29 de dezembro de 2011

Na Forja da Vida


"Entrai pela porta estreita porque
larga é a porta da perdição e espaçoso
o caminho que a ela conduz e muitos
são os que entram por ela."
(JESUS, Mateus, 7:13). "Larga é a porta da perdição porque
são numerosas as paixões más e porque
o maior número envereda pelo caminho
do mal."
(Alan Kardec. E.S.E, Cap. XVIII, 5)
Trazes contigo a flama do ideal superior e anelas concretizar os grandes sonhos de que te nutres, mas, diante da realidade terrestre, costumas dizer que a dificuldade é invencível.
Afirmas haver encontrado incompreensões e revezes, entraves e dissabores, por toda a parte, no entanto...
O pão que consomes é o resumo de numerosas obrigações que começaram no cultivo do solo; a vestimenta que te agasalha é o remate de longas tarefas iniciadas de longe com o preparo do fio; o lar que te acolhe foi argamassado com o suor dos que se uniram ao levantá-lo; a escola que te revela a cultura guarda a renunciação de quantos se consagram ao ministério do ensino; o livro que te instrui custou a vigília dos que sofreram para fixar, em caracteres humanos, o clarão das idéias nobres; a oficina que te assegura a subsistência encerra o concurso dos ceareiros do bem, a favor do progresso; o remédio que te alivia é o produto das atividades conjugadas de muita gente.
Animais que te auxiliam, fontes que te refrigeram, vegetais que te abençoam e objetos que te atendem, submetem-se a constantes adaptações e readaptações para que te possam servir.
Se aspiras, desse modo, à realização do teu alto destino, não desdenhes lutar, a fim de obtê-lo.
Na forja da vida, nada se faz sem trabalho e nada se consegue de bom sem apoio no próprio sacrifício.
Se queres, na sombra do vale, exaltar o tope do monte, basta contemplar-lhe a grandeza, mas se te dispões a comungar-lhe o fulgor solar na beleza do cimo, será preciso usar a cabeça que carregas nos ombros, sentir com a própria alma, mover os pés em que te susténs e agir com as próprias mãos.
* * *
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Livro da Esperança.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.

28 de dezembro de 2011

Lembranças


mundo em que vivemos é propriedade de Deus.
Devemos agradecer as bênçãos de Nosso Pai Celestial, todos os dias.
O coração agradecido ao Senhor espalha a bondade e a alegria em seu nome.
Jesus rendia graças a Deus, auxiliando o próximo.
A Natureza diariamente glorifica a Divina Bondade, na luz do Sol, na suavidade do vento, no canto das aves e no perfume das flores.
Quem ajuda às plantas e aos animais revela respeito e carinho na Criação de Nosso Pai Celestial.
Devo ser bom para com todos, porque Deus tem sido infinitamente bom para comigo, em todas as ocasiões.
Quem trabalha com alegria mostra reconhecimento ao Céu.
Cooperando de boa-vontade com os outros, estaremos servindo a Deus.
* * *
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Pai Nosso.
Ditado pelo Espírito Meimei.

27 de dezembro de 2011

Transformação Íntima


Tendências viciosas como impulsos para a virtude procedem, sim, do Espírito, agente determinante do comportamento humano.
Não podendo a organização celular definir estados psicológicos e emocionais, estes obedecem às impressões espirituais de que se encharcam, exteriorizando-se como fatores propelentes para uma ou outra atitude.
Destituída de espontaneidade, exceto dos fenômenos que lhe são inerentes, graças aos automatismos atávicos, a matéria orgânica é resultado das aquisições eternas do Espírito que dela se veste para as experiências da evolução.
A hereditariedade vigente nos mapas dos genes e dos cromossomos encarrega-se de transmitir inúmeros caracteres morfológicos, fisiológicos, sem exercer preponderância fundamental nos arcabouços psicológicos e morais, que pertencem ao ser espiritual, modelador das necessidades inerentes ao progresso e fomentador dos recursos que se lhe fazem indispensáveis a esse processo de crescimento a que se destina.
Descartar-se o valor dos implementos espirituais nos fenômenos comportamentais do homem, é uma tentativa de reduzi-lo a um amontoado de tecidos frágeis que o acaso organiza e desmantela ao próprio talante.
A vida pessoal escreve nas experiências de cada ser as diretrizes para as suas conquistas futuras.
Vícios e delitos ignóbeis, virtudes sacrificiais e abnegação, pertencem à alma que os externa nos momentos hábeis conforme o seu estágio evolutivo.
*
Vicente de Paulo e Francisco de Sales, fascinados pelo amor aos infelizes, liberaram as altas forças que lhes jaziam inatas, a serviço da caridade e da dedicação sem limite.
Ana Nery e Eunice Weaver, sensibilizadas pelo sofrimento humano, esqueceram-se de si mesmas e dedicaram-se, a primeira, aos combatentes feridos, e a segunda, à salvação dos filhos sadios dos hansenianos.
Eichmann e inúmeros carrascos nazistas acariciavam, comovidos, os filhinhos, após enviarem, cada dia, milhares de outras crianças e adultos aos fornos crematórios em inúmeros lugares dos países subjugados.
Tamerlão incendiava as cidades conquistadas, após degolar os sobreviventes, para depois dormir tranqüilo ao lado daqueles a quem amava.
Homens e mulheres virtuosos, sempre revelaram o alto grau de amor que lhes jazia em latência, da mesma forma que sicários e criminosos sanguissedentos deixaram transparecer a crueldade assassina desde os primeiros anos de infância...
As exceções demonstram o poder da vontade, que é manifestação do Espírito, quando acionada, propelindo para uma ou para outra atitude.
*
O hábito vicioso arraigado remanesce, impondo de uma para outra reencarnação suas características, assim impelindo o homem para manter a sua continuidade.
Da mesma forma, os salutares esforços no bem e na virtude ressumam dos refolhos da alma, e conduzem vitoriosos aos labores de edificação.
Toda ação atual, portanto, tem as suas matrizes em outras que as precedem, impressas nos arquivos profundos do ser.
*
Estás, na Terra, com a finalidade de abrir sepulturas para os vícios e dar asas às virtudes.
Substituindo o mau pelo bom hábito, o equivocado pelo correto labor, corrigirás a inclinação moral negativa, criando condicionamentos sadios que se apresentarão como virtudes a felicitar-te a vida.
Teus vícios de hoje, transforma-os, no teu mundo íntimo, em virtudes para amanhã ao teu alcance desde agora.
Libera-te pois, com esforço e valor moral, do mau gênio que permanece dominador, das paixões perturbadoras que te inquietam, e renova-te para o bem, pelo bem que flui do Eterno Bem.
* * *
Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Vigilância.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.

26 de dezembro de 2011

Rogativas


 oração, pede você um raio de luz, esquecendo, quase sempre, que tem ao seu dispor o Foco Solar para você cumprir os Sublimes Desígnios.

*
Seu espírito suplica uma réstia de amor e, em torno, a Humanidade aguarda a manifestação da sua capacidade de amar.
*
Roga você a concessão de encargos que o habilitem a colaborar com a Sabedoria Divina e olvida que milhões de seres estão à espera de sua disposição de servir, em nome do Pai Celestial.
*
Seu coração reclama sinais do céu, e, enquanto o Sábio dos Sábios manda colorir flores e horizontes para seus olhos, você procura vãos entretenimentos e nada vê.
*
Você exige justiça para seus casos pessoais e diariamente complica situações e problemas, sem reparar que a Harmonia Suprema retifica sempre, ao redor de seus pés, por intermédio da dor e da morte.
*
Você deseja oportunidades de crescimento e ascensão na espiritualidade superior, mas freqüentemente foge aos degraus do esforço laborioso e humilde de cada dia, concedidos a você pela Infinita Bondade, a título de misericórdia.
*
Se está sempre rogando felicidade eterna, recusando os recursos para adquiri-la, que espera você para o caminho?
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Agenda Cristã. Ditado pelo Espírito André Luiz. .
* * * Estude Kardec * * *
__._,_.___

24 de dezembro de 2011


Mensagem Feliz Natal Amigo!


FELIZ NATAL

Pra vocês, Amigos,
Que fizeram do sol seu guia,
De cada manhã um lindo dia
De cada noite uma canção!

