19 de janeiro de 2013

Semeadura

 

"Mas, tendo sido semeado, cresce." - Jesus. (MARCOS, capítulo 4, versículo 32.)
É razoável que todos os homens procurem compreender a substância dos atos que praticam nas atividades diárias. Ainda que estejam obedecendo a certos regulamentos do mundo, que os compelem a determinadas atitudes, é imprescindível examinar a qualidade de sua contribuição pessoal no mecanismo das circunstâncias, porqüanto é da lei de Deus que toda semeadura se desenvolva.
O bem semeia a vida, o mal semeia a morte. O primeiro é o movimento evolutivo na escala ascensional para a Divindade, o segundo é a estagnação.
Muitos Espíritos, de corpo em corpo, permanecem na Terra com as mesmas recapitulações durante milênios. A semeadura prejudicial condicionoU-os à chamada "morte no pecado".
Atravessam os dias, resgatando débitos escabrosos e caindo de novo pela renovação da sementeira indesejável. A existência deles constitui largo círculo vicioso, porque o mal os enraiza ao solo ardente e árido das paixõeS ingratas.
Somente o bem pode conferir o galardão da liberdade suprema, representando a chave única suscetível de abrir as portas sagradas do Infinito à alma ansiosa.
Haja, pois, suficiente cuidado em nós, cada dia, porqüanto o bem ou o mal, tendo sido semeados, crescerão junto de nós, de conformidade com as leis que regem a vida.


XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28.ed. Brasília: FEB, 2009. Capítulo 35.
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17 de janeiro de 2013

Doloroso Crime

 

- E o aborto provocado, Assistente? - inquiriu Hilário, sumamente interessado. - Diante da circunspecção com que a sua palavra reveste o assunto, é de se presumir seja ele falta grave...
- Falta grave?! Será melhor dizer doloroso crime. Arrancar uma criança ao materno seio é infanticídio confesso. A mulher que o promove ou que venha a coonestar semelhante delito é constrangida, por leis irrevogáveis, a sofrer alterações deprimentes no centro genésico de sua alma, predispondo-se geralmente a dolorosas enfermidades, quais sejam a metrite, o vaginismo, a metralgia, o enfarte uterino, a tumoração cancerosa, flagelos esses com os quais, muita vez, desencarna, demandando o Além para responder, perante a Justiça Divina, pelo crime praticado. É, então, que se reconhece rediviva, mas doente e infeliz, porque, pela incessante recapitulação mental do ato abominável, através do remorso, reterá por tempo longo a degenerescência das forças genitais.
- E como se recuperará dos lamentáveis acidentes dessa ordem?
O Assistente pensou por momentos rápidos e acrescentou:
- Imaginem vocês a matriz mutilada ou deformada, na mesa da cerâmica. Decerto que o oleiro não se utilizará dela para a modelagem de vaso nobre, mas aproveitar-Ihe-á o concurso em experimentos de segunda e terceira classe ... A mulher que corrompeu voluntariamente o seu centro genésico receberá de futuro almas que viciaram a forma que lhes é peculiar, e será mãe de criminosos e suicidas, no campo da reencarnação, regenerando as energias sutis do perispírito, através do sacrifício nobilitante com que se devotará aos filhos torturados e infelizes de sua carne, aprendendo a orar, a servir com nobreza e a mentalizar a maternidade pura e sadia, que acabará reconquistando ao preço de sofrimento e trabalho justos...

XAVIER, Francisco Cândido. Ação e Reação. Pelo Espírito André Luiz. FEB. Capítulo 15.
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Parábola da Figueira que Secou

 

Quando saiam de Betânia, ele teve fome; e, vendo ao longe uma figueira, para ela encaminhou-se, a ver se acharia alguma coisa; tendo-se, porém, aproximado, só achou folhas, visto não ser tempo de figos. Então, disse Jesus à figueira: Que ninguém coma de ti fruto algum, o que seus discípulos ouviram. - No dia seguinte, ao passarem pela figueira, viram que secara até á raiz. - Pedro, lembrando-se do que dissera Jesus, disse: Mestre, olha como secou a figueira que tu amaldiçoaste. - Jesus, tomando a palavra, lhes disse: Tende fé em Deus. - Digo-vos, em verdade, que aquele que disser a esta montanha: Tira-te daí e lança-te ao mar, mas sem hesitar no seu coração, crente, ao contrário, firmemente, de que tudo o que houver dito acontecerá, verá que, com efeito, acontece. (S. MARCOS, cap. Xl, vv. 12 a 14 e 20 a 23.)
A figueira que secou é o símbolo dos que apenas aparentam propensão para o bem, mas que, em realidade, nada de bom produzem; dos oradores que mais brilho têm do que solidez, cujas palavras trazem superficial verniz, de sorte que agradam aos ouvidos, sem que, entretanto, revelem, quando perscrutadas, algo de substancial para os corações. E de perguntar-se que proveito tiraram delas os que as escutaram.
Simboliza também todos aqueles que, tendo meios de ser úteis, não o são; todas as utopias, todos os sistemas ocos, todas as doutrinas carentes de base sólida. O que as mais das vezes falta é a verdadeira fé, a fé produtiva, a fé que abala as fibras do coração, a fé, numa palavra. que transporta montanhas. São árvores cobertas de folhas porém, baldas de frutos. Por isso é que Jesus as condena à esterilidade, porquanto dia virá em que se acharão secas até à raiz. Quer dizer que todos os sistemas, todas as doutrinas que nenhum bem para a Humanidade houverem produzido, cairão reduzidas a nada; que todos os homens deliberadamente inúteis, por não terem posto em ação os recursos que traziam consigo, serão tratados como a figueira que secou.
Os médiuns são os intérpretes dos Espíritos; suprem, nestes últimos, a falta de órgãos materiais pelos quais transmitam suas instruções. Daí vem o serem dotados de faculdades para esse efeito. Nos tempos atuais, de renovação social, cabe-lhes uma missão especialíssima; são árvores destinadas a fornecer alimento espiritual a seus irmãos; multiplicam-se em número, para que abunde o alimento; há-os por toda a parte, em todos os países em todas as classes da sociedade, entre os ricos e os pobres, entre os grandes e os pequenos, a fim de que em nenhum ponto faltem e a fim de ficar demonstrado aos homens que todos são chamados. Se porém, eles desviam do objetivo providencial a preciosa faculdade que lhes foi concedida, se a empregam em coisas fúteis ou prejudiciais, se a põem a serviço dos interesses mundanos, se em vez de frutos sazonados dão maus frutos se se recusam a utilizá-la em beneficio dos outros, se nenhum proveito tiram dela para si mesmos, melhorando-se, são quais a figueira estéril. Deus lhes retirará um dom que se tornou inútil neles: a semente que não sabem fazer que frutifique, e consentirá que se tornem presas dos Espíritos maus.

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB. Livro eletrônico gratuito em http://www.febnet.org.br.
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Obreiro Sem Fé

 

"....e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras." (Tiago, 2:18)
Em todos os lugares, vemos o obreiro sem fé, espalhando inquietação e desânimo.
Devota-se a determinado empreendimento de caridade e abandona-o, de início, murmurando:
- "Para quê? O mundo não presta."
Compromete-se em deveres comuns e, sem qualquer mostra de persistência, se faz demissionário de obrigações edificantes, alegando: .Não nasci para o servilismo desonroso.
Aproxima-se da fé religiosa, para desfrutar-lhe os benefícios, entretanto, logo após, relega-a ao esquecimento, asseverando:
- "Tudo isto é mentira e complicação."
Se convidado a posição de evidência, repete o velho estribilho:
- "Não mereço! Sou indigno!..."
Se trazido a testemunhos de humildade, afirma sob manifesta revolta:
- "Quem me ofende assim.?"
E transita de situação em situação, entre a lamúria e a indisciplina, com largo tempo para sentir-se perseguido e desconsiderado.
Em toda parte, é o trabalhador que não termina o serviço por que se responsabilizou ou o aluno que estuda continuadamente, sem jamais aprender a lição.
Não te concentres na fé sem obras, que constitui embriaguez perigosa da alma, todavia, não te consagres à ação, sem fé no Poder Divino e em teu próprio esforço.
O servidor que confia na Lei da Vida reconhece que todos os patrimônios e glórias do Universo pertencem a Deus. Em vista disso, passa no mundo, sob a luz do entusiasmo e da ação no bem incessante, completando as pequenas e grandes tarefas que lhe competem, sem enamorar-se de si mesmo na vaidade e sem escravizar-se às criações de que terá sido venturoso instrumento.
Revelemos a nossa fé, através das nossas obras na felicidade comum e o Senhor conferirá à nossa vida o indefinível acréscimo de amor e sabedoria, de beleza e poder.


XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva. Pelo Espírito Emmanuel. FEB. Capítulo 26.
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Caracteres de Verdadeiro Profeta

 

