte, no presente e no futuro, se toda ela se achasse degredada na Terra e se a alma não tivesse tido outras existências? Por que tantos entraves postos diante de seus passos? Por que essa porta tão estreita que só a muito poucos é dado transpor, se a sorte da alma é determinada para sempre, logo após a morte?          
          Assim é que, com a unicidade da existência, o homem está sempre em contradição consigo mesmo e com a justiça de Deus. Com a anterioridade da alma e a pluralidade dos mundos, o horizonte se alarga; faz-se luz sobre os pontos mais obscuros da fé; o presente e o futuro tornam-se solidários com o passado, e só então se pode compreender toda a profundeza. toda a verdade e toda a sabedoria das máximas do Cristo.

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB. Capítulo 18. 

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8 de agosto de 2012

Parábola do Festim de Bodas

Falando ainda por parábolas, disse-lhes Jesus: O reino dos céus se assemelha a um rei que, querendo festejar as bodas de seu filho, - despachou seus servos a chamar para as bodas os que tinham sido convidados; estes, porém, recusaram ir. - O rei despachou outros servos com ordem de dizer da sua parte aos convidados: Preparei o meu jantar; mandei matar os meus bois e todos os meus cevados; tudo está pronto; vinde às bodas. - Eles, porém, sem se incomodarem com isso, lá se foram, um para a sua casa de campo, outro para o seu negócio. - Os outros pegaram dos servos e os mataram, depois de lhes haverem feito muitos ultrajes. - Sabendo disso, o rei se tomou de cólera e, mandando contra eles seus exércitos, exterminou os assassinos e lhes queimou a cidade.
Então, disse a seus servos: O festim das bodas está inteiramente preparado; mas, os que para ele foram chamados não eram dignos dele. Ide, pois, às encruzilhadas e chamai para as bodas todos quantos encontrardes. - Os servos então saíram pelas ruas e trouxeram todos os que iam encontrando, bons e maus; a sala das bodas se encheu de pessoas que se puseram à mesa.
Entrou, em seguida, o rei para ver os que estavam à mesa, e, dando com um homem que não vestia a túnica nupcial, - disse-lhe: Meu amigo, como entraste aqui sem a túnica nupcial? O homem guardou silêncio. - Então, disse o rei à sua gente: Atai-lhe as mãos e os pés e lançai-o nas trevas exteriores: aí é que haverá prantos e ranger de dentes; - porquanto, muitos há chamados, mas poucos escolhidos. (S. MATEUS, cap. XXII, vv. 1 a 14.)
O incrédulo sorri a esta parábola, que lhe parece de pueril ingenuidade, por não compreender que se possa opor tanta dificuldade para assistir a um festim e, ainda menos, que convidados levem a resistência a ponto de massacrarem os enviados do dono da casa. "As parábolas", diz ele, o incrédulo, "são, sem dúvida, imagens; mas, ainda assim, mister se torna que não ultrapassem os limites do verossímil".
Outro tanto pode ser dito de todas as alegorias, das mais engenhosas fábulas, se não lhes forem tirados os respectivos envoltórios, para ser achado o sentido oculto. Jesus compunha as suas com os hábitos mais vulgares da vida e as adaptava aos costumes e ao caráter do povo a quem falava. A maioria delas tinha por objeto fazer penetrar nas massas populares a idéia da vida espiritual, parecendo muitas ininteligíveis, quanto ao sentido, apenas por não se colocarem neste ponto de vista os que as interpretam.
Na de que tratamos, Jesus compara o reino dos Céus, onde tudo e alegria e ventura, a um festim. Falando dos primeiros convidados, alude aos hebreus, que foram os primeiros chamados por Deus ao conhecimento da sua Lei. Os enviados do rei são os profetas que os vinham exortar a seguir a trilha da verdadeira felicidade; suas palavras, porém, quase não eram escutadas; suas advertências eram desprezadas; muitos foram mesmo massacrados, como os servos da parábola. Os convidados que se escusam, pretextando terem de ir cuidar de seus campos e de seus negócios, simbolizam as pessoas mundanas que, absorvidas pelas coisas terrenas, se conservam indiferentes às coisas celestes.
Era crença comum aos judeus de então que a nação deles tinha de alcançar supremacia sobre todas as outras. Deus, com efeito, não prometera a Abraão que a sua posteridade cobriria toda a Terra? Mas, como sempre, atendo-se à forma, sem atentarem ao fundo, eles acreditavam tratar-se de uma dominação efetiva e material.
Antes da vinda do Cristo, com exceção dos hebreus, todos os povos eram idólatras e politeístas. Se alguns homens superiores ao vulgo conceberam a idéia da unidade de Deus, essa idéia permaneceu no estado de sistema pessoal, em parte nenhuma foi aceita como verdade fundamental, a não ser por alguns iniciados que ocultavam seus conhecimentos sob um véu de mistério, impenetrável para as massas populares. Os hebreus foram os primeiros a praticar publicamente o monoteísmo; é a eles que Deus transmite a sua lei, primeiramente por via de Moisés, depois por intermédio de Jesus. Foi daquele pequenino foco que partiu a luz destinada a espargir-se pelo mundo inteiro, a triunfar do paganismo e a dar a Abraão uma posteridade espiritual "tão numerosa quanto as estrelas do firmamento. Entretanto, abandonando de todo a idolatria, os judeus desprezaram a lei moral, para se aferrarem ao mais fácil: a prática do culto exterior. O mal chegara ao cúmulo; a nação, além de escravizada, era esfacelada pelas facções e dividida pelas seitas; a incredulidade atingira mesmo o santuário. Foi então que apareceu Jesus, enviado para os chamar à observância da Lei e para lhes rasgar os horizontes novos da vida futura. Dos primeiros a ser convidados para o grande banquete da fé universal, eles repeliram a palavra do Messias celeste e o imolaram. Perderam assim o fruto que teriam colhido da iniciativa que lhes coubera.
Fora, contudo, injusto acusar-se o povo inteiro de tal estado de coisas. A responsabilidade tocava principalmente aos fariseus e saduceus, que sacrificaram a nação por efeito do orgulho e do fanatismo de uns e pela incredulidade dos outros. São, pois, eles, sobretudo, que Jesus identifica nos convidados que recusam comparecer ao festim das bodas. Depois, acrescenta: "Vendo isso. o Senhor mandou convidar a todos os que fossem encontrados nas encruzilhadas, bons e maus." Queria dizer desse modo que a palavra ia ser pregada a todos os outros povos, pagãos e idólatras, e estes, acolhendo-a, seriam admitidos ao festim, em lugar dos primeiros convidados.
Mas não basta a ninguém ser convidado; não basta dizer-se cristão, nem sentar-se à mesa para tomar parte no banquete celestial. É preciso, antes de tudo e sob condição expressa, estar revestido da túnica nupcial, isto é, ter puro o coração e cumprir a lei segundo o espírito. Ora, a lei toda se contém nestas palavras: Fora da caridade não há salvação. Entre todos, porém, que ouvem a palavra divina, quão poucos são os que a guardam e a aplicam proveitosamente! Quão poucos se tornam dignos de entrar no reino dos céus! Eis por que disse Jesus: Chamados haverá muitos; poucos, no entanto, serão os escolhidos.

