4 de abril de 2013

Reajuste


Ante a queda moral pela prática do aborto não se busca condenar ninguém. O que se pretende é evitar a execução de um grave erro, de conseqüências nefastas, tanto individual como socialmente, como também sua legalização. Como asseverou Jesus: "Eu também não te condeno; vai e não tornes a pecar". (João, 8:11.)
A proposta de recuperação e reajuste que o Espiritismo oferece é de abandonar o culto ao remorso imobilizador, a culpa autodestrutiva e a ilusória busca de amparo na legislação humana, procurando a reparação, mediante reelaboração do conteúdo traumático e novo direcionamento na ação comportamental, o que promoverá a liberação da consciência, através do trabalho no bem, da prática da caridade e da dedicação ao próximo necessitado, capazes de edificar a vida em todas as suas dimensões.
Proteger e dignificar a vida, seja do embrião, seja da mulher, é compromisso de todos os que despertaram para a compreensão maior da existência do ser.
Agindo assim, evitam-se todas as conseqüências infelizes que o aborto desencadeia, mesmo acobertado por uma legalização ilusória. "O amor cobre a multidão de pecados", nos ensina o apóstolo Pedro (I Epístola, 4:8).
"O aborto na visão espírita", Reformador de fev. 2000.
* * * Estude Kardec * * *

Convite ao Dever


"Sede, pois, vós outros, perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celestial." (Mateus: capítulo 5º, versículo 48.)
Como diretriz de segurança; qual dínamo propulsor do progresso, semelhante a resistência contra os desequilíbrios, o dever se encontra insculpido como fator preponderante em todo ser que pensa.
Desnaturá-lo ao suborno da ilusão, conspurcá-lo face a injunções constritoras, desconsiderá-lo ao império da anarquia é descer psiquicamente aos sub-niveis da humanização...
Desertam homens porque lhes faltam os implementos da coragem, estimulados, dizem, pela preponderância da perturbação que grassa generalizada.
Angustiam-se outros, descoroçoados ante a vitória do desvalor e da astúcia contemplando os insucessos contínuos da honra e da honestidade.
Esmorecem os menos temperados na forja da fé porque fatores negativos da distrofia social se sobrepõem aos lídimos esforços da abnegação...
Equívocos, porém, não constituem regra; sempre são exceções às normas da mesma forma que as sombras não podem construir realidades, graças à própria essência de que se vitalizam.
O dever, inerente a todos os homens, é manifestação da Divina Lei, consubstanciando os objetivos da vida inteligente na Terra.
"O homem que cumpre o seu dever ama a Deus mais do que as criaturas e ama as criaturas mais do que a si mesmo." (*)
Mesmo que na aparência estejas no lado errado, desincumbindo-te dos deveres que te dizem respeito, não te aflijas. Consciência é presença de que ninguém conseguirá despojar-se.
Não importa que os outros desconheçam os erros que hajas cometido ou as ações nobres praticadas... O essencial é que o saibas.
O engano passa, mas o dever retamente exercido fica.
A bruma se dilui, enquanto permanecem a claridade e o sol como estados naturais da vida.
Descontrai-te, portanto, e atende aos teus deveres morais, atuante na comunidade em que vives com a alegria do semeador que antevê na semente submissa a glória do campo coroado de novos e abundantes grãos.
(*) "O Evangelho Segundo o Espiritismo". 52ª Edição FEB - Capítulo 17º - Item 7. - Nota da Autora espiritual.
FRANCO, Divaldo Pereira. Convites da Vida. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 13.
* * * Estude Kardec * * *