Desconfiai dos falsos profetas. É útil em todos os tempos essa recomendação, mas, sobretudo, nos momentos de transição em que, como no atual, se elabora uma transformação da Humanidade, porque, então, uma multidão de ambiciosos e intrigantes se arvoram em reformadores e messias. E contra esses impostores que se deve estar em guarda, correndo a todo homem honesto o dever de os desmascarar. Perguntareis, sem dúvida, como reconhecêlos. Aqui tendes o que os assinala:
Somente a um hábil general, capaz de o dirigir, se confia o comando de um exército. Julgais que Deus seja menos prudente do que os homens? Ficai certos de que só confia missões importantes aos que ele sabe capazes de as cumprir, porquanto as grandes missões são fardos pesados que esmagariam o homem carente de forças para carregá-los. Em todas as coisas, o mestre há de sempre saber mais do que o discípulo; para fazer que a Humanidade avance moralmente e intelectualmente, são precisos homens superiores em inteligência e em moralidade. Por isso, para essas missões são sempre escolhidos Espíritos já adiantados, que fizeram suas provas noutras existências, visto que, se não fossem superiores ao meio em que têm da atuar, nula lhes resultaria a ação.
Isto posto, haveis de concluir que o verdadeiro missionário de Deus tem de justificar, pela sua superioridade, pelas suas virtudes, pela grandeza, pelo resultado e pela influência moralizadora de suas obras, a missão de que se diz portador. Tirai também esta outra conseqüência: se, pelo seu caráter, pelas suas virtudes, pela sua inteligência, ele se mostra abaixo do papel com que se apresente, ou da personagem sob cujo nome se coloca, mais não é do que um histrião de baixo estofo, que nem sequer sabe imitar o modelo que escolheu.
Outra consideração: os verdadeiros missionários de Deus ignoram-se a si mesmos, em sua maior parte; desempenham a missão a que foram chamados pela força do gênio que possuem, secundado pelo poder oculto que os inspira e dirige a seu mau grado, mas sem desígnio premeditado. Numa palavra: os verdadeiros profetas se revelam por seus atos, são adivinhados, ao passo que os falsos profetas se dão, eles próprios, como enviados de Deus. O primeiro é humilde e modesto; o segundo, orgulhoso e cheio de si, fala com altivez e, como todos os mendazes, parece sempre temeroso de que não lhe dêem crédito.
Alguns desses impostores têm havido, pretendendo passar por apóstolos do Cristo, outros pelo próprio Cristo, e, para vergonha da Humanidade, hão encontrado pessoas assaz crédulas que lhes crêem nas torpezas. Entretanto, uma ponderação bem simples seria bastante a abrir os olhos do mais cego, a de que se o Cristo reencarnasse na Terra, viria com todo o seu poder e todas as suas virtudes, a menos se admitisse, o que fora absurdo, que houvesse degenerado. Ora, do mesmo modo que, se tirardes a Deus um só de seus atributos, já não tereis Deus, se tirardes uma só de suas virtudes ao Cristo, já não mais o tereis. Possuem todas as suas virtudes os que se dão como sendo o Cristo? Essa a questão. Observai-os, perscrutailhes as idéias e os atos e reconhecereis que, acima de tudo, lhes faltam as qualidades distintivas do Cristo; a humildade e a caridade, sobejando-lhes as que o Cristo não tinha: a cupidez e o orgulho. Notai, ao demais, que neste momento há, em vários países, muitos pretensos Cristos, como há muitos pretensos Elias, muitos S. João ou S. Pedro e que não é absolutamente possível sejam verdadeiros todos, Tende como certo que são apenas criaturas que exploram a credulidade dos outros e acham cômodo viver à custa dos que lhes prestam ouvidos.
Desconfiai, pois, dos falsos profetas, máxime numa época de renovação, qual a presente, porque muitos impostores se dirão enviados de Deus. Eles procuram satisfazer na Terra à sua vaidade; mas uma terrível justiça os espera, podeis estar certos. - Erasto. (Paris, 1862.)

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB. Livro eletrônico gratuito em http://www.febnet.org.br.
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15 de janeiro de 2013

Obreiro Sem Fé

 

"....e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras." (Tiago, 2:18)
Em todos os lugares, vemos o obreiro sem fé, espalhando inquietação e desânimo.
Devota-se a determinado empreendimento de caridade e abandona-o, de início, murmurando:
- "Para quê? O mundo não presta."
Compromete-se em deveres comuns e, sem qualquer mostra de persistência, se faz demissionário de obrigações edificantes, alegando: .Não nasci para o servilismo desonroso.
Aproxima-se da fé religiosa, para desfrutar-lhe os benefícios, entretanto, logo após, relega-a ao esquecimento, asseverando:
- "Tudo isto é mentira e complicação."
Se convidado a posição de evidência, repete o velho estribilho:
- "Não mereço! Sou indigno!..."
Se trazido a testemunhos de humildade, afirma sob manifesta revolta:
- "Quem me ofende assim.?"
E transita de situação em situação, entre a lamúria e a indisciplina, com largo tempo para sentir-se perseguido e desconsiderado.
Em toda parte, é o trabalhador que não termina o serviço por que se responsabilizou ou o aluno que estuda continuadamente, sem jamais aprender a lição.
Não te concentres na fé sem obras, que constitui embriaguez perigosa da alma, todavia, não te consagres à ação, sem fé no Poder Divino e em teu próprio esforço.
O servidor que confia na Lei da Vida reconhece que todos os patrimônios e glórias do Universo pertencem a Deus. Em vista disso, passa no mundo, sob a luz do entusiasmo e da ação no bem incessante, completando as pequenas e grandes tarefas que lhe competem, sem enamorar-se de si mesmo na vaidade e sem escravizar-se às criações de que terá sido venturoso instrumento.
Revelemos a nossa fé, através das nossas obras na felicidade comum e o Senhor conferirá à nossa vida o indefinível acréscimo de amor e sabedoria, de beleza e poder.


XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva. Pelo Espírito Emmanuel. FEB. Capítulo 26.
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Fé e Conduta

 


 

"Pelo Espiritismo, o homem sabe donde vem, para onde vai, porque está na Terra, porque sofre temporariamente e vê por toda parte a justiça de Deus." A GÊNESE - Capítulo 1º - Item 30.
Vive o cristão moderno na catedral forense da Fé à semelhança de nobres expositores em inoperância, discursando para ouvintes impassíveis.
Apontam deficiências, apresentam sugestões, impõem diretrizes, sem resolverem o problema da multidão que os contempla em modorra silenciosa.
Não ajudam positivamente. Não se melhoram, embora as respeitáveis afirmações da referência pessoal.
Quando silenciam e demandam a via pública conduzem valiosos conceitos de bolso e alma vazia.
Alguns, ligados às diretrizes de Rosa, procuram apenas observar fórmulas exteriores, complicando a Promessa Divina em liturgias aparatosas que imprimem respeito às aparências desvaliosas.
Outros, comprometidos com as igrejas nascidas na Reforma, expõem a letra morta da Lei, transformando-se em juízes severos, contando consciências salvas, dividindo as criaturas e organizando estatutos de conduta para o próximo em expressivos discursos teológicos, dominados, muitas vezes, por ódios de grupos que se digladiam.
E outros mais, irmanam-se aos compromissos espiritistas, experimentando a mensagem da Lei infatigável, no corpo da existência física. Mesmo assim, repetem os equívocos dos aparatosos irmãos romanos e apresentam verbetes onde fulguram luminosos conceitos de fé.
Quando, porém, todos despirem a túnica da carne e demandarem o Supremo Tribunal, o Grande Juiz os fitará com a decepção estampada na face, e, precípites, os desconcertados crentes passarão às justificativas a que se habituaram enquanto no caminho.
O filho de Roma dir-se-á ludibriado pela tradição religiosa, transferindo a responsabilidade dos seus insucessos espirituais aos mentores que o norteavam.
O discípulo da Reforma fará citações oportunas recordando que a fé salva mas sem justificação para a ausência de anotações de trabalho na ficha de serviço fraterno.
Mais lamentável deverá ser a situação do discípulo de Allan Kardec, que conheceu por experiência pessoal a expressão nobre da fé que descortinou.
Não terá justificativa porque sabe que fé é norma de conduta.
Fé é enflorescimento - conduta é fruto.
De mãos vazias, todos estarão aguardando a resposta no Grande Tribunal.
Aos primeiros, o Grande Magistrado concederá o ensejo de reaprender, retornando à escola da carne pelo caminho do sofrimento...
Aos segundos, o Chefe Supremo oferecerá a oportunidade nova de serviço na gleba feliz do mundo, tendo a mente tarda e ágeis as mãos.
Mas aos servidores negligentes, conhecedores da sabedoria da Lei divina, o Patriarca Celeste sentenciará:
"Tenho piedade de vós! Retornareis ao ilhéu da matéria no oceano da dor... Não somente para servir mas também para meditar e aprender. Ali o tempo caminhará convosco trabalhando, em vosso coração a mensagem viva do dever".
Tal será o resultado do julgamento quando os pregoeiros da palavra e da crença, na grande catedral forense da fé, retornarem à ribalta do mundo para a sublimação dos ideais, no carreiro da Caridade.
Mergulha, desse modo, o pensamento no estudo e na prática do Espiritismo, assenhoreando-te do conhecimento para identificares os móveis dos sofrimentos atuais, corrigindo arestas morais e construindo em volta dos próprios passos uma senda de luz, por onde possam avançar outros pés, no rumo da libertação plena.

FRANCO, Divaldo Pereira. Espírito e Vida. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 49.
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14 de janeiro de 2013

A Amizade Real

 

Um grande senhor que soubera amontoar sabedoria, além da riqueza, auxiliava diversos amigos pobres, na manutenção do bom ânimo, na luta pela vida.
Sentindo-se mais velho chamou o filho à cooperação. O rapaz deveria aprender com ele a distribuir gentilezas e bens.
Para começar, enviou-o à residência de um companheiro de muitos anos, ao qual destinava trezentos cruzeiros mensais.
O jovem seguiu-lhe as instruções.
Viajou seis quilômetros e encontrou a casa indicada. Contrariando-lhe a expectativa, porém, não encontrou um pardieiro em ruínas. O domicílio, apesar de modesto, mostrava encanto e conforto. Flores perfumavam o ambiente e alvo linho vestia os móveis com beleza e decência.
O beneficiário de seu pai cumprimentou-o, com alegria efusiva e, depois de inteligente palestra, mandou trazer o café num serviço agradável e distinto. Apresentou-lhe familiares e amigos que se envolviam, felizes, num halo enorme de saúde e contentamento.
Reparando a tranqüilidade e a fartura, ali reinantes, o portador regressou ao lar, sem entregar a dádiva.
- Para quê? - confabulava consigo mesmo - aquele homem não era um pedinte. Não parecia guardar problemas que merecessem compaixão e caridade. Certo, o genitor se enganara.
De volta, explicou ao velho pai, particularizadamente, quanto vira, restituindo-lhe a importância de que fora emissário.
O ancião, contudo, após ouvi-lo calmamente, retirou mais dinheiro da bolsa, dobrou a quantia e considerou:
- Fizeste bem, tornando até aqui. Ignorava que o nosso amigo estivesse sob mais amplos compromissos. Volta à residência dele e, ao invés de trezentos, entrega-lhe seiscentos cruzeiros, mensalmente, em meu nome, de ora em diante. A sua nova situação reclama recursos duplicados.
- Mas, meu pai - acentuou o moço -, não se trata de pessoa em posição miserável. Ao que suponho, o lar dele possui tanto conforto, quanto o nosso.
- Folgo bastante com a notícia - exclamou o velho.
E, imprimindo terna censura à voz conselheiral, acrescentou:
- Meu filho, se não é lícito dar em dia aos sãos e esmolas aos que não precisam delas, semelhante regra não se aplica aos companheiros que Deus nos confiou. Quem socorre o amigo, apenas nos dias de extremo infortúnio, pode exercer a piedade que humilha ao invés do amor que santifica.
Quem espera o dia do sofrimento para prestar o favor, muita vez não encontrará senão silêncio e morte, perdendo a melhor oportunidade de ser útil.
Não devemos exigir que o irmão de jornada se converta em mendigo, a fim de parecermos superiores a ele, em todas as circunstâncias.
Tal atitude de nossa parte representaria crueldade e dureza. Estendamos-lhe nossas mãos e façamo-lo subir até nós, para que o nosso concurso não seja orgulho vão.
Toda gente no mundo pode consolar a miséria e partilhar as aflições, mas raros aprendem a acentuar a alegria dos entes amados, multiplicando-a para eles, sem egoísmo e sem inveja no coração.
O amigo verdadeiro, porém, sabe fazer isto. Volta, pois, e atende ao meu conselho para que nossa afeição constitua sementeira de amor para a eternidade.
Nunca desejei improvisar necessitados, em torno de nossa porta e, sim, criar companheiros para sempre.
Foi então que o rapaz, envolvido na sabedoria paterna, cumpriu quanto lhe fora determinado, compreendendo a sublime lição de amizade real.