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB.

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6 de agosto de 2012

Carolina e Agenor

 
- Não posso mais! Estou resolvida!
- Não diga isso. Fique mais calma. Somos espíritase ...
- Não, Agenor! Não quero mais filhos. Nem esse e nem a possibilidade de outros. Estou decidida.
- Se houvesse realmente necessidade... Mas você está forte, robusta... Isso é meia-morte. Pense bem. Olhe o "deixai vir a mim os pequeninos! ...".
- Não. É muita gente que faz isso, por que não posso fazer? Vou agora ao hospital tratar de meu caso... estou resolvida.
Assim falando, Carolina ralhou com os três filhos pequenos e deixou a casa, nervosa, acompanhada de Agenor.
II
- Quero falar com o doutor. Ele está?
- Minha senhora, ele está operando agora. Não deve demorar muito.
Nisso, um senhor ao lado pergunta:
- Quem está ele operando? É uma senhora loura?
E o porteiro, respeitoso, respondeu em voz baixa:
- Não, meu senhor. É uma senhora que acaba de chegar perdendo muito sangue. É alguma coisa de aborto. Está passsando muito mal.
Agenor olhou significativamente para Carolina.
III
- A senhora loura é sua parenta? - pergunta Carolina, ao vizinho da poltrona.
- Sim. É minha tia.
- De que se vai operar?
- Ela, minha senhora, desde que perdeu o último filho, está perturbada. Vão fazer uma operação na cabeça dela, para ver se melhora o gênio.
Agenor voltou a olhar expressivamente para Carolina ...
IV
Eis que passam dois homens em avental branco, e Carolina, atenta ao movimento em torno, na expectativa de falar ao facultativo, ouviu, de relance:
- As cifras estatísticas de câncer uterino são avultadas - disse um.
- E aqui, na região, a incidência é grande? - pergunta o outro.
- Muitíssimo. Basta ver que a enfermaria feminina semmpre está com três a quatro casos ...
Agenor, ainda uma vez, olhou incisivamente para Carolina ...
V
Carolina levanta-se, resoluta. Agenor segue.
Vão transpondo a porta principal da casa de saúde, quanndo o solícito porteiro inquire:
- Não vai esperar, minha senhora?
- Não, meu amigo. O doutor está demorando. Preciso cuidar das crianças. Obrigada. Até logo.
- Então, Calu, em que ficamos? - pergunta Agenor, ao descer a rampa do hospital.
E Carolina responde:
- Não, Agenor, dos males o menor. Fico assim mesmo ...

XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Waldo. Almas em Desfile. Pelo Espírito Hilário Silva. FEB.
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