Hydesville


"Recordas a Belém de nossa fé, Manjedoura feliz do Espiritismo!"
Nas telas sucessivas da verdade,
Brilharás como estrela para os povos
Na alegria recôndita que invade
A existência ideal dos homens novos!
Todo o roteiro espírita cristão
Algo de teu caminho nos descerra;
Concha acústica da Revelação,
Teus raps ecoaram pela Terra!
Contigo, um lar humilde e ignorado
Trouxe o verbo do Além, sereno e forte,
Revelando às Nações, em grande brado,
Para a glória da vida que há na morte.
Três jovens médiuns contra os preconceitos
Venceram emboscadas e sofismas,
Mostrando aos olhos cegos e imperfeitos
Lições da Antigüidade noutros prismas.
Fulguras como excelsa encruzilhada
Aos destinos humanos sofredores,
E és ainda a baliza iluminada
Por doce lenitivo às nossas dores.
Hydesville! Saudamos-te de pé,
Na luta contra as sombras do ateísmo!
Recordas a Belém de nossa fé,
Manjedoura feliz do Espiritismo!
Waldo Vieira. Pelo Espírito Leôncio Correia. Poema recebido pelo médium Waldo Vieira, em 7/11/1960, na Comunhão Espírita Cristã, em Uberaba, MG. Reformador de março de 2003.
* * * Estude Kardec * * *

Esclarecendo dúvidas


O Espiritismo, conforme reconhece o Conselho Federativo Nacional, órgão da Federação Espírita Brasileira, é a Revelação prometida pelo Cristo de Deus para os séculos em que a Humanidade alcançasse um grau de assimilação mais elevado.
Os fenômenos psíquicos, tão velhos quanto o mundo, só atraíram a atenção dos intelectuais, quando surgiram os ocorridos em Hydesville, em 1848.
Em 1857, após observá-los e catalogá-los com o mais meticuloso rigor científico, Allan Kardec lançou ao mundo o primeiro livro da codificação dessa nova Revelação - ?O Livro dos Espíritos?, criando o vocábulo Espiritismo para designar essa Revelação, então chamada e ainda conhecida em outros países pelo nome de Neo-Espiritualismo.
Difere o Espiritismo de todas as religiões conhecidas por demonstrar a lógica dos seus ensinos através de experiências científicas e por apresentar uma filosofia também baseada em experimentos e observações e documentada por uma legião de sábios de renome universal.
Religião científico-filosófica, confirmando os ensinamentos básicos de todas as religiões, não pretende demolir as que a precederam, antes reconhece a necessidade da existência delas para grande parte da humanidade, cuja evolução se processará lenta e inevitavelmente.
Doutrina religiosa, sem dogmas propriamente ditos, sem liturgia, sem símbolos, sem sacerdócio organizado, ao contrário de quase todas as demais religiões, não adota em suas reuniões e em suas práticas:
a) paramentos, ou quaisquer vestes especiais;
b) vinho ou qualquer bebida alcoólica;
c) incenso, mirra, fumo ou substâncias outras que produzam fumaça;
d) altares, imagens, andores, velas e quaisquer objetos materiais como auxiliares de atração do público;
e) hinos ou cantos em línguas mortas ou exóticas, só os admitindo, na língua do país, exclusivamente em reuniões festivas realizadas pela infância e pela juventude e em sessões ditas de efeitos físicos;
f) danças, procissões e atos análogos;
g) atender a interesses materiais terra-a-terra, rasteiros ou mundanos;
h) pagamento por toda e qualquer graça conseguida para o próximo;
i) talismãs, amuletos, orações miraculosas, bentinhos, escapulários ou quaisquer objetos e coisas semelhantes;
j) administração de sacramentos, concessão de indulgências, distribuição de títulos nobiliárquicos;
k) confeccionar horóscopos, exercer a cartomancia, a quiromancia, a astromancia e outras ?mancias?;
l) rituais e encenações extravagantes de modo a impressionar o público;
m) termos exóticos ou heteróclitos para a designação de seres e coisas;
n) fazer promessas e despachos, riscar cruzes e pontos, praticar, enfim, a longa série de atos materiais oriundos das velhas e primitivas concepções religiosas.
O fenômeno psíquico pode surgir em qualquer meio religioso ou irreligioso e seu aparecimento pode conduzir a criatura ao Espiritismo, mas a consolidação da crença, o conhecimento das leis que presidem os destinos do homem e a perfeita assimilação da Doutrina Espírita só se conseguem através do estudo das obras de Allan Kardec e das que lhe são subsidiárias.
MISSÃO E DEVER
Renascido entre os ventos outonais do Rhone e do Saone, nas terras de Lion, chega com pujante dever a cumprir e nobre missão a desempenhar.
Quando menino, estuda e avança.
Na juventude, burila-se e cresce mais.
Na fase adulta, faz-se mestre-escola e trabalha no ensino, amando e avançando na própria profissão.
Como cidadão, observa, aprende, constrói imagens de um mundo novo de coerência com as leis do Altíssimo.
Aproximado dos fenômenos da Vida Imortal, contata os mortos da Terra e descobre um campo novo de aprendizado eloqüente.
Compreende o chamado e ajusta-se ao que tomou por dever.
Estuda, analisa, pergunta, escreve... e desatam-se os pensamentos estelares no intelecto humano.
Colige os ditos das Alturas e verifica a sanha do lado infeliz do Mundo Além.
Não se deixa engodar pelos trapaceiros, tampouco se empolga com os primeiros êxitos.
Toma os elogios à guisa de incentivo, dedicando-os ao Grande Guia, e recebe calúnias e outras agressões por combustível necessário a sua marcha.
Apresenta ao mundo a Doutrina dos Sempre Vivos, e incendeia os corações com amor e as mentes com sabedoria, vertidos dos campos do Infinito.
Enquanto os ventos do progresso a Doutrina Nova espargem, ele deixa o corpo carnal, que tomba insultado pela perda das forças mais básicas e torna-se um Astro a brilhar nos céus da cultura humana, tendo contribuído, eficazmente, para que a Terra se mostrasse melhor.
Allan Kardec, missionário grandioso de Jesus, além do legado esplendoroso que a Codificação Espírita representa, ensina a todos, por meio de uma vida sóbria e profunda, a cumprir deveres e atender a missão que, em verdade, o Criador confere a cada um dos Seus filhos.
Raul Teixeira. Pelo Espírito Francisco de Paula Vítor. (fonte: www.feparana.com.br).
* * * Estude Kardec * * *