XAVIER, Francisco Cândido. Alvorada Cristã. Pelo Espírito Neio Lúcio. FEB.
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Heresias

 

"E até importa que haja entre vós hereSiaS, para que os que são sinceros se manifestem entre vós." - Paulo. (1ª EPÍSTOLA AOS CORÍNTIOS, capítulo 11, versículo 19.)
Recebamos os hereges com simpatia, falem livremente os materialiStas, ninguém se insurja contra os que duvidam, que os descrentes possuam tribUnaiS e vozes.
Isso é justo.
Paulo de Tarso escreveu este versículo sob profunda inspiração.
Os que condenam OS desesperados da sorte não ajuizam sobre o amor divino, com a necessária compreensão. Que dizer-Se do pai que amaldiçoa O filho por haver regressado a casa enfermo e sem esperança?
Quem não consegue crer em Deus está doente. Nessa condição, a palavra dos desesperados é sincera, por partir de almas vazias, em gritos de socorro, por mais dissimulados que esses gritos pareçam, sob a capa brilhante dos conceitos filosóficos ou científicos do mundo. Ainda que os infelizes dessa ordem nos ataquem, seus esforços inúteis redundam a benefício de todos, possibilitando a seleção dos valores legítimos na obra iniciada.
Quanto à suposta necessidade de ministrarmos fé aos negadores, esqueçamos a presunção de satisfazê-los, guardando conosco a certeza de que Deus tem muito a dar-lhes. Recebamo-los como irmãos e estejamos convictos de que o Pai fará o resto.


XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28.ed. Brasília: FEB, 2009. Capítulo 36.
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A Grande Pergunta

 

"E por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo?" - Jesus. (LUCAS, capítulo 6, versículo 46.)
Em lamentável indiferença, muitas pessoas esperam pela morte do corpo, a fim de ouvirem as sublimes palavras do Cristo.
Não se compreende, porém, o motivo de semelhante propósito. O Mestre permanece vivo em seu Evangelho de Amor e Luz.
É desnecessário aguardar ocasiões solenes para que lhe ouçamos os ensinamentos sublimes e claros.
Muitos aprendizes aproximam-se do trabalho santo, mas desejam revelações diretas. Teriam mais fé, asseguram displicentes, se ouvissem o Senhor, de modo pessoal, em suas manifestações divinas. Acreditam-se merecedores de dádivas celestes e acabam considerando que o serviço do Evangelho é grande em demasia para o esforço humano e põem-se à espera de milagres imprevistos, sem perceberem que a preguiça sutilmente se lhes mistura à vaidade, anulando-lhes as forças.
Tais companheiros não sabem ouvir o Mestre Divino em seu verbo imortal. Ignoram que o serviço deles é aquele a que foram chamados, por mais humildes lhes pareçam as atividades a que se ajustam.
Na qualidade de político ou de varredor, num palácio ou numa choupana, o homem da Terra pode fazer o que lhe ensinou Jesus.
É por isso que a oportuna pergunta do Senhor deveria gravar-se de maneira indelével em todos os templos, para que os discípulos, em lhe pronun ciando o nome, nunca se esqueçam de atender, sinceramente, às recomendações do seu verbo sublime.


XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28.ed. Brasília: FEB, 2009. Capítulo 47.
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13 de janeiro de 2013

Rumo Perdido


Contempla a imensa caravana dos indivíduos que perderam a direção de si mesmos e malbaratam a oportunidade de que dispõem para ser felizes.
Alguns extraviaram-se nos desvios da jornada, optando pelas veredas desconhecidas das fantasias e do prazer sem o correspondente contributo da responsabilidade.
Outros renasceram assinalados pela culpa e fixados aos erros, experimentando os tormentosos conflitos de inferioridade ou de narcisismo, fugindo das estradas luminosas dos deveres e procurando esconder-se nos lôbregos antros dos vícios em que chafurdam.
Número incontrolável deles transita hebetado, sem ideal nem interesse pelos valores que dão sentido à existência física.
Com esgares, que lhes substituem os sorrisos do encantamento perdido, seguem sem rumo para lugar nenhum, solitários ou em grupos horrendos, onde escondem as mazelas...
Sequer experimentaram os júbilos naturais da existência, porque foram empurrados com violência para o fosso onde derrearam...
As suas expressões faciais traduzem as batalhas internas que são travadas nas paisagens do medo ou da revolta, das ambições desarvoradas ou dos desencantos, fazendo-os sucumbir.
A sociedade desatenta e preconceituosa, na sua condição de órgão humano coletivo, ao invés de buscar arrancá-los da deplorável situação que se permitiram ficar, evita-os, ignorando-lhes as dores acerbas.
Sem resistências morais, que advêm das experiências dignificadoras, eles facilmente desistem das tentativas de soerguimento, naufragando no paul da indiferença que os amortalha.
Número maior do que se pensa, constrói, embora inconscientemente, o submundo moral, onde se homiziam, formando as multidões de caminhantes sem roteiro, que pesam na economia moral do planeta...
Perseguidos por milicianos cruéis, irresponsáveis que são, porque também agridem-se como hienas famélicas, são açoitados, de um para outro lado empurrados e perseguidos...
Detêm-se a observar na claridade do dia, mas principalmente nas sombras pesadas da noite, esses seres que se desumanizam e, como fantasmas, espiam com receio ou com mágoa os transeuntes que lhes parecem ditosos.
Invejam as aparências dos afortunados, conforme pensam, e porque somente recebem as migalhas que lhes são atiradas com desprezo, odeiam-nos.
Não fiques insensível ante os numerosos membros da caravana dos tristes e vencidos.
Todos eles são teus irmãos !
Não tiveram a mesma oportunidade que desfrutas, assinalados pelos delitos transatos de cujas conseqüências não se têm podido evadir.
Mas, assim mesmo, são teus irmãos necessitados de compaixão, de ensejo,de um lugar ao sol.
Afirmas, em mecanismo de fuga da responsabilidade, que nada podes fazer, que são muitos e não dispões daquilo que lhes é indispensável.
]Essa é uma vão justificativa, que deves corrigir quanto antes, já que te luz a ocasião para ajudá-los.
*
Renasceste para construir o mundo melhor.
Desarma-te em relação aos agressores, aos sofredores, aos trânsfugas do dever, e ama-os.
Abre-lhes o coração, irradiando ternura e fraternidade.
Faculta-lhes amizade, ofertando-lhes a face em sorrisos, ao invés da carantonha de reproche ou de mágoa.
Fala-lhes sem preconceito, não os excluindo dos teus relacionamentos, quanto te buscarem.
O mínimo que lhes concedas é de grande significado para a sua carência imensa.
Recorda que o oceano é constituído de gotículas d´agua, da mesma forma que os areais quase infinitos se formam com pequeninos grãos de terra...
Se direcionares a tua mente no rumo deles, enviando-lhes mensagens de compaixão, diminuir-lhes-ás a miséria moral, contribuindo para o seu soerguimento, pois que sempre há possibilidades de êxito.
Sabes que o processo de evolução ocorre sem grandes saltos, mas passo a passo.
Sê tu quem dê esse primeiro passo na direção daqueles que já não sabem caminhar.
Mentalmente, coloca-te no lugar de algum deles, e pensa quanto gostarias de receber de quem se encontrasse em melhor situação. Faze, então, o que anelarias que te fizessem.
A caravana dos espíritos sem rumo não se restringe apenas aos deambulantes carnais, mas também aos desencarnados em aflição.
Não se deram conta de que o fenômeno da morte retirou-os das roupagens carnais.
Ignorando a realidade da vida exuberante, apegam-se aos despojos em desagregação e enlouquecem-se sem entender a ocorrência.
Ajuda-os com a tua oração, com a emissão de ondas mentais de simpatia e de solidariedade.
Algum dia, no passado, estiveste em situação afligente como a que eles hoje sofrem, e foste recolhido pelas mãos sublimes do amor, que foram distendidas na tua direção.
A proposta soberana da vida é fazer por outrem tudo quanto se gostaria que lhe fosse oferecido.
Como te encontras no rumo certo, buscando a luz da Inefável Misericórdia, assinala a tua passagem pela Terra deixando pegadas, como se fossem pequeninas estrelas fulgindo no solo, para apontar o caminho àqueles que seguem na retaguarda.
Não te canses de auxiliar, nem te irrites com os esfaimados de pão, de paz e, principalmente, de amor.
*
As alegrias que recolhas junto aos padecentes do caminho fortalecer-te-ão para facultar-te tentames mais audaciosos no futuro.
O mundo atual encontra-se constituído pelas ações que foram realizadas no passado, abrindo as portas para o futuro enriquecido de plenitude, quando todos os seres encontrarão e seguirão o rumo de Jesus.