FELIZ NATAL
Pra vocês, que fizeram da Estrela D`alva
Seus caminhos:
Deram comida aos passarinhos
E repartiram com o homem seu pão!

FELIZ NATAL
Pra vocês, que tiveram um gesto amigo:
Um papo, um alento e deram abrigo
E estenderam suas mãos!

FELIZ NATAL
Pra vocês, que fizeram da dor a esperança;
Que fizeram sorrir uma criança
E que amaram de coração!

FELIZ NATAL
Pra vocês, que viveram a pobreza a fundo
Nas manjedouras do mundo
E não deixaram o tempo ir em vão!

FELIZ NATAL
Pra vocês, que são amigos, e pra vocês,
que ao inimigo presentearam com
Seu perdão!

FELIZ NATAL
Pra vocês, Amigos que sentem!
Pra vocês, Amigos que são Gente!

 

23 de dezembro de 2011

Passado


Não mobilizes a memória
em caminhos percorridos.
O passado pode e deve ser
consultado
a fim de clarear
as diretrizes do presente.
Um momento de indagação,
porém, não significa
inércia no tempo.
Ninguém estabelece
o próprio lar,
por dentro de um museu.
*  *  *
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caminhos.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.

21 de dezembro de 2011

Algo Mais no Natal



Senhor Jesus!

Diante do Natal, que te lembra a glória na manjedoura, nós te agradecemos:
a música da oração;
o regozijo da fé;
a mensagem de amor;
a alegria do lar;
o apelo a fraternidade;
o júbilo da esperança;
a bênção do trabalho;
a confiança no bem;
o tesouro da tua paz;
a palavra da Boa Nova;
e a confiança no futuro!...
Entretanto, oh! Divino Mestre, de corações voltados para o teu coração, nós te suplicamos algo mais! ...
Concede-nos,Senhor, o dom inefável da humildade para que tenhamos a precisa coragem de seguir-te os exemplos!
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Luz do Coração. Ditado pelo Espírito Emmanuel.

20 de dezembro de 2011

Enquanto...


Busque agir para o bem, enquanto você dispõe de tempo. É perigoso guardar uma cabeça cheia de sonhos, com as mãos desocupadas.
*
Acenda sua lâmpada, enquanto há claridade em torno de seus passos. Viajor algum fugirá às surpresas da noite.
*
Ajude o próximo, enquanto as possibilidades permanecem de seu lado. Chegará o momento em que você não prescindirá do auxílio dele.
*
Utilize o corpo físico para recolher as bênçãos da vida Mais Alta, enquanto suas peças se ajustam harmoniosamente. O vaso que reteve essências sublimes ainda espalha perfume, depois de abandonado.
*
Dê suas lições sensatamente, na escola da vida, enquanto o livro das provas repousa em suas mãos. Aprender é uma bênção e há milhares de irmãos, não longe de você, aguardando uma bolsa de estudos na reencarnação.
*
Acerte suas contas com o vizinho, enquanto a hora é favorável. Amanhã, todos os quadros podem surgir transformados.
*
Ninguém deve ser o profeta da morte e nem imitar a coruja agourenta. Mas, enquanto você guardar oportunidade de amealhar recursos superiores para a vida espiritual, aumente os seus valores próprios e organize tesouros da alma, convicto de que sua viagem para outro gênero de existência é inevitável.
* * *
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Agenda Cristã.
Ditado pelo Espírito André Luiz.

19 de dezembro de 2011

Perante os Fatos Momentosos


Vede que ninguém dê a outrem mal por mal,
mas segui sempre o bem, tanto uns para com
os outros, como para com todos.
Paulo. (I TESSALONICENSES, 5:15.)
Em tempo algum empolgar-se por emoções desordenadas ante ocorrências que apaixonem a opinião pública, como, por exemplo, delitos, catástrofes, epidemias, fenômenos geológicos e outros quaisquer.Acalmar-se é acalmar os outros.
Nas conversações e nos comentários acerca de notícias terrificantes, abster-se de sensacionalismo.
A caridade emudece o verbo em desvario.
Guardar atitude ponderada, à face de acontecimentos considerados escandalosos, justapondo a influência do bem ao assédio do mal.
A palavra cruel aumenta a força do crime.
Resguardar-se no abrigo da prece em todos os transes aflitivos da existência. As provações gravitam na esfera da Justiça Divina.
Aceitar nas maiores como nas menores decepções da vida humana, por mais estranhas ou desconcertantes que sejam, a manifestação dos Desígnios Superiores atuando em favor do aprimoramento espiritual.
Deus não erra.
Ainda mesmo com sacrifício, entre acidentes inesperados que lhe firam as esperanças, jamais desistir da construção do bem que lhe cumpre realizar.
Cada Espírito possui conta própria na Justiça Perfeita.
* * *
Vieira, Waldo. Da obra: Conduta Espírita.
Ditado pelo Espírito André Luiz.

18 de dezembro de 2011

Convite à Perseverança


"...Mas quem perseverar até o
fim, esse será salvo."
(Mateus: 10-22).
Não asseveres: "é-me impossível fazer!"
Nem redargas: "Não consigo!"
Nunca informes: "sei que é totalmente inútil aceitar."
Nem retruques: "é maior do que as minhas forças."
Para aquele que crê, o impossível é tarefa que somente demora um pouco para ser realizada, já que o possível se pode realizar imediatamente.
Instado a ajudar não te permitas condições, especialmente se fruis o tesouro da possibilidade.
Fácil ser delicado sem esforço, ser amigo sem sacrifício, ser cristão sem auto-doação...
Perseverança nos objetivos elevados, com oferenda de amor, é materialização de fé superior.
Para que seja atuante, a fé deve nutrir-se do poder dos esforços caldeados para as finalidades que parecem inatingíveis.
Todos podem iniciar ministérios...
Tarefas começantes produzem entusiasmos exaltados.
Mede-se, porém, o verdadeiro cristão e, particularmente, o espírita pelo investimento que coloca na bolsa de valores imortalistas a render juros de paz...
Unge-se, portanto, de fé e deixa que resplandeça a tua fidelidade ao lado de quem padece.
Não fosse o sofrimento, ninguém suplicaria socorro.
Não fosse a angústia ninguém se encorajaria a romper os tecidos da alma para exibir exulcerações...
Ninguém se compraz carregando demorada canga, não obstante, confiando em alívio, lenitivo...
Nas cogitações que te cheguem ao plano da razão, interroga como gostarias que fizessem contigo se foras o outro, o sofredor, o necessitado que ora te roga ajuda.
Assim, envolve-te na lã do "Cordeiro de Deus" e persevera ajudando.
Não somente dando o que te sobra mas aquela doação maior que te parece difícil, a quase impossível...
A perseverança dar-te-á paz e plenitude. Insiste na sua execução.
* * *
Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Convites da Vida.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.

16 de dezembro de 2011

Temas de Esperança


Quem goste de pessimismo, e se queixe de solidão, observe se alguém estima repousar no espinheiro.
*
Pense que se não houvesses nascido para melhorar o ambiente em que vives, estarias decerto em Planos Superiores.
*
Com a lamentação é possível deprimir os que mais nos ajudam.
*
Se pretendes auxiliar a alguém, começa mostrando alegria.
*
A conversa triste com os tristes, deixam os tristes muito mais tristes.
*
Quem disser que Deus desanimou de amparar a Humanidade, medite na beleza do Sol, em cada alvorecer.
*
Se tiveres de chorar por algum motivo que consideres justo, chora trabalhando, para o bem, para que as lágrimas não se te façam inúteis.
*
Nos dias de provação, efetivamente, não seriam razoáveis quaisquer espetáculos de bom humor, entretanto, o bom ânimo e a esperança são luzes e bênçãos em qualquer lugar.
*
Guarda a lição do passado, mas não percas tempo lastimando aquilo que o tempo não pode restituir.
*
Quando estiveres à beira do desalento pergunta a ti mesmo se estás num mundo em construção ou se estás numa colônia de férias.
*
Deus permitiu a existência das quedas d’água para aprendermos quanta força de trabalho e renovação podemos extrair de nossas próprias quedas.
*
Não sofras pensando nos defeitos alheios; os outros são espíritos, quais nós mesmos, em preparação ou tratamento para a Vida Maior.
*
Se procuras a paz, não critiques e sim ajuda sempre.
*
Indica a pessoa que teria construido algo de bom, sem suor e sofrimento.
*
Toda irritação é um estorvo no trabalho.
*
Deixa um traço de alegria onde passes e a tua alegria será sempre acrescentada mais à frente.
*
Quem furta a esperança, cria a doença.
*
O sorriso é sempre uma luz em tua porta.
* * *
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Companheiro.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.

