29 de novembro de 2011

Aflitismo


A mulher estava aflitíssima.
Tremia.
Chorava.
Maldizia-se.
Afirmava-se infeliz.
Parecia haver arrematado todos os sofrimentos da Terra.
Nesse estado, apresentou-se ao dirigente da reunião espírita que exaltara a beleza da paciência e da
resignação.
Instada a esclarecer o motivo da dor que a supliciava, declarou que fora ali pedir o concurso dos bons
Espíritos por achar-se aflitíssima com a perda de um dos seus lindos anéis, no valor de duzentos mil
cruzeiros.
O diretor da instituição passou a reconfortá-la. E,à medida que lhe reanimava a esperança, a senhora, dantes
em desespero, asserenou-se, de rosto rubro, pois percebeu que o interlocutor, a falar-lhe com bondade e
carinho, era um homem sem braços.

Waldo Vieira - Valérium

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