Franco, Divaldo Pereira. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na reunião mediúnica da noite de 20.8.2012, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia. Fonte: http://www.divaldofranco.com/mensagens.php?not=312.
* * * Estude Kardec * * *

A Lenda do Esconderijo Seguro

 

Aconteceu em tempos já distantes...
Observando o comportamento irregular das criaturas humanas, a sua ingratidão e contínua rebeldia, Deus resolveu reunir a Corte Celeste, a fim de apresentar sua opinião pouco favorável aos seres inteligentes que, invariavelmente utilizavam do conhecimento e da razão para protestar, exigir, reclamar contra tudo e todos, demonstrando irritabilidade e desconsideração para com a Paternidade Divina.
Ante a expectação geral dos anjos, arcanjos, querubins e potestades, o Senhor explicou que desejava ensinar aos homens e mulheres terrestres uma forma condigna para O buscarem.
Todos sabiam que Ele residia no Paraíso, cujo endereço era muito conhecido, e para onde se dirigiam suas queixas e desgostos, raramente a gratidão e o amor. Assim, Ele estava pensando, pelo menos por um período, transferir-se da sua morada, para um lugar onde fosse difícil de ser encontrado. Isso seria uma espécie de férias que Ele desejava experimentar e uma advertência para os filhos ingratos.
Concedera-lhes os predicados do pensamento e da lógica, a fim de que pudessem examinar as belezas existentes no Cosmo, presentes em mil expressões terrenas e, não obstante, na maioria das vezes, esses atributos eram utilizados para o desregramento, a agressividade e a insensatez.
Todos os membros da Corte Celeste concordaram plenamente com a proposta divina e ficaram mais surpresos ainda, quando o Senhor lhes pediu sugestão sobre um lugar na Terra ou próximo dela onde pudesse ocultar-se temporariamente.
Após larga reflexão, um serafim muito honrado pediu vênia para falar, e propôs:
- Acredito que a Lua seria um excelente lugar para repouso. O silêncio que paira na sua superfície é grandioso, e dali a observação do planeta terrestre faz-se tão bela quanto emocionante. Sugiro, portanto, que o Criador a eleja como Vossa próxima residência.
Todos os membros da excelsa assembleia concordaram com a sugestão tomada com sorrisos de júbilo.
Mas, o Supremo Senhor, após meditar, redarguiu, preocupado:
- Eu posso prever o futuro, e graças a essa capacidade, vejo o ser humano chegando ao satélite terrestre e colocando ali os seus símbolos. Se lá eu estiver, nessa oportunidade, será muito mais difícil ter que suportar o atrevimento desses visitantes, que certamente não me deixarão em paz.
Um grande silêncio se abateu sobre todos, ante a desolação estampada na face do Excelso Pai.
Um arcanjo, que era tido como um dos mais sábios, pediu licença, e expôs:
- Os oceanos são ainda grande mistério para os humanos, e o Triângulo das Bermudas apresenta uma fossa muito profunda, inalcançável. Sugiro que ali seja estabelecida a Vossa residência.
Parecia estar resolvida a questão, quando o Supremo Chefe respondeu com tristeza:
- O ser humano é capaz de tudo. Posso prever um futuro não muito distante, no qual, se utilizando de equipamentos sofisticados e valiosos, ele descerá às maiores profundezas oceânicas, e, encontrando-me lá, tentará perturbar-me com a sua petulância e imprudência.
Estava-se num grande impasse, quando um anjo modesto, quase desconsiderado, pediu licença para opinar.
Ele dizia pertencer ao Terceiro Mundo, onde havia muitos pobres, os quais, sempre se ajudavam, procurando diminuir as dificuldades que enfrentavam reciprocamente.
As Entidades mais elevadas, ante o inusitado acontecimento, olharam-no quase com piedade, pensando no que poderia sugerir um modesto anjo encarregado da limpeza do Paraíso!
Mas Deus, por misericórdia, olhou na direção do interlocutor e, com muita ternura, interrogou-lhe:
- Se tens alguma ideia, dize-nos. Em que lugar pensas que me poderei ocultar, a fim de não ser afligido pelos seres humanos?!
Eu sugiro, Senhor - redarguiu o anjo humilde, que vos oculteis no coração da própria criatura humana, porque ali somente chegarão aqueles que muito se esforçarem para alcançar a própria evolução, e esses, quando a conseguirem, respeitar-vos-ão, entoando hinos de louvor à Vossa Majestade.
Houve uma comoção que tomou conta de todos, que passaram a aplaudir o modesto servidor angelical.
E, a partir daquele momento, Deus passou a residir no coração do ser humano, somente sendo encontrado por aqueles que realizam a viagem interior, auto-iluminando-se e amando profundamente ao seu próximo. Até hoje esse é o lugar preferido por Ele...

FRANCO, Divaldo Pereira. A Lenda do Esconderijo Seguro. Pelo Espírito Selma Lagerlöf. LEAL.


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Aborto Criminoso

 

- Reconhecendo-se que os crimes do aborto provocada criminosamente surgem, em esmagadora maioria, nas classes mais responsáveis da comunidade terrestre, como identificar o trabalho expiatório que lhes diz respeito, se passam quase totalmente despercebidas da justiça humana?
Temos no Plano Terrestre cada povo com o seu código penal apropriado à evolução em que se encontra; mas, considerando o Universo em sua totalidade como Reino Divino, vamos encontrar o Bem do Criador para todas as criaturas, como Lei básica, cujas transgressões deliberadas são corrigidas no próprio infrator, com o objetivo natural de conseguir-se, em cada círculo de trabalho no Campo Cósmico, o máximo de equilíbrio o com respeito máximo aos direitos alheios, dentro da mínima pena.
Atendendo-se, no entanto, a que a Justiça Perfeita se eleva, indefectível, sobre o Perfeito Amor, no hausto de Deus "em nos que movemos e existimos", toda reparação, perante a Lei básica a que nos reportamos, se realiza em termos de vida eterna e não segundo a vida fragmentária que conhecemos na encarnação humana, porqüanto, uma existência pode estar repleta de acertos e desacertos, méritos e deméritos e a Misericórdia do Senhor preceitua, não que o delinqüente seja flagelado, com extensão indiscriminada de dor expiatória, o que seria volúpia de castigar nos tribunais do destino, invariavelmente regidos pela Eqüidade Soberana, mas sim que o mal seja suprimido de suas vítimas, com a possível redução do sofrimento.
Desse modo, segundo o princípio universal do Direito Cósmico a expressar-se, claro, no ensinamento de Jesus que manda conferir "a cada um de acordo com as próprias obras", arquivamos em nós as raízes do mal que acalentamos para extirpá-las à custa do esforço próprio, em companhia daqueles que se no afinem à faixa de culpa, com os quais, perante a Justiça Eterna, os nossos débitos jazem associados.
Em face de semelhantes fundamentos, certa romagem na carne, entremeada de créditos e dívidas, pode terminar com aparências de regularidade irrepreensível para a alma que desencarna, sob o apreço dos que lhe comungam a experiência, seguindo-se de outra em que essa mesma criatura assuma a empreitada do resgate próprio, suportando nos ombros as conseqüências das culpas contraídas diante de Deus e de si mesma, a fim de reabilitar-se ante a Harmonia Divina, caminhando, assim, transitoriamente, ao lado de Espíritos incursos em regeneração da mesma espécie.
É dessa forma que a mulher e o homem, acumpliciados nas ocorrências do aborto delituoso, mas principalmente a mulher, cujo grau de responsabilidade nas faltas dessa natureza é muito maior, à frente da vida que ela prometeu honrar com nobreza, na maternidade sublime, desajustam as energias psicossomáticas, com mais penetrante desequilíbrio do centro genésico, implantando nos tecidos da própria alma a sementeira de males que frutescerão, mais tarde, em regime de produção a tempo certo. Isso ocorre não somente porque o remorso se lhes entranhe no ser, à feição de víbora magnética, mas também porque assimilam, inevitavelmente, as vibrações de angústia e desespero e, por vezes, de revolta e vingança dos Espíritos que a Lei lhes reservara para filhos do próprio sangue, na obra de restauração do destino.
No homem, o resultado dessas ações aparece, quase sempre, em existência imediata àquela na qual se envolveu em compromissos desse jaez, na forma de moléstias testiculares, disendocrinias diversas, distúrbios mentais, com evidente obsessão por parte de forças invisíveis emanadas de entidades retardatárias que ainda encontram dificuldade para exculpar-lhes a deserção.
Nas mulheres, as derivações surgem extremamente mais graves. O aborto provocado, sem necessidade terapêutica, revela-se matematicamente seguido por choques traumáticos no corpo espiritual, tantas vezes quantas se repetir o delito de lesa-maternidade, mergulhando as mulheres que o perpetram em angústias indefiníveis, além da morte, de vez que, por mais extensas se lhes façam as gratificações e os obséquios dos Espíritos Amigos e Benfeitores que lhes recordam as qualidades elogiáveis, mais se sentem diminuídas moralmente em si mesmas, com o centro genésico desordenado e infeliz, assim como alguém indebitamente admitido num festim brilhante, carregando uma chaga que a todo instante se denuncia.
Dessarte, ressurgem na vida física, externando gradativamente, na tessitura celular de que se revestem, a disfunção que podemos nomear como sendo a miopraxia do centro genésico atonizado, padecendo, logo que reconduzidas ao curso da maternidade terrestre, as toxemias da gestação. Dilapidado o equilíbrio do centro referido, as células ciliadas, mucíparas e intercalares não dispõem da força precisa na mucosa tubária para a condução do óvulo na trajetória endossalpingeana, nem para alimentá-lo no impulso da migração por deficiência hormonal do ovário, determinando não apenas os fenômenos da prenhez ectópica ou localização heterotópica do ovo, mas também certas síndromes hemorrágicos de suma importância, decorrentes da nidação do ovo fora do endométrio ortotópico, ainda mesmo quando já esteja acomodado na concha uterina, trazendo habitualmente os embaraços da placentação baixa ou a placenta prévia hemorragipara que constituem, na parturição, verdadeiro suplício para as mulheres portadoras do órgão germinal em desajuste.
Enqüadradas na arritmia do centro genésico, outras alterações orgânicas aparecem, flagelando a vida feminina como sejam o descolamento da placenta eutópica, por hiperatividade histolítica da vilosidade corial; a hipocinesia uterina, favorecendo a germicultura do estreptococo ou do gonococo, depois das crises endometríticas puerperais; a salpingite tubercuksa; a degeneração cística do córto; a salpingooforite, em que o edema e o exsudato fibrinoso provocam a aderência das pregas da mucosa tubária, preparando campo propício às grandes inflamações anexiais, em que o ovário e a trompa experimentam a formação de tumores purulentos que os identificam no mesmo processo de desagregação; os síndromes circulatórios da gravidez aparentemente normal, quando a mulher, no pretérito, viciou também o centro cardíaco, em conseqüência do aborto calculado e seguido por disritmia das forças psicossomáticas que regulam o eixo elétrico do coração, ressentindo-se, como resultado, na nova encarnação e em pleno surto de gravidez, da miopraxia do aparelho cardiovascular, com aumento da carga plasmática na corrente sangüínea, por deficiência no orçamento hormonal, daí resultando graves problemas da cardiopatia conseqüente.
Temos ainda a considerar que a mulher sintonizada com os deveres da maternidade na primeira ou, às vezes, até na segunda gestação, quando descamba para o aborto criminoso, na geração dos filhos posteriores, inocula automaticamente no centro genésico e no centro esplênico do corpo espiritual as causas sutis de desequilíbrio recôndito, a se lhe evidenciarem na existência próxima pela vasta acumulação do antígeno que lhe imporá as divergências sangüíneas com que asfixia, gradativamente, através da hemólise, o rebento de amor que alberga carinhosamente no próprio seio, a partir da segunda ou terceira gestação, porque as enfermidades do corpo humano, como reflexos das depressões profundas da alma, ocorrem dentro de justos períodos etários.
Além dos sintomas que abordamos em sintética digressão na etiopatogenia das moléstias do órgão genital da mulher, surpreenderemos largo capítulo a ponderar no campo nervoso, à face da hiperexcitação do centro cerebral, com inquietantes modificações da personalidade, a ralarem, muitas vezes, no martirológio da obsessão, devendo-se ainda salientar o caráter doloroso dos efeitos espirituais do aborto criminoso, para os ginecologistas e obstetras delinqüentes.
- Para melhorar a própria situação, que deve fazer a mulher que se reconhece, na atualidade, com dívidas no aborto provocado, antecipando-se, desde agora, no trabalho da sua própria melhoria moral, antes que a próxima existência lhe imponha as aflições regenerativas?
- Sabemos que é possível renovar o destino todos os dias.
Quem ontem abandonou os próprios filhos pode hoje afeiçoar-se aos filhos alheios, necessitados de carinho e abnegação.
O próprio Evangelho do Senhor, na palavra do Apóstolo Pedro, advertenos quanto à necessidade de cultivarmos ardente caridade uns para com os outros, porque a caridade cobre a multidão de nossos males (1a. Epístola à Pedro, capítulo 4, versículo 8).

XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Waldo. Evolução em Dois Mundos. Pelo Espírito André Luiz. FEB. Capítulo 34.
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A Fé: Mãe da Esperança e da Caridade

 

Para ser proveitosa, a fé tem de ser ativa; não deve entorpecer-se. Mãe de todas as virtudes que conduzem a Deus, cumpre-lhe velar atentamente pelo desenvolvimento dos filhos que gerou.
A esperança e a caridade são corolários da fé e formam com esta uma trindade inseparável. Não é a fé que faculta a esperança na realização das promessas do Senhor? Se não tiverdes fé, que esperareis? Não é a fé que dá o amor? Se não tendes fé, qual será o vosso reconhecimento e, portanto, o vosso amor?
Inspiração divina, a fé desperta todos os instintos nobres que encaminham o homem para o bem. É a base da regeneração. Preciso é, pois, que essa base seja forte e durável, porquanto, se a mais ligeira dúvida a abalar que será do edifício que sobre ela construirdes? Levantai, conseguintemente, esse edifício sobre alicerces inamovíveis. Seja mais forte a vossa fé do que os sofismas e as zombarias dos incrédulos, visto que a fé que não afronta o ridículo dos homens não é fé verdadeira.
A fé sincera é empolgante e contagiosa; comunica-se aos que não na tinham, ou, mesmo, não desejariam tê-la. Encontra palavras persuasivas que vão à alma. ao passo que a fé aparente usa de palavras sonoras que deixam frio e indiferente quem as escuta. Pregai pelo exemplo da vossa fé, para a incutirdes nos homens. Pregai pelo exemplo das vossas obras para lhes demonstrardes o merecimento da fé. Pregai pela vossa esperança firme, para lhes dardes a ver a confiança que fortifica e põe a criatura em condições de enfrentar todas as vicissitudes da vida.
Tende, pois, a fé, com o que ela contém de belo e de bom, com a sua pureza, com a sua racionalidade. Não admitais a fé sem comprovação, cega filha da cegueira. Amai a Deus, mas sabendo porque o amais; crede nas suas promessas, mas sabendo porque acreditais nelas; segui os nossos conselhos, mas compenetrados do um que vos apontamos e dos meios que vos trazemos para o atingirdes. Crede e esperai sem desfalecimento: os milagres são obras da fé. - José, Espírito protetor. (Bordéus, 1862.).

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB. Livro eletrônico gratuito em http://www.febnet.org.br.


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Fé e Caridade

 

Dizem que toda pessoa de fé viva sofre, incessantemente, nas obras da caridade, em nome do Cristo, no entanto, vale explicar porque isso acontece.
Espíritos pessimistas aceitam a derrota de quaisquer iniciativas, antes de começa-las.
Egoístas moram nas próprias conveniências.
Tíbios desrespeitam às horas.
Frívolos vivem agarrados à casca das situações e das cousas.
Oportunistas querem vantagens e lucros imediatos.
Vaidosos desconhecem, propositadamente, a necessidade dos outros.
Impulsivos criam problemas.
Toda pessoa, porém, que confia no Cristo é, conseqüentemente, alguém que procura servir, assimilando-lhe exemplos e lições, e, por isso mesmo, é indicada por Ele ao trabalho do bem; de vez que chamar preguiçosos e indiferentes não adianta.

Pelo Espírito André Luiz
XAVIER, Francisco Cândido. Ideal Espírita. Espíritos Diversos. CEC.
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Falsos Profetas

 

Caracterizam-se pelo verbalismo exagerado, quando utilizando a instrumentalidade mediúnica. Em arroubos dourados comentam, prolixos, os mais variados temas, não obstante chegarem a conclusão nenhuma. Cultores da própria vaidade, comprazem-se em estimular o fanatismo exacerbado, utilizando a palavra com habilidade, através de cujo recurso encorajam os sentimentos infelizes do orgulho entre os seus ouvintes, cumulando-os de referências pomposas embora vazias de significação. Quando se lhes solicitam esclarecimento ou permitem interrogações à cata de informes com os quais seja possível aquilatar-lhes a evolução, rebelam-se ferozes, dizendo-se feridos nos valores que a si se atribuem, traindo a inferioridade em que se demoram.
Arrogantes, estimam a ignorância presunçosa dominadores e arbitrários, com altas doses de empáfia com que se jactam guias e condutores. Outras vezes arremetem-se pela seara do profetismo sensacionalista, enveredando pelo terreno das fantasias, tão do gosto da frivolidade ou da ingenuidade de grande cópia das criaturas humanas. Tecem comentários vastos sobre a vida em outros planetas, discorrendo, levianos, temas controvertidos nos quais, sejam quais forem as conclusões da honesta investigação do futuro, dispõem de válvulas para escapatórias vulgares. Pseudo-sábios conforme os denominou o Codificador do Espiritismo, quando se percebem suspeitos ante os que os ouvem, não se constrangem de utilizar nomes que exornaram personalidades históricas, sábios ou santos para melhor enganarem os espíritos invigilantes, embora encarnados, que se comprazem na ilusão, distantes da responsabilidade pessoal e intransferível da tarefa de renovação interior.
Falsos profetas da Erraticidade, que são!
A desencarnação não os modificou -
Amantes da ficção e sócios da mentira, quando no corpo somático, prosseguem no engôdo a que se permitiram arrastar, sintonizando com outras mentes ociosas do plano físico, a que se vinculam, dando prosseguimento aos programas infelizes que lhes apraz.
Fáceis de identificar, devem evangelicamente receber instrução, advertidos e reprochados fraternalmente.
Às vezes, investem contra grupos respeitáveis, testando a excelência moral dos componentes da atividade espírita em começo - Precipitados, todavia, logo desvelam os propósitos que os inspiram.
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Também os há no plano físico.
Zelosos, passam como fiscais do labor alheio, preocupados em encontrar em tudo e em todos mistificações e mistificadores, com que traem o estado Íntimo - Acreditam-se encarregados de guardar a Verdade e somente eles a possuem em mais altas expressões, descuidando, como é natural, do próprio comportamento, revelando, assim, nas atitudes apaixonadas e nas posições inamovíveis a que se fixam, a condição de espíritos atormentados, companheiros atormentadores.
Confiam nas fôrças que supõem possuir, jactanciosos, esquecidos de que a Vinha pertence ao Senhor que labora incessantemente -
Preocupados em descobrir falhas e engodos descuram a atividade nobre de ensinar corretamente, relegando como deveriam os irresponsáveis à Lei que deles se encarregará, fiscalizando-se com maior serenidade, a benefício da Causa ou das Ideias que dizem defender.
Expressam uma classe especial de falsos profetas - são os novos zelotes.
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A mentira, porém, de qualquer procedência, não resiste ao tempo, nem à meridiana luz da autenticidade.
Os que mentem, encarnados ou desencarnados, não desacreditam a verdade: iludem-se, perturbando-se, em decorrência das atitudes e conceitos cultivados.
Por essa razão, ama tu a atitude correta, ora e vigia, para que não sejas vítima daqueles espíritos atormentados e enganadores do Além - Da mesma forma não te faças acusador de ninguém, antes impõe-te a tarefa de proceder com retidão, ensinar com segurança doutrinária e servir sempre, pois que o Senhor até hoje trabalha, sem a excessiva preocupação de eliminar do campo os maus trabalhadores aos quais concede Ele oportunidade e oportunidades, por não desejar que ovelha alguma que o Pai lhe confiou se perca, mas antes seja salva.
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"Meus bem-amados, NÃO CREAIS EM QUALQUER ESPÍRITO; experimentai se os Espíritos são de Deus, porquanto muitos falsos profetas se têm levantado no mundo". São João, Epístola 1ª, Capítulo 4º, versículo 1.
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"O Espiritismo revela outra categoria bem mais perigosa de falsos Cristos e de falsos profetas, que se encontram, não entre os homens, mas entre os desencarnados: a dos Espíritos enganadores, hipócritas, orgulhosos e pseudo-sábios, que passaram da Terra para a erraticidade e tomam nomes venerados para, sob a máscara de que se cobrem, facilitarem a aceitação das mais singulares e absurdas ideias". Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo 21º - Item 7, parágrafo 2.

FRANCO, Divaldo Pereira. Florações Evangélicas. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 55.
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Jesus em Ação

 

Irmãos surgem que, de vez em vez, se afirmam contra a beneficência, alegando que enquanto nos consagramos ao socorro material esquecemos os nossos deveres na iluminação do espírito. E enfileiram justificativas às quais a Doutrina Espírita, revivendo os ensinamentos de Jesus, opõe naturais contraditas.
Senão vejamos:
A Assistência social, no fundo, deve pertencer ao poder público.
Indiscutivelmente, ninguém nega isso, mas se estamos na praia, vendo companheiros que se afogam, como recusar cooperação ao serviço de salvamento, quando estamos aptos a nadar?
Não adianta dar migalhas aos irmãos em penúria, cujas necessidades são gigantescas.
Consideremos, porém, que se não começarmos as boas obras, com o pouco de nossas possibilidades reduzidas, nunca aprenderemos a desligar-nos do muito para colaborar a benefício dos outros.
Desaconselhável auxiliar criaturas viciadas com o que apenas conseguiríamos conservá-las em perturbação e desequilíbrio.
Quem de nós poderá medir a própria resistência, ante as provações do caminho e de que modo apreciaríamos a conduta do próximo para conosco, se fôssemos nós os caídos em tentação?
Muitos dos chamados pedintes mostram mais necessidade de trabalho que de auxílio.
Claramente justa a alegação, mas muito raramente quem diz isso demonstra a disposição ou a possibilidade de ser o empregador.
Devemos cogitar exclusivamente do ensino moral, de maneira a cumprir as tarefas de orientação que o Espiritismo nos preceitua.
Sem dúvida, é obrigação nossa colaborar, acima de tudo, a obra educativa do espírito eterno, mas é importante lembrar que o próprio Cristo se empenhou a alimentar a multidão faminta, ao ministrar-lhe as Boas Novas de Salvação, de vez que não há cabeça tranqüila sobre estômago atormentado.
Compreendemos isso e, quanto nos seja possível, entreguemo-nos à escola do amparo fraterno, com todas as nossas forças, reconhecendo que estamos cada vez mais necessitados de caridade, em todos os sentidos, de uns para com os outros, a fim de revelarmos que o Espiritismo é realmente Jesus em ação.