15 de dezembro de 2011

Oração por Entendimento


Senhor Jesus!Auxilia-nos a compreender mais, a fim de que possamos servir melhor, já que, somente assim, as bênçãos que nos concedes podem fluir, através de nós, em nosso apoio e em favor de todos aqueles que nos compartilham a existência.
Induze-nos à prática do entendimento que nos fará observar os valores que, porventura, conquistemos, não na condição de propriedade nossa e sim por manancial de recursos que nos compete mobilizar no amparo de quantos ainda não obtiveram as vantagens que os felicitam a vida.
E ajuda-nos, oh! Divino Mestre, a converter as oportunidades de tempo e trabalho com que nos honraste em serviço aos semelhantes, especialmente na doação de nós mesmos, naquilo que sejamos ou naquilo que possamos dispor, de maneira a sermos hoje melhores do que ontem, permanecendo em ti, tanto quanto permaneces em nós, agora e sempre.
Assim seja.
* * *
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Paciência.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.

12 de dezembro de 2011

Pense e Fale no Bem



A calúnia pesava agora sobre o casal sem filhos.
O esposo, ciumento, sofria a pressão de cartas anônimas e, na oficina em que trabalhava, um que outro
companheiro deitava murmurações, a envenená-lo pelos ouvidos:
— Ela é máscara simplesmente.
— Não merece respeito.
— Eu a vi numa casa de perversão.
— Fuja dessa mulher.
Nesse dia, o marido sugestionável veio a saber, por um colega maledicente, que um homem conversava em
grande intimidade com ela à porta dos fundos.
Armou-se o infeliz, deixou o serviço e correu a vê-la, e, porque não a encontrasse de pronto, em casa, saiu à
rua, de ânimo azedo.
Por duas horas, que lhe pareceram longo tempo de agonia moral, procurou-a, através de ruas e praças,
mentalizando quadros de estarrecer.
Suarento e dementado, voltou ao recanto doméstico. Notando sinais de que ela voltara, entrou de manso, pé
ante pé...
Junto à porta cerrada do aposento, estacou e ouviu, surpreso, a voz da esposa, a repetir várias vezes: “meu
amor”, “meu carinho”, “que alegria de ver-te”, “até que enfim estamos juntos”.
Furioso e irresponsável, o operário saca do revólver, vara a porta e, sem um segundo de meditação,
descarrega a arma sobre o leito.
Só depois, tarde, porém, veio a saber de tudo. A senhora, que em secreto distribuía a caridade, havia saído
com seu velho tio e ganhara um cachorrinho, ao qual afagava, enternecida...
*
Sempre que os seus ouvidos forem chamados a notar supostos defeitos ou faltas dessa ou daquela
pessoa, pense e fale no bem, na certeza de que o mal, seja ele qual for, não é digno de atenção, nem traz
proveito algum.

9 de dezembro de 2011

No Mourão da Antiga Cerca



O crânio de boi estava enganchado no mourão da antiga cerca.
Feio. Sujo. Ressequido.
Um chifre fraturado. Outro chifre a retorcer-se.
O viajante aproximou-se, curioso e cismarento, censurando o mau gosto de quem colocara ali semelhante
espantalho.
— Caveira de boi! Que coisa lúgubre! — monologou.
E adiantou-se com o propósito de atirá-lo a distância, quando despontou de uma das órbitas vazias a cabeça
pequenina de um filhote de sabiá, assustadiço, pipilando, pipilando...
Admirado, o visitante inspecionou o outro lado da caixa de ossos e descobriu, ainda mais surpreso, que no
recôncavo havia mimoso ninho, habitado por outros gárrulos filhotes.
Enternecido, recordou a orquestra dos sabiás que o despertavam no verão, e exclamou em voz alta:
— Ora vejam! Deus situou aqui o lar dos meus pequenos companheiros!
E, respeitando o estranho abrigo, seguiu caminho a fora...
*
Ainda mesmo nos aspectos mais desconcertantes da Natureza, a vida revela sabedoria.
Em razão disso, aprendamos a dignificar o patrimônio terrestre, enaltecendo em sentimentos e ideais, atos e
palavras, o lado melhor de todas as coisas e de todos os seres, sem abatimento e sem pessimismo, pois a
Glória Divina, em toda parte, deita raízes na Infinita Beleza e levanta-se, magnífica, nos pedestais do
Infinito Amor.

Waldo Vieira -  Valérium

7 de dezembro de 2011

Aparências



Esse senhor vive com aparência impecável.
Cabelos penteados.
Barba feita.
Roupa distinta.
Sapatos lustrosos.
Dinheiro no bolso.
Depósitos bancários.
Estômago saciado.
Vastos conhecimentos.
Residência confortável.
Família constituída.
Ótima situação social.
Aparentemente, mostra ter tudo para ser feliz.
Mas não é.
Ele é portador de uma fístula em forma de chaga oculta a doer continuamente.
*
Esse é o retrato do homem comum.
Aparentemente, mostra ter tudo para ser feliz.
Mas não é.
Traz a fístula invisível da angústia em forma de chaga mental, entre a dúvida e o desespero a fustigar-lhe o
espírito continuamente. É um enfermo difícil.
E pouco lhe adianta a boa aparência, com a alma atribulada.
Mudem-se regimes políticos, alterem-se as condições de existência, conquistem-se novos planetas da
Imensidade, transformem-se os estados de conforto passageiro... Ainda assim, a renovação exterior nada
vale se a alma, em si, usando as ferramentas da vontade, não se dispõe a melhorar a si mesma.
*
Medite essa verdade e atenda à própria transformação moral para o bem, desde os mínimos atos de cada dia,
para que a insaciedade e a inquietação não se façam pragas destruidoras de sua vida.

Waldo Vieira - Vaérium

6 de dezembro de 2011

Reação Infaltil



A mãe zelosa e dedicada leva o pequeno ao banho.
Despe-lhe a roupa.
Mas o petiz começa a choramingar.
A jovem mãe procura acalmá-lo, imergindo-o na água pura.
Entretanto, o bebê prossegue incompreensivo.
Desesperado, revolta-se contra a água, contra o frio, contra o sabão e, ele mesmo, impulsivo, esfrega espuma
nos olhos, a debater-se, esperneante, afogando-se, quase.
Instantes após, a mãe satisfeita enxuga-lhe a pele rosada, com toalha macia.
Ele sorri, depois da crise, e descansa contente, enfim.
*
Assim tem sido, quase sempre, a nossa reação perante a dor.
Quando aparece a benfeitora divina, choramos, gritamos e esbravejamos e, não raro, quase nos sufocamos
no desespero.
*
Tudo isso, porém, é reação infantil, descabida e forjada pela nossa própria inexperiência.
Quando a dor passa, saibamos todos, há sempre em nós a bênção da purificação e a felicidade da melhoria.

2 de dezembro de 2011

No Lado Oposto



O homem vivia no sopé de elevada montanha. Aplicara a existência estudando os meios de
conquistá-la.
Fez projetos meticulosos.
Planejou a via de acesso.
Calculou os patamares da escalada.
Consumiu longo tempo.
Gastou dinheiro.
Selecionou o pessoal necessário ao grande feito.
Depois de ingentes esforços, sacrificando inúmeras vidas de companheiros e animais e perdendo vasta cópia
de material no decurso de toda a existência, conseguiu atingir o tope.
Com surpresa, encontrou, lá em cima, toda uma nação de habitantes felizes, em plena comunicação com os
vales imensos, através de primorosa estrada que haviam construído no lado oposto...
*
Assim tem sido a vida de muitos filósofos e teóricos na Terra.
Fazem estudos.
Traçam projetos.
Perdem fortunas.
Dissipam oportunidades.
Queimam a saúde.
Articulam hipóteses e problemas.
Discutem.
Azedam as horas.
Fogem à cooperação e à fraternidade.
Mas, galgando as alturas da morte, analisam 05 gastos inúteis e a falta de objetividade dos esforços que
despenderam, pois os planos de levantamento do caminho que buscavam tornam-se pueris e integralmente
superados pelas criaturas de boa-vontade que colocam proveito e serviço acima de contenda e conversa.
*
Como espírita, observe o que você procura.
Estude sempre, mas seja prático, para que, além da morte, o frio e a sombra da inutilidade não lhe surjam à
frente.