Pelo Espírito Emmanuel
XAVIER, Francisco Cândido. Fonte de Paz. Espíritos Diversos. IDE. Capítulo 5.
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Convite à Ascensão

 

"Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida." (João: capítulo 14º, versículo 6)
Inumeráveis os óbices. Sem conto as dificuldades.
O cardo multiplicado na rota cravando-se aos pés andarilhos; a pedra miúda penetrando pela alparcata protetora; a canícula ardente sobre a cabeça ou a chuva impertinente, prejudicial como circunstâncias impeditivas.
O apelo do alto, no entanto, chegando-te como poema de sol, encanto de paisagem visual a perder-se além do horizonte, ar rarefeito, renovador, abençoado...
Na estreiteza do caminho estão a visão próxima do detalhe nem sempre atraente, a lama e o abismo.
De cima, porém, a grandeza do conjunto harmonioso, em mosaico festivo, concitando-te a maiores cogitações...
No torvelinho agressivo do dia-a-dia é mister crescer na direção da vitória, libertando-te das paixões que coarctam as aspirações elevadas.
Examina, assim, a situação em que te encontras e arregimenta forças a fim de ascenderes.
Cá, na nesga da baixada dos homens, a dor em mil faces, o desespero em polimorfia fisionômica, a desdita em vitória. Mesquinhez abraçada a coisa-nenhuma asfixiando esperanças, esmagando alegrias...
Lá, nas alturas do ideal, a amplitude de vistas e a largueza de realizações...
Concitado ao programa redentor não te detenhas no ultraje dos fracos, nem te fixes na insensatez dos desolados.
Paga o tributo do crescimento a peso de jovial renúncia e cordata submissão, superando detalhes desvaliosos e conjunturas lamentáveis, de modo a alçares o ser e a vida aos cimos espirituais.
Asseverou Jesus ser o caminho, e ensinando como alcançar vitórias legítimas, enquanto conviveu com os homens e lhes sofreu a ingratidão não se permitiu deter com eles, ascendendo do topo de uma cruz, além do solo das paixões, aos cimos da sublimação.
Medita e segue-o, liberando-te da canga dos melindres e cogitações que te retêm no solo pegajoso das baixadas, desde hoje.

FRANCO, Divaldo Pereira. Convites da Vida. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 3.
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11 de janeiro de 2013

Couraça da Caridade

 

"Sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e da caridade." Paulo (I Tessalonicenses, 5:8)
Paulo foi infinitamente sábio quando aconselhou a couraça da caridade aos trabalhadores da luz.
Em favor do êxito desejável na missão de amor a que nos propomos, em companhia do Cristo, antes de tudo é indispensável preservar o coração.
E se não agasalharmos a fonte do sentimento nas vibrações do ardente amor, servidos por uma compreensão elevada nos círculos da experiência santificante em que nos debatemos na arena terrestre, é muito difícil vencer na tarefa que o Senhor nos confia.
A irritação permanente, diante da ignorância, adia as vantagens do ensino benéfico.
A indignação excessiva, perante a fraqueza, extermina os germes frágeis da virtude.
A ira freqüente, no campo da luta, pode multiplicar-nos os inimigos sem qualquer proveito para a obra a que nos devotamos.
A severidade demasiada, à frente de pessoas ainda estranhas aos benefícios da disciplina, faz-se acompanhar de efeitos contraproducentes por escassez de educação do meio em que se manifesta.
Compreendendo, assim, que o cristão se acha num verdadeiro estado de luta, em que, por vezes, somos defrontados por sugestões da irritação intemperante, da indignação inoportuna, da ira injustificada ou da severidade destrutiva, o apóstolo dos gentios receitou-nos a couraça da caridade, por sentinela defensiva dos órgãos centrais de expressão da vida.
É indispensável armar o coração de infinito entendimento fraterno para atender ao ministério em que nos empenhamos.
A convicção e o entusiasmo da fé bastam para começar honrosamente, mas para continuar o serviço, e terminá-lo com êxito, ninguém poderá prescindir da caridade paciente, benigna e invencível.


XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva. Pelo Espírito Emmanuel. FEB. Capítulo 98.
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Agredido

 

Evidentemente sofres agressões. Do íntimo convulsionado, petardos mentais, contínuos, produzem-te desequilíbrios; de fora chegam as investidas da ignorância e da impiedade, que te dilaceram com profundos golpes.
São incontáveis as agressões:
vibrações perniciosas que exteriorizas ou absorves em comércio psíquico, agridem os outros, que revidam, inconscientes; palavras ácidas que proferes ou que te penetram, ferintes, quando enunciadas por outrem na tua direção; atitudes descorteses que assumes ou que têm para contigo e maceram teus sentimentos...
Sim, estás agredido, porque não conseguiste, ainda, a doçura que recolhe a animosidade sem revide, a biliosidade sem azedume, a investida do desequilíbrio sem revolta...
Açodado por fatores intrínsecos que te desarmonizam, não pudeste armazenar forças para o auto-burilamento, que te imunizaria contra as investidas perturbantes.
O espírita é alguém, que, encontrando a explicação dos motivos do sofrimento, penetra-se de luz e paz.
Revida mediante os métodos da confiança ilimitada em Deus, deixando à Vida as respostas mais úteis aos que a desconsideram.
Não toma nas mãos as rédeas da Justiça, armando-se de látego e baraço ou esgrimindo os recursos coarctadores nem os da punição.
Se não concorda com o erro e a criminalidade, não se transforma em julgador, ante age e produz corretamente, reagindo pela atitude positiva e elevada com que expõe a excelência dos conhecimentos que o vitalizam.
O triunfo dos agressores é semelhante a vapor que os vence no auge do êxito, enquanto a vitória dos agredidos é a paz do coração.
Toda aflição, pois, é recurso providencial de que a Vida se utiliza para aproximar-te da Verdade. Não recalcitres, nem sintonizes com aqueles que transitam nas densas faixas do primitivismo e da agressividade.
A vida na Terra por mais longa é sempre breve...
Felizes aqueles que concluem a jornada, quites, em relação aos deveres assumidos, podendo olhar para trás sem amarras nem, dependências de qualquer natureza, livres, após os embates terminados.
Incitado a adensar a massa dos atormentadores-atormentados, recorda Jesus e prossegue manso, sofrendo sem impor desespero a ninguém.
Asseverou-nos Ele, que todo aquele que "ganhar a vida, perdê-la-á", enquanto o que a "perder, tê-la-a ganho".
Assim informado não desfaleças e prossegue, agredido, porém, jamais agressor.

FRANCO, Divaldo Pereira. Celeiro de Bênçãos. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. IDEAL.
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Culto da Oração

 

Quando a aflição te visite o trabalho, desferindo golpes no teu coração ou conduzindo-te às sugestões do mal, recorda-te da oração singela à disposição de todos.
Semelhante a ungüento, não somente cicatriza o peito em chaga aberta, como vitaliza os melhores sonhos perturbados pela nuvem sombria do desespero, devolvendo a esperança e a paz.
Anjo benfazejo, a oração apaga as labaredas do crime, em começo, improvisando recursos de salvação, para que a serenidade retorne, santificante, à direção da consciência.
Não apenas garante a felicidade e a harmonia do lar, como também embeleza todas as realizações começantes, oferecendo estilo novo e coragem, para o êxito total da experiência em que se te aprimoras no estágio do mundo.
Não somente consola e sara mas, também, ilumina o pensamento turbilhonado, restituindo a calma e o tirocínio para desmanchares os cipós enrodilhados nos teus pés, a te reterem na província da angústia incessante.
Celeiro de bênçãos inesgotáveis, ela é a segurança da família, alimento dos filhos e fortaleza dos pais.
Mensageira do Pai Celestial, é a intérprete das tuas aspirações e intercessora dos teus anseios junto aos bem-aventurados.
Vertendo-a do coração, em colóquio confiante, asserenam-se as paixões, purificam-se os sentimentos, estabelecem-se diretrizes, moderam-se as necessidades, robustece-se a fé, eleva-se o padrão de serviço; ela harmoniza, em redor de nossa aprendizagem, os patrimônios da honra, do respeito e da saúde espiritual, favorecendo a extensão das menores tarefas, no campo do auxílio aos sofredores.
Esposando-a, dilatam-se os minutos que se enriquecem e experiências sublimes, fazendo a vida mais nobre e digna.
Na Terra, o cristão é qual oásis fértil na aridez dos sentimentos.
Solicitado por todos e por todos fiscalizado de perto, é como árvore produtora que todos buscam esfaimados, guardando o direito de a apedrejarem e a ferirem.
Recebe, assim, em silêncio, a perseguição gratuita e o punhal invisível da maldade e planta-os na terra abençoada da oração humilde e nobre onde se consomem todos os adversários da luz, vencidos pela misericórdia do Céu.
E, quanto possível, cultiva a prece em tua alma, com devotamento e confiança e, trabalhando sem desfalecimento, faze dela o teu abençoado guia todos os dias e todas as horas, assegurando, imperturbável, a vitória do bem no roteiro da tua vida.

FRANCO, Divaldo Pereira. A Prece Segundo os Espíritos. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL.
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Honras Vãs

 

"Em vão, porém, me honram, ensinando doutrinas que são manda mentos de homens." - Jesus. (MARCOS, capítulo 7, versículo 7.)
A atualidade do Cristianismo oferece-nos lições profundas, relativamente à declaração acima mencionada.
Ninguém duvida do sopro cristão que anima a civilização do Ocidente. Cumpre notar, contudo, que a essência cristã, em seus institutos, não passou de sopro, sem renovações substanciais, porque, logo após o ministério divino do Mestre, vieram os homens e lavraram ordenações e decretos na presunção de honrar o Cristo, semeando, em verdade, separatismo e destruição.
Os últimos séculos estão cheios de figuras notáveis de reis, de religiosos e políticos que se afirmaram defensores do Cristianismo e apóstolos de suas luzes.
Todos eles escreveram ou ensinaram em nome de Jesus.
Os príncipes expediram mandamentos famosos, os clérigos publicaram bulas e compêndios, os administradores organizaram leis célebres. No entanto, em vão procuraram honrar o Salvador, ensinando doutrinas que são caprichos humanos, porqüanto o mundo de agora ainda é campo de batalha das idéias, qual no tempo em que o Cristo veio pessoalmente a nós, apenas com a diferença de que o Farisaísmo, o Templo, o Sinédrio, o Pretório e a Corte de César possuem hoje outros nomes, Importa reconhecer, desse modo, que, sobre o esforço de tantos anos, é necessário renovar a compreensão geral e servir ao Senhor, não segundo os homens, mas de acordo com os seus próprios ensinamentos.


XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28.ed. Brasília: FEB, 2009. Capítulo 37.
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Seara de Ódio

 

- Não! não te quero em meus braços! - dizia a jovem mãe, a quem a Lei do Senhor conferira a doce missão da maternidade, para o filho que lhe desabrochava do seio - não me furtarás a beleza! Significas trabalho, renunciação, sofrimento...
- Mãe, deixa-me viver!... - suplicava-lhe a criancinha no santuário da consciência - estamos juntos! Dá-me a bênção do corpo! Devo lutar e regenerar-me. Sorverei contigo a taça de suor e lágrimas, procurando redimir-me... Completar-nos-emos. Dá-me arrimo, dar-te-ei alegria. Serei o rebento de teu amor, tanto quanto serás para mim a árvore de luz, em cujos ramos tecerei o meu ninho de paz e de esperança ...
- Não, não...
- Não me abandones!
- Expulsar-te-ei.
- Piedade, mãe! Não vês que procedemos de longe, alma com alma, coração a coração?
- Que importa o passado? Vejo em ti tão-somente o intruso, cuja presença não pedi.
- Esqueces-te, mãe, de que Deus nos reúne? Não me cerres a porta!...
- Sou mulher e sou livre. Sufocar-te-ei antes do berço...
- Compadece-te de mim!...
- Não posso. Sou mocidade e prazer, és perturbação e obstáculo.
- Ajuda-me!
- Auxiliar-te seria cortar em minha própria carne. Disputo a minha felicidade e a minha leveza feminil...
-Mãe, ampara-me! Procuro o serviço de minha restauração...
Dia a dia, renovava-se o diálogo sem palavras, até que, quando a criança tentava vir à luz, disse-lhe a mãezinha cega e infortunada, constrangendo-a a beber o fel da frustração:
- Toma à sombra de onde vens! Morre! Morre!
- Mãe, mãe! Não me mates! Protege-me! Deixa-me viver...
- Nunca!
- Socorre-me!
- Não posso.
Duramente repelido, caiu o pobre filho nas trevas da revolta e, no anseio desesperado de preservar o corpo tenro, agarrou-se ao coração dela, que destrambelhou, à maneira de um relógio desconsertado...
Ambos, então, ao invés de continuarem na graça da vida, precipitaram-se no despenhadeiro da morte.
Desprovidos do invólucro carnal, proojetaram-se no Espaço, gritando acusações recíprocas.
Achavam-se, porém, imanados um ao outro, pelas cadeias magnéticas de pesados compromissos, arrastando-se por muito tempo, detestando-se e recriminando-se mutuamente...
A sementeira de crueldade atraíra a seara de ódio. E a seara de ódio lhes impunha nefasto desequilíbrio.
Anos e anos desdobraram-se, sombrios e inquietantes, para os dois, até que, um dia, caridoso Espírito de mulher recordou-se deles em preces de carinho e piedade, como a ofertar-lhes o próprio seio. Ambos responderam, famintos de consolo e renovação, aceitando o generoso abrigo ...
Envolvidos pela carícia maternal, repousaram enfim.
Brando sono pacificou-lhes a mente dolorida.
Todavia, quando despertaram de novo na Terra, traziam o estigma do clamoroso débito em que se haviam reunido, reaparecendo, entre os homens, como duas almas apaixonadas pela carne, disputando o mesmo vaso físico, no triste fenômeno de um corpo único, sustentando duas cabeças.

XAVIER, Francisco Cândido. Contos e Apólogos. Pelo Espírito Irmão X. FEB.
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9 de janeiro de 2013

A Fé Humana e a Divina

 

No homem, a fé é o sentimento inato de seus destinos futuros; é a consciência que ele tem das faculdades imensas depositadas em gérmen no seu íntimo, a princípio em estado latente, e que lhe cumpre fazer que desabrochem e cresçam pela ação da sua vontade.
Até ao presente, a fé não foi compreendida senão pelo lado religioso, porque o Cristo a exalçou como poderosa alavanca e porque o têm considerado apenas como chefe de uma religião. Entretanto, o Cristo, que operou milagres materiais, mostrou, por esses milagres mesmos, o que pode o homem, quando tem fé, isto é, a vontade de querer e a certeza de que essa vontade pode obter satisfação. Também os apóstolos não operaram milagres, seguindo-lhe o exemplo? Ora, que eram esses milagres, senão efeitos naturais, cujas causas os homens de então desconheciam, mas que, hoje, em grande parte se explicam e que pelo estudo do Espiritismo e do Magnetismo se tornarão completamente compreensíveis?
A fé é humana ou divina, conforme o homem aplica suas faculdades à satisfação das necessidades terrenas, ou das suas aspirações celestiais e futuras. O homem de gênio, que se lança à realização de algum grande empreendimento, triunfa, se tem fé, porque sente em si que pode e há de chegar ao fim colimado, certeza que lhe faculta imensa força. O homem de bem que, crente em seu futuro celeste, deseja encher de belas e nobres ações a sua existência, haure na sua fé, na certeza da felicidade que o espera, a força necessária, e ainda aí se operam milagres de caridade, de devotamento e de abnegação. Enfim, com a fé, não há maus pendures que se não chegue a vencer.
O Magnetismo é uma das maiores provas do poder da fé posta em ação. É pela fé que ele cura e produz esses fenômenos singulares, qualificados outrora de milagres.
Repito: a fé é humana e divina. Se todos os encarnados se achassem bem persuadidos da força que em si trazem, e se quisessem pôr a vontade a serviço dessa força, seriam capazes de realizar o a que, até hoje, eles chamaram prodígios e que, no entanto, não passa de um desenvolvimento das faculdades humanas. Um Espírito Protetor. (Paris, l863.)

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB. Livro eletrônico gratuito em http://www.febnet.org.br.
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Quem És?

 

"Há só um Legislador e um Juiz que pode salvar e destruir. Tu, porém, quem és, que julgas a outrem?" - (TIAGO, capítulo 4, versículo 12.)
Deveria existir, por parte do homem, grande cautela em emitir opiniões relativamente à incorreção alheia.
Um parecer inconsciente ou leviano pode gerar desastres muito maiores que o erro dos outros, convertido em objeto de exame.
Naturalmente existem determinadas responsabilidades que exigem observações acuradas e pacientes daqueles a quem foram conferidas. Um administrador necessita analisar os elementos de composição humana que lhe integram a máquina de serviços. Um magistrado, pago pelas economias do povo, é obrigado a examinar os problemas da paz ou da saúde sociais, deliberando com serenidade e justiça na defesa do bem coletivo. Entretanto, importa compreender que homens, como esses, entendendo a extensão e a delicadeza dos seus encargos espirituais, muito sofrem, quando compelidos ao serviço de regeneração das peças vivas, desviadas ou enfermiças, en caminhadas à sua responsabilidade.
Na estrada comum, no entanto, verifica-se grande excesso de pessoas viciadas na precipitação e na leviandade.
Cremos seja útil a cada discípulo, quando assediado pelas considerações insensatas, lembrar o papel exato que está representando no campo da vida presente, interrogando a si próprio, antes de responder às indagações tentadoras: "Será este assunto de meu interesse? Quem sou? Estarei, de fato, em condições de julgar alguém?"


XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28.ed. Brasília: FEB, 2009. Capítulo 46.
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A Intervenção na Memória

 

Instrutor, rogo-lhe providências na solução do caso Jonas. Recolhemos agora um recado de nossos irmãos, cientificando-nos de que a reencarnação dele talvez seja frustrada em definitivo.(*)
Pela primeira vez, notei que o dirigente da Mansão mostrou intensa preocupação no olhar. Patenteando enorme surpresa, indagou do emissário:
- Em que consiste o obstáculo?
- Cecina, a futura mãezinha, sentindo-lhe os fluidos grosseiros, nega-se a recebê-lo. Estamos presenciando a quarta tentativa de aborto, no terceiro mês de gestação, e vimos fazendo o que é possível por mantê-la na dignidade maternal .
Druso esboçou no semblante um sinal de serena firmeza e acentuou:
- É inútil. A jovem mãe aceitá-lo-á, segundo os compromissos dela própria. Além disso, precisamos da internação de Jonas, no corpo físico, pelo menos durante sete anos terrestres. Tragam Cecina até aqui, ainda hoje, logo se entregue ao sono natural, para que possamos auxiliá-la com a necessária intervenção magnética .
Outros elementos de serviço vinham chegando e, faminto de esclarecimentos, qual me achava, procurei um recanto próximo, em companhia do assistente Silas, a quem crivei de indagações em tom discreto, de modo a não perturbar o recinto.
Quem eram aqueles funcionários? Seria justo que o diretor da casa fosse molestado, assim, com tantas consultas, quando os trabalhos de administração poderiam ser compreensivelmente subdivididos?
O amigo deu-se pressa em elucidar-me, informando que os mensageiros não eram simples tarefeiros, mas condutores de serviço em subchefias determinadas, todos eles assistentes e assessores, cultos e dignos, com enormes responsabilidades, e que somente demandavam a presença de Druso depois de movimentarem todas as providências cabíveis no âmbito da autoridade a eles inerente. O problema não era, pois, de centralização, mas de luta intensiva.
- E aquele caso de reencarnação pendente? - ousei perguntar, respeitoso. - A casa podia opinar com segurança na solução de semelhante assunto?
O interpelado sorriu, benevolente, e respondeu:
- Para que me faça compreendido, convém esclarecer que, se existem reencarnações ligadas aos planos superiores, temos aquelas que se enraízam diretamente nos planos inferiores. Se a penitenciária vigora entre os homens, em função da criminalidade corrente no mundo, o inferno existe, na Espiritualidade, em função da culpa nas consciências. E assim como já podemos contar na esfera carnal com uma justiça sinceramente interessada em auxiliar os delinqüentes na recuperação, através do livramento condicional e das prisões-escolas, organizadas pelas próprias autoridades que dirigem os tribunais humanos em nome das leis, aqui também os representantes do Amor Divino podem mobilizar recursos de misericórdia, beneficiando Espíritos devedores, desde que se mostrem dignos do socorro que lhes abrevie o resgate e a regeneração.
- Quer dizer - exclamei - que, em boa lógica terrena, e utilizando-me de uma linguagem de que usaria um homem na experiência física, há reencarnações em perfeita conexão com os planos infernais ...
- Sim. Como não? Valem como preciosas oportunidades de libertação dos círculos tenebrosos. E como tais renascimentos na carne não possuem senão característicos de trabalho expiatório, em muitas ocasiões são empreendimentos planejados e executados daqui mesmo, por benfeitores credenciados para agir e ajudar em nome do Senhor.
- E, nesses casos - aduzi -, o instrutor Druso dispõe da necessária delegação de competência para resolver os problemas dessa espécie?
- Nosso dirigente - falou o amigo prestimoso -, como é razoável, não goza de faculdades ilimitadas e esta instituição é suficientemente ampla para absorver-lhe os maiores cuidados. Entretanto, nos processos reencarnatórios, funciona como autoridade intermediária.
- De que modo?
- Duas vezes por semana reunimo-nos no cenáculo da Mansão e os mensageiros da luz, por instrumentos adequados, deliberam quanto ao assunto, apreciando os processos que a nossa casa lhes apresenta.
- Mensageiros da luz?
- Sim, são prepostos das Inteligências angélicas que não perdem de vista as plagas infernais, porque, ainda que os gênios da sombra não o admitam, as forças do Céu velam pelo inferno que, a rigor, existe para controlar o trabalho regenerativo na Terra.
E, sorrindo:
- Assim como o doente exige remédio, reclamamos a purgação espiritual, a fim de que nos habilitemos para a vida nas esferas superiores. O inferno para a alma que o erigiu em si mesma é aquilo que a forja constitui para o metal: ali ele se apura e se modela convenientemente ...
(*) Nota - Solicitação feita ao instrutor Druso, diretor da Mansão da Paz - escola de reajuste - destinada a receber Espíritos infelizes ou enfermos, decididos a trabalhar pela própria regeneração.