1 de dezembro de 2011

Experiências


O menino de olhar manso e roupa rasgada namora o bolo na vitrina do restaurante.
Cavalheiro bem vestido vai entrando e o pequenino roga-lhe um pedaço.
O homem afasta-o, irritado, e transpõe a porta, buscando refeição.
Passa jovem mulher com grande bolsa a bambolear-se e o garoto volta a pedir.
Mas, inutilmente.
A moça nega-lhe o pedaço de pão-de-ló, falando em vadios e malfeitores.
Nisso chega andrajoso mendigo e seu olhar cruza com o olhar do menino que nada lhe pede e continua
contemplando o petisco.
O velhinho, condoído, procura algum dinheiro no paletó em frangalhos, compra um naco do bolo e,
sorrindo, entrega a preciosidade à criança que, surpresa, agradece, comendo avidamente.
*
A justiça da reencarnação possibilita às almas o rodízio indispensável nas condições diversas da vida
humana, para que os espíritos experimentem todos os tipos de aprendizado; contudo, entendemos com mais
segurança e nos predispomos a auxiliar com mais presteza o próximo, quando já passamos pelas mesmas
dificuldades que o atormentam.
Bendigamos, assim, a provação que a Terra porventura nos apresente, porque apenas as duras experiências
vividas nos ensinam a ajudar aos nossos irmãos em duras experiências, e somente auxiliando os outros é que
seremos auxiliados.


Waldo Vieira - Valérium

30 de novembro de 2011

Desapontamentos


O homem ocioso repousara em excesso e perdera o sono.
Tentando dormir mais uma vez, recolheu-se em aposento isolado.
Depois de algum tempo, ressonava...
Respiração estertorosa.
Assobios estridentes.
Passa um quarto de hora.
Emitindo sons mais altos, acorda a si mesmo.
Levanta-se e sai, furioso, procurando o suposto responsável pelo desagradável ruído que o despertou...
*
Muitos atos das criaturas são semelhantes a esse.
Aspiram simplesmente ao sono do repouso falso. E, quando despertam, contrariadas, para a realidade
espiritual que as cerca, buscam, em desespero, alguém a quem possam incriminar por sua incúria e desgosto,
mas encontram, invariavelmente, em si mesmas, as únicas responsáveis.
Assim ocorre nas pequeninas contrariedades da vida humana e nas grandes desilusões da vida espiritual,
após a viagem da morte.
*
Não culpe a ninguém por suas frustrações, presentes ou futuras.
Ore, vigie e analise os próprios desapontamentos e verá que, ressonando na ociosidade e acordando na
dolorosa vigília do arrependimento, o único responsável por eles é sempre você

29 de novembro de 2011

Aflitismo


A mulher estava aflitíssima.
Tremia.
Chorava.
Maldizia-se.
Afirmava-se infeliz.
Parecia haver arrematado todos os sofrimentos da Terra.
Nesse estado, apresentou-se ao dirigente da reunião espírita que exaltara a beleza da paciência e da
resignação.
Instada a esclarecer o motivo da dor que a supliciava, declarou que fora ali pedir o concurso dos bons
Espíritos por achar-se aflitíssima com a perda de um dos seus lindos anéis, no valor de duzentos mil
cruzeiros.
O diretor da instituição passou a reconfortá-la. E,à medida que lhe reanimava a esperança, a senhora, dantes
em desespero, asserenou-se, de rosto rubro, pois percebeu que o interlocutor, a falar-lhe com bondade e
carinho, era um homem sem braços.

Waldo Vieira - Valérium

18 de novembro de 2011

Alguns Segundos



O caminheiro solitário seguia, com fome, à margem do rio.
Nervoso e impaciente, ia censurando a tudo e a todos, por achar-se em penúria.
Caminhava devagar, quando viu algo na estrada chamando-lhe a atenção.
Uma cédula!
Abaixou-se e colheu o achado.
Uma nota de mil cruzeiros, enrolada e manchada..
Contudo, para surpresa sua, era. somente a metade da cédula, que, apesar de nova, fora inexplicavelmente
cortada.
Ainda mais irritado, amarfanhou o papel valioso e atirou-o à correnteza do rio, blasfemando.
Deu mais alguns passos à frente, seguindo pela mesma estrada, quando surpreendeu outro fragmento de
papel no solo.
Inclinou-se, de novo, e apanhou-o.
Era a outra metade da cédula que, enervado e contrafeito, havia projetado nas águas.
O vento separara as duas partes; ele, porém, não tivera a paciência de esperar alguns segundos, apenas...
*
Há sempre socorro às nossas necessidades. No entanto, até para receber o auxílio da Divina Bondade,
ninguém prescinde da calma e da paciência.

17 de novembro de 2011

A Conferência



Convidado a fazer uma preleção sobre a crítica, o conferencista compareceu ante o auditório superlotado,
sobraçando pequeno fardo.
Após cumprimentar os presentes, retirou os livros e a jarra d’água de sobre a mesa, deixando somente a
toalha branca.
Em silêncio, acendeu poderosa lâmpada, enfeitou a mesa com dezenas de pérolas que trouxera no embrulho
e com várias dúzias de flores colhidas de corbelhas próximas.
Logo após, apanhou da sacola diversos “biscuits” de inexprimível beleza, representando motivos edificantes,
e enfileirou-os com graça.
Em seguida, situou na mesa um exemplar do Novo Testamento em capa dourada.
Depois, com o assombro de todos, colocou pequenina lagartixa num frasco de vidro.
Só então comandou a palavra, perguntando:
— Que vedes aqui, meus irmãos?
E a assembléia respondeu, em vozes discordantes:
— Um bicho!
— Um lagarto horrível!
— Uma larva!
— Um pequeno monstro!
Esgotados breves momentos de expectação, o pregador considerou:
— Assim é o espírito da critica destrutiva, meus amigos! Não enxergastes o forro de seda lirial, nem as
flores, nem as pérolas, nem as preciosidades, nem o Novo Testamento, nem a luz faiscante que acendi...
Vistes apenas a diminuta lagartixa...
E concluiu, sorridente:
— Nada mais tenho a dizer...




Waldo Vieira -  Valérium

Observe os Concelhos




O distinto higienista, depois de examinar pobre homem doente, falou-lhe com severidade afetuosa:
— Já sei que o senhor é pai de família. É responsável pela esposa e quatro filhos menores; entretanto, quero
adverti-lo... É preciso que tome mais cuidado na defesa da própria saúde. Calafete as gretas que haja em sua
moradia, contra o assalto dos “barbeiros” contaminados. Sirva água fervida às crianças. Fiscalize o banheiro,
desinfetando os vasos em serviço. Noto que o senhor não tem preservado a própria residência. Basta uma
observação superficial para que se veja o que fazem as amebas. Higiene, meu amigo, é preciso higiene em
casa...
— Mas, doutor — replicou o enfermo, quando pôde, enfim, dizer alguma coisa —, nós não temos casa.
Moramos, há quatro anos, debaixo da ponte velha...
*
Aproveite, enquanto é possível, os seus dotes materiais nas tarefas do bem e verifique os conselhos que você
dá. Às vezes, muita gente, a quem você prega austeramente o heroísmo da virtude, está simplesmente com
necessidade de pão.


Waldo Vieira - Valérium

14 de novembro de 2011

Gaiola



Na sala faustosa, o pássaro triste e cabisbaixo está na gaiola enfeitada.
O visitante entra, observa e pergunta ao dono da mansão:
— Que tem o canário? Solte-o, meu amigo, ele está muito tristonho!
E o anfitrião responde, abrindo a porta do pequeno cárcere:
— Veja, ele não sai... É canário de gaiola.
Aí foi criado desde que nasceu. Não sabe viver fora dela...
E fecha a portinhola da prisão do pássaro triste que, mudo e quieto, respira chumbado à
gaiola enfeitada, na sala faustosa...
*
Quantas criaturas humanas existem iguais a esse pássaro?!
Pessoas criadas desde a infância na riqueza e no luxo vivem presas aos empréstimos
transitórios do mundo, durante toda a existência na Terra, e, mesmo depois da morte, não se
desvencilham de seus antigos pertences e propriedades.
Por mais se lhes abram as portas da liberdade espiritual, não se sentem com força suficiente
para
desferirem o vôo largo da independência, na amplidão das Esferas Superiores...
E ficam chumbados à carne passageira, em suas gaiolas mentais de ouro, por muito tempo,
muito tempo mesmo, ante o Grande Futuro.
*
Saiba assim, meu irmão, usar os empréstimos da vida, desapegando-se realmente do conforto
escravizante, na certeza de que você chegou sozinho
à estação do corpo e que sozinho há de sair dela.

11 de novembro de 2011

Provações de Amanhã



O moço estava melhor dos pulmões no hospital serrano em que se tratava.
Mas a noticia do jornal era de estarrecer.
O chefe da grande organização, a que o rapaz servia, seguira para a Europa e o diário
mencionava esta frase terrível, no corpo da notícia:
— “Antes de viajar, o diretor despediu todos os empregados.”
O doente suou frio. Sem trabalho...
Desamparado...
Chorou.
Lamentou-se.
Buscou o leito, desarvorado.
Proclamou-se em falência.
Alarmou a casa de saúde.
Médicos preocupados observaram-lhe a piora.
Depois de quatro dias, extremamente febril, foi restituído ao lar, partindo da serra em
ambulância, por mostrar-se em condições gravíssimas.
Só então, em casa, veio a saber que tudo corria bem e que ele fora até mesmo contemplado
com alta gratificação, para tratamento.
Apenas havia ocorrido um engano de imprensa. A revisão do jornal cochflara, porquanto a
frase era outra:
— “Antes de viajar, o diretor despediu-se de todos os empregados.”
*
Prepare-se para as provações que podem surgir amanhã. Conserve o espírito sempre sereno e
confiante.

Waldo Vieira -  Valérium

9 de novembro de 2011

Contra-Senso



Alguém bate à porta principesca.
Ela, a dona da casa, atende.
Abre a porta e encontra pobre velhinho à frente.
Andrajoso. Cansado. Feridento.
É um pedinte que roga auxilio.
Fria e insensivelmeflte, ela despede o visitante, dizendo nada ter que possa dar.
E volta. resmungando à intimidade doméstica, maldizendo o infeliz.
— É malandro! — declara.
E acrescenta:
— Para vadios, só a cadeia.
Nisso, pequeno rato desliza-lhe pelos pés.
Assustadíssima, clama por socorro. Chora.
Fecha-se, superexcitada, em quarto próximo, a lastimar-se.
Bate-lhe o coração fortemente, as mãos tremem, a face está lívida e, por fim, depois de um copo d’água,
procura o festejado gato de estimação para exterminar o camundongo.
*
Assim são muitas de nossas comoções.
Não vibramos ante os quadros dolorosos que pedem ajuda e agitamo-nos, agoniados, diante de incidentes
banais.
*
Amigo, controle a sensibilidade, vigiando reações e policiando as idéias, para que o rendimento maior dos
seus dias, à luz do Evangelho Vivo, seja realidade em seu caminho.
Recorde que muita gente na Terra enfeita gatinhos prediletos e se enoja diante de irmãos em luta.
E há milhares de almas outras que exibem clamorosa frieza ante os apelos do bem e mostram imensa
emoção à frente de um rato.


Waldo Vieira - Valérium

8 de novembro de 2011

O Efeito do Amor



O amigo de conhecido espírita, ao vê-lo ardentemente interessado em obras de caridade, admoestou-o,
dizendo que ele, não espírita, desistira da beneficência, desde muito.
E alegava que todos os gestos de bondade que praticara somente haviam encontrado a secura como resposta.
Sempre ingratos por toda parte.
O espírita, no entanto, chamou-o à rua e deu-lhe um osso para que alimentasse um cão, de passagem.
O amigo, embora contrafeito, atirou a curiosa vianda para o animal, com marcante desprezo.
O cachorro aproximou-se da oferta, abocanhou-a, de leve, e saiu, triste e desconfiado, rabo entre as pernas.
O espírita tomou de osso igual para socorrer outro cão esfaimado na via pública.
Entretanto, mudou de jeito.
Chamou o animal com carinho humano.
Dirigiu-lhe palavras amigas.
Alisou-lhe o pêlo.
Afagou-lhe as orelhas.
E deu-lhe o bocado com as próprias mãos.
O animal abanou a cauda e permaneceu ao seu lado, contente, a lamber-lhe as mãos. E ambos os amigos
anotavam, admirados, o efeito do amor no gesto beneficente.
*
Estenda, sim, quanto puder, as obras de caridade. Contudo, ajudando alguém, é preciso saber como você
ajuda.




Waldo Vieira -  Valérium

7 de novembro de 2011

Destinos


A árvore generosa eleva-se à beira da estrada.
Os viandantes que passam famintos e exaustos buscam-lhe os frutos.
E, no desvario de suas necessidades, atiram-lhe pedras.
Espancam-na com varas.
Sacodem-lhe os galhos.
Quebram-lhe as grimpas.
Talam-lhe as folhas.
Sufocam-lhe as flores.
Esmagam-lhe os brotos tenros. Ferem-lhe o tronco. Mas, a árvore, sem queixa nem revolta, balouçando as
frondes, doa, a todos que a. maltratam, os frutos substanciosos e opimos de sua própria seiva.
Esse é o seu destino.
*
Também na estrada da existência onde você vive, transitam os viajores da evolução apresentando múltiplas
exigências a lhe rogarem auxilio.
E, na loucura de seus caprichos, atiram-lhe pedras de ingratidão.
Espancam-lhe o nome com as varas da injúria. Sacodem-lhe o coração a golpes de violência. Quebram-lhe
afeições preciosas, usando a calúnia.
Talam-lhe os serviços com a tesoura da incompreensão.
Sufocam-lhe os sonhos nos gases deletérios da crueldade.
Esmagam-lhe as esperanças com as pancadas da crítica.
Ferem-lhe os ideais com a lâmina da ironia. A todos, porém, sorrindo fraternalmente, aprenda com a árvore
generosa a doar os frutos do próprio esforço, sem revolta e sem queixa.
*
Espírita, não estranhe se esse é o seu destino.
Quando esteve humanizado entre nós, com amor incomum, esse foi o destino de Jesus, Nosso Mestre.


Waldo Vieira

5 de novembro de 2011

Bem Aventurados os Simples


E subindo ao monte, diante da multidão, o Cristo, acima de tudo, destacou aqueles que o seguiam, despojados
da embriaguez gerada pelo vinho da ilusão.
E comoveu-se ao fitá-los...
Sim, todos eles estavam pobres, ainda os de cérebro culto e veste impecável.
Pobres de sutilezas;..
Pobres de artifícios...
Desarmados de poderes terrestres...
Destituídos de ambições humanas...
Enterneceu-se Jesus, compreendendo que somente sobre eles, espíritos exonerados da mentira e
desenfaixados do personalismo inferior, é que poderia edificar as construções iniciais da Boa Nova e
situou-os, em primeiro lugar, na glória celeste, proclamando:
— Bem-aventurados os simples de espírito, porque deles é o reino dos Céus... (1)
Pensando neles, os companheiros reencarnados, dos-pretensiosos e sinceros, que desejam aprender com a
verdade, Valérium escreveu este livro.
Entregando-o, pois, aos amigos de esperança firme e coração singelo, rogamos ao Divino Mestre nos faça
a todos também simples, a fim de que nos identifiquemos com a grandeza simples do autor e nos
coloquemos, igualmente, à sombra acolhedora da bem-aventurança..


EMMANUEL

3 de novembro de 2011

Reciprocidade


discípulo
abeirou-se do orientador
e queixou-se magoado:
- Instrutor amigo,
o pior de tudo em meu
aprendizado é adquirir
a ciência do relacionamento.
Creio estar lutando
inutilmente
contra a animosidade alheia...
Auxilie-me, por favor.
De que modo agir
para viver
com a intolerância e com
o azedume dos outros?
O mentor refletiu,
por alguns momentos,
e esclareceu:
-Sim a indagação é justa.
Mas para que tenhamos
uma resposta clara,
é importante considerar
que os outros, igualmente,
precisam viver contigo.
* * *
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caminhos.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.