XAVIER, Francisco Cândido. Ação e Reação. Pelo Espírito André Luiz. FEB.
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Os Falsos Profetas

 

Se vos disserem: "O Cristo esta? aqui", na?o vades; ao contra?rio, tende-vos em guarda, porquanto numerosos sera?o os falsos profetas. Na?o vedes que as folhas da figueira comec?am a branquear; na?o vedes os seus mu?ltiplos rebentos aguardando a e?poca da florac?a?o; e na?o vos disse o Cristo: Conhece-se a a?rvore pelo fruto? Se, pois, sa?o amargos os frutos, ja? sabeis que ma? e? a a?rvore; se, pore?m, sa?o doces e sauda?veis, direis: "Nada que seja puro pode provir de fonte ma?."
E? assim, meus irma?os, que deveis julgar; sa?o as obras que deveis examinar. Se os que se dizem investidos de poder divino revelam sinais de uma missa?o de natureza elevada, isto e?, se possuem no mais alto grau as virtudes crista?s e eternas: a caridade, o amor, a indulge?ncia, a bondade que concilia os corac?o?es; se, em apoio das palavras, apresentam os atos, podereis enta?o dizer: Estes sa?o realmente enviados de Deus.
Desconfiai, pore?m, das palavras meli?fluas, desconfiai dos escribas e dos fariseus que oram nas prac?as pu?blicas, vestidos de longas tu?nicas. Desconfiai dos que pretendem ter o monopo?lio da verdade!
Na?o, na?o, o Cristo na?o esta? entre esses, porquanto os que ele envia para propagar a sua santa doutrina e regenerar o seu povo sera?o, acima de tudo, seguindo-lhe o exemplo, brandos e humildes de corac?a?o; os que hajam, com os exemplos e conselhos que prodigalizem, de salvar a humanidade, que corre para a perdic?a?o e pervaga por caminhos tortuosos, sera?o essencialmente modestos e humildes. De tudo o que revele um a?tomo de orgulho, fugi, como de uma lepra contagiosa, que corrompe tudo em que toca. Lembrai-vos de que cada criatura traz na fronte, mas principalmente nos atos, o cunho da sua grandeza ou da sua inferioridade.
Ide, portanto, meus filhos bem-amados, caminhai sem tergiversac?o?es, sem pensamentos ocultos, na rota bendita que tomastes. Ide, ide sempre, sem temor; afastai, cuidadosamente, tudo o que vos possa entravar a marcha para o objetivo eterno. Viajores, so? por pouco tempo mais estareis nas trevas e nas dores da provac?a?o, se abrirdes o vosso corac?a?o a essa suave doutrina que vos vem revelar as leis eternas e satisfazer a todas as aspirac?o?es de vossa alma acerca do desconhecido. Ja? podeis dar corpo a esses silfos ligeiros que vedes passar nos vossos sonhos e que, efe?meros, apenas vos encantavam o espi?rito, sem coisa alguma dizerem ao vosso corac?a?o. Agora, meus amados, a morte desapareceu, dando lugar ao anjo radioso que conheceis, o anjo do novo encontro e da reunia?o! Agora, vo?s que bem desempenhado haveis a tarefa que o Criador confia a?s suas criaturas, nada mais tendes de temer da sua justic?a, pois ele e? pai e perdoa sempre aos filhos transviados que clamam por miserico?rdia. Continuai, portanto, avanc?ai incessantemente. Seja vossa divisa a do progresso, do progresso conti?nuo em todas as coisas, ate? que, finalmente, chegueis ao termo feliz da jornada, onde vos esperam todos os que vos precederam. - Lui?s. (Borde?us, 1861.)

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB. Capítulo 21. Item 8.
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6 de janeiro de 2013

Tenhamos Fé

 

"...vou preparar-vos lugar." Jesus (João, 14:2)
Sabia o Mestre que, até à construção do Reino Divino na Terra, quantos o acompanhassem viveriam na condição de desajustados, trabalhando no progresso de todas as criaturas, todavia, "sem lugar" adequado aos sublimes ideais que entesouram.
Efetivamente, o cristão leal, em toda parte, raramente recebe o respeito que lhe é devido:
Por destoar, quase sempre, da coletividade, ainda não completamente cristianizada, sofre a descaridosa opinião de muitos.
Se exercita a humildade, é tido à conta de covarde.
Se adota a vida simples, é acusado pelo delito de relaxamento.
Se busca ser bondoso, é categorizado por tolo.
Se administra dignamente, é julgado orgulhoso.
Se obedece quanto é justo, é considerado servil.
Se usa a tolerância, é visto por incompetente.
Se mobiliza a energia, é conhecido por cruel.
Se trabalha, devotado, é interpretado por vaidoso.
Se procura melhorar-se, assumindo responsabilidades no esforço intensivo das boas obras ou das preleções consoladoras, é indicado por fingido.
Se tenta ajudar ao próximo, abeirando-se da multidão, com os seus gestos de bondade espontânea, muitas vezes é tachado de personalista e oportunista, atento aos interesses próprios.
Apesar de semelhantes conflitos, porém, prossigamos agindo e servindo, em nome do Senhor.
Reconhecendo que o domicílio de seus seguidores não se ergue sobre o chão do mundo, prometeu Jesus que lhes prepararia lugar na vida mais alta.
Continuemos, pois, trabalhando com duplicado fervor na sementeira do bem, à maneira de servidores provisoriamente distanciados do verdadeiro raro "Há muitas moradas na Casa do Pai."
E o Cristo segue servindo, adiante de nós.
Tenhamos fé.


XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva. Pelo Espírito Emmanuel. FEB. Capítulo 44.
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Espiritismo no Evangelho

 

Espiritismo no Evangelho é vida
Que se desdobra promissora e pura,
Resplandecendo além da sepultura,
Vencendo a grande noite indefinida...
É luz que brilha em áspera subida,
Alvorada extinguindo a noite escura,
Pão que alimenta toda criatura,
Refúgio certo da alma consumida.
É fé viva que, lúcida, se expande,
Dadivosa, sublime, excelsa e grande,
Em celeste e divina sementeira!...
O Espiritismo no Evangelho alcança
O reinado do Amor e da Esperança
Pela fraternidade à Terra inteira...


Pelo Espírito João de Deus
XAVIER, Francisco Cândido. Fonte de Paz. Espíritos Diversos. IDE. Capítulo 4.
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Auxiliar

 

Para quem deseja
realmente auxiliar
a Divina Providência
revela os meios
de fazê-lo,
com base na consciência
tranqüila.


XAVIER, Francisco Cândido. Recados do Além. Pelo Espírito Emmanuel. IDEAL. Capítulo 14.
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5 de janeiro de 2013

Pensamentos

 

Deus é nosso Pai.
Somos irmãos uns dos outros.
Jesus é o Divino Mestre que Deus nos enviou.
A oração é o meio imediato de nossa comunhão com o Pai Celestial.
Nossos melhores pensamentos procedem da inspiração do Alto.
A presença de Deus pode ser facilmente observada na bondade permanente e na inteligência silenciosa da Natureza que nos cerca.
Devemos amar-nos uns aos outros.
A voz divina pode ser reconhecida nos bons conselhos.
Sempre que ajudarmos, seremos ajudados.
Em nossa terna Mãezinha,
Cheia de santa afeição,
Sentimos que Deus nos fala
No fundo do coração.

XAVIER, Francisco Cândido. Pai Nosso. Pelo Espírito Meimei. FEB.
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Pregações

 

"E ele lhes disse: Vamos às aldeias vizinhas para que eu ali também pregue; porque para isso vim. - (MARCOS, capítulo 1, versículo 38.)
Neste versículo de Marcos, Jesus declara ter vindo ao mundo para a pregação. Todavia, como a significação do conceito tem sido erroneamente in terpretada, é razoável recordar que, com semelhante assertiva, o Mestre incluía no ato de pregar todos os gestos sacrificiais de sua vida.
Geralmente, vemos na Terra a missão de ensinar muito desmoralizada.
A ciência oficial dispõe de cátedras, a política possui tribunas, a religião fala de púlpitos.
Contudo, os que ensinam, com exceções louváveis, quase sempre se caracterizam por dois modos diferentes de agir. Exibem certas atitudes quando pregam, e adotam outras quando em atividade diária. Daí resulta a perturbação geral, porque os ouvintes se sentem à vontade para mudar a "roupa do caráter".
Toda dissertação moldada no bem é útil. Jesus veio ao mundo para isso, pregou a verdade em todos os lugares, fez discursos de renovação, comentou a necessidade do amor para a solução de nossos problemas. No entanto, misturou palavras e testemunhos vivos, desde a primeira manifestação de seu apostolado sublime até a cruz. Por pregação, portanto, o Mestre entendia igualmente os sacrifícios da vida. Enviando-nos divino ensinamento, nesse sentido, conta-nos o Evangelho que o Mestre vestia uma túnica sem costura na hora suprema do Calvário.


XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28.ed. Brasília: FEB, 2009. Capítulo 38.
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