31 de outubro de 2011

Conquistando a Paz


Existem tribulações e tribulações.Para extinguir aquelas que conturbam a vida, comecemos a cooperar na construção da paz onde estivermos.
Necessitamos, porém, conhecer as farpas que entretecem as inquietações que nos predispõem ao desequilíbrio e ao sofrimento.
Vejamos algumas:
a queixa contra alguém;
a reclamação agressiva;
o palavrão desatado pela cólera
a resposta infeliz;
a frase de sarcasmo;
o conceito depreciativo;
o apontamento malicioso;
o gesto de azedume;
a crítica destrutiva;
o grito de desespero;
o pensamento de ódio;
a lamentação do ressentimento;
a atitude violenta;
o riso escarninho;
a fala da irritação;
o cochicho do boato;
o minuto de impaciência;
o parecer injusto;
a pancada verbal da condenação.
*
Cada espinho invisível a que nos reportamos é comparável à chispa capaz de atear o incêndio da discórdia.
E ganhar a discórdia não aproveita a pessoa alguma.
*
Tanto quanto possível, aceitemos as tribulações que a vida nos reserve e saibamos usar o amor e a tolerância, a paciência e o espírito de serviço para que estejamos realmente conquistando os valores e bênçãos da paz.
*
Não esperes que o próximo te solicite cooperação. Colabora voluntariamente, na certeza de que estarás realizando valiosas sementeiras de trabalho e de amor, na construção do futuro melhor.
* * *
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Paciência.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.

28 de outubro de 2011

Mágoa


Síndrome alarmante, de desequilibro, a presença da mágoa faculta a fixação de graves enfermidades físicas e psíquicas no organismo de quem a agasalha.

A mágoa pode ser comparada à ferrugem perniciosa que destrói o metal em que se origina.
Normalmente se instala nos redutos do amor-próprio ferido e paulatinamente se desdobra em seguro processo enfermiço, que termina por vitimar o hospedeiro.
De fácil combate, no início, pode ser expulsa mediante a oração singela e nobre, possuindo, todavia, o recurso de, em habitando os tecidos delicados do sentimento, desdobrar-se em modalidades várias, para sorrateiramente apossar-se de todos os departamentos da emotividade, engedrando cânceres morais irreversíveis. Ao seu lado, instala-se, quase sempre, a aversão, que estimulam o ódio, etapa grave do processo destrutivo.
A mágoa, não obstante desgovernar aquele que a vitaliza, emite verdadeiros dardos morbíficos que atingem outras vítimas incautas, aquelas que se fizeram as causadoras conscientes ou não do seu nascimento.
Borra sórdida, entorpece os canais por onde transita a esperança, impedindo-lhe o ministério consolador.
Hábil, disfarça-se, utilizando-se de argumentos bem urdidos para negar-se ao perdão ou fugir ao dever do esquecimento. Muitas distonias orgânicas são o resultado do veneno da mágoa, que, gerando altas cargas tóxicas sobre a maquinaria mental, produz desequilíbrio no mecanismo psíquico com lamentáveis conseqüências nos aparelhos circulatório, digestivo, nervoso...
O homem é, sem dúvida, o que vitaliza pelo pensamento. Sua idéias, suas aspirações constituem o campo vibratório no qual transita e em cujas fontes se nutre.
Estiolando os ideais e espalhando infundadas suspeitas, a mágoa consegue isolar o ressentido, impossibilitando a cooperação dos socorros externos, procedentes de outras pessoas.
Caça implacavelmente esses agentes inferiores, que conspiram contra a tua paz. O teu ofensor merece tua compaixão, nunca o teu revide.
Aquele que te persegue sofre desequilíbrios que ignoras e não é justo que te afundes, com ele, no fosso da sua animosidade.
Seja qual for a dificuldade que te impulsione à mágoa, reage, mediante a renovação de propósitos, não valorizando ofensas nem considerando ofensores.
Através do cultivo de pensamentos salutares, pairarás acima das viciações mentais que agasalham esses miasmas mortíferos que, infelizmente, se alastram pela Terra de hoje, pestilenciais, danosos, aniquiladores.
Incontáveis problemas que culminam em tragédias quotidianas são decorrência da mágoa, que virulenta se firmou, gerando o nefando comércio do sofrimento desnecessário.
Se já registras a modulação da fé raciocinada nos programas da renovação interior, apura aspirações e não te aflijas. Instado às paisagens inferiores, ascendo na direção do bem. Malsinado pela incompreensão, desculpa. Ferido nos melhores brios, perdoa.
Se meditares na transitoriedade do mal e na perenidade do bem, não terás outra opção, além daquela: amar e amar sempre, impedindo que a mágoa estabeleça nas fronteiras da tua vida as balizas da sua província infeliz.
"Quando estiveres orando, se tiverdes alguma coisa contra alguém, perdoai-lhe, para que vosso Pai que está nos Céus, vos perdoe as vossas ofensas". - Marcos: 11-25.
"Não sou feliz! A felicidade não foi feita para mim! exclama geralmente o homem em todas as posições sociais. Isto, meus caros filhos, prova melhor do que todos os raciocínios possíveis, a verdade desta máxima do Eclesiastes: "A felicidade não é deste mundo". - Cap.V - Item 20.
*  *  *
Franco, Divaldo P.. Da obra: Florações Evangélicas.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.

26 de outubro de 2011

Um só senhor


Nenhum servo pode servir a
dois senhores."
- Jesus. (LUCAS, 16:13.)
Se os cristãos de todos os tempos encontraram dolorosas situações de perplexidade nas estradas do mundo, é que, depois dos apóstolos e dos mártires, a maioria tem cooperado na divulgação de falsos sentimentos, com respeito ao Senhor a que devem servir.Como o Reino do Cristo ainda não é da Terra, não se pode satisfazer a Jesus e ao mundo, a um só tempo. O vício e o dever não se aliam na marcha diária.
Que dizer de um homem que pretenda dirigir dois centros de atividade antagônica, em simultâneo esforço?
Cristo é a linha central de nossas cogitações.
Ele é o Senhor único, depois de Deus, para os filhos da Terra, com direitos inalienáveis, porquanto é a nossa luz do primeiro dia evolutivo e adquiriu-nos para a redenção com os sacrifícios de seu amor.
Somos servos dEle. Precisamos atender-lhe aos interesses sublimes, com humildade. E, para isso, é necessário não fugir do mundo, nem das responsabilidades que nos cercam, mas, sim, transformar a parte de serviço confiada ao nosso esforço, nos círculos de luta, em célula de trabalho do Cristo.
A tarefa primordial do discípulo é, portanto, compreender o caráter transitório da existência carnal, consagrar-se ao Mestre como centro da vida e oferecer aos semelhantes os seus divinos benefícios.
* * *
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caminho, Verdade e Vida.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.

20 de outubro de 2011

Circuito


Os amigos constituem, por si,
um banco providencial
em que usufruis
a possibilidade
de sacar
os melhores recursos
para a sustentação
da própria vida.
Todos eles são capazes
de funcionar,
proveitosamente,
em teu benefício.
Entretanto,
para que isso aconteça, não
olvides a própria dedicação
e assiduidade nos depósitos.
* * *
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caminhos.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.

15 de outubro de 2011

Ofenças


"O mal então desapareceria, ficai bem certos."
(Allan Kardec E.S.E. Capítulo XI, Item 12).
Sem que o desejasse, você foi o veículo inconsciente da animosidade.
*
Impensadamente, você plasmou o petardo da infâmia, atirando-o aos ouvidos aguçados de companheiros levianos, que o reproduziram adiante.
*
Embora infundada, você repetia a referência que lhe deram.
*
Você não pretendia ferir; até mesmo buscava ajudar. Mas feriu. Num momento impensado, atingiu a sensibilidade do amigo que agora lhe volta a face com rancor.
Certamente, você não acha justo. E não o é.
Todavia, o tropeço na estrada atira o corpo ao chão.
O descuido do engenheiro retira a segurança da construção.
Você dirá que não foi intencional e o diz bem. Não pretendia ultrajar. Mesmo assim, há de convir em que o pequeno talho na pele é porta aberta à infecção.
A minúscula picada do anófele injeta o hematozoário da febre palustre.
*
Existem almas doentes que preferem recolher calhaus a descobrir as flores da vida.
Sofrem muito e agravam os próprios sofrimentos, demorando-se encasteladas no "estou com a razão".
Rogam um mundo de seres perfeitos.
Amarguram a existência, sorvendo o fel que escorre, abundante, em forma de lágrimas.
Não conseguem desculpar nem compreender.
Constrangem-se e fogem, ficando deslocadas.
Brincam, mas não toleram gracejos.
Zombam, todavia não admitem apontamentos.
Merecem e necessitam de compreensão.
*
Se algum amigo se afastou, agastado, de seu, círculo, sindique a consciência e, se ela o acusa, busque o companheiro retraído e desculpe-se, enquanto é cedo.
Não procure saber os motivos do constrangimento.
Distenda um coração gentil, ofereça ânimo novo, demonstre, com naturalidade, que tudo está como anteriormente.
Uma expressão delicada consegue milagres.
Um gesto de escusas representa muito.
Você não tem o direito de roubar a alegria do próximo.
Evite, então, qualquer palavra ríspida e esforce-se para reprimir toda referência pouco digna.
Exercitando-se nas bagatelas de sacrifício, você atingirá o cume do supremo esforço pela paz de nossos irmãos na Terra, coroando de bênçãos seu próprio labor na conjugação do verbo "acertar", verificando que o "mal então desaparecerá".
* * *
Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Glossário Espírita-Cristão..
Ditado pelo Espírito Marco Prisco.

14 de outubro de 2011

O Talento Esquecido


No mercado da vida, observamos os talentos da Providência Dïvina fulgurando na experiência humana, dentro das mais variadas expressões. Talentos da riqueza material, da intelectualidade brilhante, da beleza física, dos sonhos juvenis, dos louros mundanos, do brilho social e doméstico, do poder e da popularidade.Alinham-se, à maneira de jóias grandes e pequenas, agradáveis e preciosas, estabelecendo concorrência avançada entre aqueles que as procuram.
*
Há, porém, um talento de luz acessível a todos. Brilha entre ricos e pobres, cultos e incultos. Aparece em toda parte. Salienta-se em todos os ângulos da luta. Destaca-se em todos os climas e sugere engrandecimento em todos os lugares.
E o talento da oportunidade, sempre valioso e sempre o mesmo, na corrente viva e incessante das horas.
É o desejo de doar um pensamento mais nobre ao círculo da maledicência, de fortalecer com um sorriso o ânimo abatido do companheiro desesperado, de alinhavar uma frase amiga que enterneça os maus a se sentirem menos duros e que auxilie aos bons a se revelarem sempre melhores, de prestar um serviço insignificante ao vizinho, plantando o pomar da gratidão e da amizade, de cultivar algum trato anônimo de solo, onde o arvoredo de amanhã fale sem palavras de nossas elevadas intenções.
*
Acima de todos os dons, permanece o tesouro do tempo.
Com as horas os santos construíram a santidade e os sábios amealharam a sabedoria.
É com o talento esquecido das horas que edificaremos o nosso caminho, no rumo da Espiritualidade Superior, na aplicação silenciosa com o mestre que, atendendo compassivamente às necessidades de todos os aprendizes, prometeu, com amor, não somente demorar-se conosco até ao fim dos séculos terrestres, mas também asseverou, com justiça, que receberemos individualmente na vida, de acordo com as nossas próprias obras.
* * *
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caridade.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.

12 de outubro de 2011

Sem Caridade


Sem a caridade do trabalho para as suas mãos, o seu descanso pode transformar-se em preguiça.
*
Sem a caridade da tolerância, o seu trabalho seguirá repleto de entraves.
*
Sem a caridade da simpatia para com os necessitados de qualquer procedência, as suas palavras de corrigenda serão nulas.
*
Sem a caridade da gentileza, a sua vida social e doméstica será sempre um purgatório de incompreensões.
*
Sem a caridade da desculpa fraterna, seus problemas seguirão aumentados.
*
Sem a caridade da lição repetida, o seu esforço não auxiliará a ninguém.
*
Sem a caridade da cooperação, a sua tarefa poderá descer ao isolamento enfermiço.
*
Sem a caridade do estímulo ao companheiro que luta, sofre e chora, no trato com as próprias imperfeições, o orgulho se lhe fará petrificado na própria alma.
*
Sem a caridade do auxílio incessante aos pequeninos, a vaidade viverá fortalecida em nosso espírito invigilante.
*
Sem a caridade do entendimento amigo, a sua franqueza será crueldade.
*
Sem a caridade do concurso desinteressado e fraterno, as suas dificuldades crescerão indefinidamente.
*
Sem caridade em nosso caminho, tudo se converterá em inquietude, sombra e sofrimento. Por isso mesmo, adverte-nos o Evangelho - "fora da caridade ou fora do amor não existe realmente salvação".
* * *
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caridade.
Ditado pelo Espírito André Luiz.

11 de outubro de 2011

Prometer


"Prometendo-lhes liberdade,
sendo eles mesmos servos da
corrupção."
(II Pedro, 2:19.)
É indispensável desconfiar de todas as promessas de facilidades sobre o mundo.Jesus, que podia abrir os mais vastos horizontes aos olhos assombrados da criatura, prometeu-lhe a cruz sem a qual não poderia afastar-se da Terra para colocar-se ao seu encontro.
Em toda parte, existem discípulos descuidados que aceitam o logro de aventureiros inconscientes. É que ainda não aprenderam a lição viva do trabalho próprio a que foram chamados para desenvolver atividade particular.
Os fazedores de revoluções e os donos de projetos absurdos prometem maravilhas. Mas, se são vítimas da ambição, servos de propósitos inferiores, escravos de terríveis enganos, como poderão realizar para os outros a liberdade ou a elevação de que se conservam distantes?
Não creias em salvadores que não demonstrem ações que confirmem a salvação de si mesmos.
Deves saber que foste criado para gloriosa ascensão, mas que só é fácil descer. Subir exige trabalho, paciência, perseverança, condições essenciais para o encontro do amor e da sabedoria.
Se alguém te fala em valor das facilidades, não acredites; é possível que o aventureiro esteja descendo. Mas quando te façam ver perspectivas consoladoras, através do suor e do esforço pessoal, aceita os alvitres com alegria. Aquele que compreende o tesouro oculto nos obstáculos, e dele se vale para enriquecer a vida, está subindo e é digno de ser seguido.
* * *
Xavier, Francisco Cândido. Da obra: Caminho, Verdade e Vida.
Ditado pelo Espírito Emmanuel.

9 de outubro de 2011

Transformação Íntima


Tendências viciosas como impulsos para a virtude procedem, sim, do Espírito, agente determinante do comportamento humano.
Não podendo a organização celular definir estados psicológicos e emocionais, estes obedecem às impressões espirituais de que se encharcam, exteriorizando-se como fatores propelentes para uma ou outra atitude.
Destituída de espontaneidade, exceto dos fenômenos que lhe são inerentes, graças aos automatismos atávicos, a matéria orgânica é resultado das aquisições eternas do Espírito que dela se veste para as experiências da evolução.
A hereditariedade vigente nos mapas dos genes e dos cromossomos encarrega-se de transmitir inúmeros caracteres morfológicos, fisiológicos, sem exercer preponderância fundamental nos arcabouços psicológicos e morais, que pertencem ao ser espiritual, modelador das necessidades inerentes ao progresso e fomentador dos recursos que se lhe fazem indispensáveis a esse processo de crescimento a que se destina.
Descartar-se o valor dos implementos espirituais nos fenômenos comportamentais do homem, é uma tentativa de reduzi-lo a um amontoado de tecidos frágeis que o acaso organiza e desmantela ao próprio talante.
A vida pessoal escreve nas experiências de cada ser as diretrizes para as suas conquistas futuras.
Vícios e delitos ignóbeis, virtudes sacrificiais e abnegação, pertencem à alma que os externa nos momentos hábeis conforme o seu estágio evolutivo.
*
Vicente de Paulo e Francisco de Sales, fascinados pelo amor aos infelizes, liberaram as altas forças que lhes jaziam inatas, a serviço da caridade e da dedicação sem limite.
Ana Nery e Eunice Weaver, sensibilizadas pelo sofrimento humano, esqueceram-se de si mesmas e dedicaram-se, a primeira, aos combatentes feridos, e a segunda, à salvação dos filhos sadios dos hansenianos.
Eichmann e inúmeros carrascos nazistas acariciavam, comovidos, os filhinhos, após enviarem, cada dia, milhares de outras crianças e adultos aos fornos crematórios em inúmeros lugares dos países subjugados.
Tamerlão incendiava as cidades conquistadas, após degolar os sobreviventes, para depois dormir tranqüilo ao lado daqueles a quem amava.
Homens e mulheres virtuosos, sempre revelaram o alto grau de amor que lhes jazia em latência, da mesma forma que sicários e criminosos sanguissedentos deixaram transparecer a crueldade assassina desde os primeiros anos de infância...
As exceções demonstram o poder da vontade, que é manifestação do Espírito, quando acionada, propelindo para uma ou para outra atitude.
*
O hábito vicioso arraigado remanesce, impondo de uma para outra reencarnação suas características, assim impelindo o homem para manter a sua continuidade.
Da mesma forma, os salutares esforços no bem e na virtude ressumam dos refolhos da alma, e conduzem vitoriosos aos labores de edificação.
Toda ação atual, portanto, tem as suas matrizes em outras que as precedem, impressas nos arquivos profundos do ser.
*
Estás, na Terra, com a finalidade de abrir sepulturas para os vícios e dar asas às virtudes.
Substituindo o mau pelo bom hábito, o equivocado pelo correto labor, corrigirás a inclinação moral negativa, criando condicionamentos sadios que se apresentarão como virtudes a felicitar-te a vida.
Teus vícios de hoje, transforma-os, no teu mundo íntimo, em virtudes para amanhã ao teu alcance desde agora.
Libera-te pois, com esforço e valor moral, do mau gênio que permanece dominador, das paixões perturbadoras que te inquietam, e renova-te para o bem, pelo bem que flui do Eterno Bem.
* * *
Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Vigilância.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.

7 de outubro de 2011

Soneto da Amizade



Enfim, depois de tanto erro passado
Tantas retaliações, tanto perigo
Eis que ressurge noutro o velho amigo
Nunca perdido, sempre reencontrado.
É bom sentá-lo novamente ao lado
Com olhos que contêm o olhar antigo
Sempre comigo um pouco atribulado
E como sempre singular comigo.
Um bicho igual a mim, simples e humano
Sabendo se mover e comover
E a disfarçar com o meu próprio engano.
O amigo: um ser que a vida não explica
Que só se vai ao ver outro nascer
E o espelho de minha alma multiplica...Vinicius de Moraes

Correta Visão da Vida


Quando a criatura se resolve por diluir o véu da ignorância, que encobre a realidade da vida espiritual, começa a libertar-se da mais grave cegueira, que é a propiciada pela vontade.Cegos não são apenas aqueles que deixaram de enxergar; senão todos quantos se recusam a ver, sendo piores os que fogem das evidências a fim de permanecerem na escuridão.
A vida, por sua própria gênese, é de origem metafísica, possuindo as raízes poderosamente fincadas no mundo transcendental, que é o causal. Expressando-se na condensação da energia, que se apresenta em forma objetiva, não perde o seu caráter espiritual; elo contrário, vitaliza-se por seu intermédio.
Quando a consciência acorda e as interrogações surgem, aguardando respostas, as contingências do prazer fugaz e sem sentido cedem lugar a necessidades legítimas, que são as responsáveis pela estruturação do ser profundo, portanto, imortal.
Simultaneamente, os valores éticos se alteram, surgindo novos conceitos e aspirações em favor dos bens duradouros, que são indestrutíveis, e passíveis de incessantes transformações para melhor, na criatura.
Desperta-se-lhe então a responsabilidade, e a visão otimista do progresso assenhoreia-se de sua mente, estimulando-a a crescer sem cessar. A sensibilidade se lhe aprimora e seu campo de emoções alarga-se, enriquecendo-se de sentimentos nobres, que superam as antigas manifestações inferiores, tais o azedume, a raiva, o ressentimento, a amargura, a insatisfação...
Porque suas metas são mediatas, a confiança aumenta em torno da Divindade e as realizações fazem-se primorosas, conquistando sabedoria e amor, de que se exorna a fim de sentir-se feliz.
*
Quando a criatura se encontra com a realidade espiritual, toda uma revolução se lhe opera no mundo interior.
Dulcifica-se o seu modo de ser e torna-se afável.
Tranqüiliza-se ante quaisquer acontecimentos, mesmo os mais desgastantes, porque sabe das causalidades que elucidam todos os efeitos.
Nunca desanima, porque suas realizações não aguardam apoio ou recompensas imediatas.
Identifica no serviço do bem os instrumentos para conseguir a perfeita afinidade com o amor, e doa-se.
Na meditação em torno dos desafios existenciais ilumina-se, crescendo interiormente, sem perigo de retrocesso ou parada.
Descobre no século os motivos próprios para a evolução e enfrenta-os com alegria, dando-se conta que viver, no mundo, é aprender sempre, utilizando com propriedade cada minuto e acontecimento do cotidiano.
Usa as bênçãos da vida, porém, não abusa, de cada experiência retirando lições que incorpora às aquisições permanentes.
Acalma as ansiedades do sentimento, por compreender que tudo tem seu momento próprio para acontece; e somente sucede aquilo que se encontra incurso no processo da evolução.
Aprende a silenciar, eliminando palavras excessivas na conversação, e, logrando equilíbrio mental, produz o silêncio mais importante.
Solidário em todas as circunstâncias, não se precipita, nem recua.
Conquista a paz e torna-se irmão de todos.
*
Quando a criatura compreende que se encontra na Terra em trânsito, realizando um programa que se estenderá além do corpo, na vida espiritual, realiza o auto-encontro, e, mesmo quando experimenta o fenômeno da morte, defronta a vida sem sofrer qualquer perturbação ou surpresa, mergulhando na Amorosa Consciência Cósmica.
*
Certamente, pensando em tal realidade, propôs Jesus. - Busca primeiro o Reino de Deus e Sua justiça, e tudo mais te será acrescentado.
Despertar para a vida é imperativo de urgência, que não podes desconsiderar.
* * *
Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Momentos Enriquecedores.
Ditado pelo Espírito Joanna de Ângelis.

5 de outubro de 2011

Decálogo da Vontade


"Todas as virtudes e todos os
vícios são inerentes ao Espírito".
(Allan Kardec - E.S.E., Cap. IX, ltem 10)
Poupe-me à tentação, antes que me fortaleça, e eu o salvarei dos vícios futuros. Ainda sou muito jovem no equilíbrio.
*
Conduza-me ao dever e eu o ajudarei no caminho evolutivo. Necessito de um serviço nobre para manter-me.
*
Inspire-me a caridade e eu enflorescerei as avenidas de sua alma. Tenho sede de crescimento.
*
Impila-me ao trabalho e eu expulsarei de seu lar interior a preguiça destruidora. É imprescindível que ocupe minhas horas.
*
Ajude-me na resistência, oferecendo-me a oração, e eu deixarei asseada sua casa mental. Requeiro imediato auxílio para não desfalecer.
*
Exercite-me na inspiração do bem e eu o coroarei de luz. Tenho sido servidora da indolência e preciso de renovação.
*
Procure conhecer-me com mais atenção e o farei feliz. Sou velha amiga que a indiferença venceu.
*
Conceda-me nova oportunidade, quando eu tombar, e lhe darei força desconhecida. Lembre-se de que sou vulnerável à reincidência.
*
Evite-me os embates muito rudes, no momento, e vencerei para a sua paz todas as forças negativas que trabalham contra você. Necessito de tempo para fortalecer-me.
*
Tenha paciência comigo e, juntos, chegaremos à felicidade plena. Nasci com você e nunca nos separaremos. Ajude-me e o farei livre.
* * *
Franco, Divaldo Pereira. Da obra: Glossário Espírita-Cristão.