Dinheiro


"Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e, nessa cobiça, alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores." - Paulo. (1ª EPÍSTOLA A TIMÓTEO, capítulo 6, versículo 10.)
Paulo não nos diz que o dinheiro, em si mesmo, seja flagelo para a Humanidade.
Várias vezes, vemos o Mestre em contacto com o assunto, contribuindo para que a nossa compreensão se dilate. Recebendo certos alvitres do povo que lhe apresenta determinada moeda da época, com a efigie do imperador romano, recomenda que o homem dê a César o que é de César, exemplificando o respeito às convenções construtivas. Numa de suas mais lindas parábolas, emprega o símbolo de uma dracma perdida. Nos movimentos do Templo, aprecia o óbolo pequenino da viúva.
O dinheiro não significa um mal. Todavia, o apóstolo dos gentios nos esclarece que o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males. O homem não pode ser condenado pelas suas expressões financeiras, mas, sim, pelo mau uso de semelhantes recursos materiais, porqüanto é pela obsessão da posse que o orgulho e a ociosidade, dois fantasmas do infortúnio humano, se instalam nas almas, compelindo-as a desvios da luz eterna.
O dinheiro que te vem às mãos, pelos caminhos retos, que só a tua consciência pode analisar à claridade divina, é um amigo que te busca a orientação sadia e o conselho humanitário. Responderás a Deus pelas diretrizes que lhe deres e ai de ti se materializares essa força benéfica no sombrio edifício da iniqüidade!
XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28.ed. Brasília: FEB, 2009. Capítulo 57.
* * * Estude Kardec * * *

Em Defesa da Vida


Eu me lembro, faz muitos anos. Estava começando a minha clínica e atendia em modesta sala de um prédio antigo, situado na rua Barão de Mesquita, esquina de Araripe Júnior, no Andaraí.
Esse consultório estava localizado no primeiro andar do prédio, e o acesso a este se fazia através de larga e longa escada que levava a um corredor espaçoso onde havia algumas cadeiras. Era ali que, sentados, os doentes aguardavam a vez de ser atendidos. Acontecia freqüentemente que me procuravam pessoas de condição social muito modesta e naquele dia, tendo já subido a escada, quando me dirigia à porta que dava entrada ao consultório, deparei com uma mulher moça, em cujo semblante fechado e sombrio entrevi um caso de grande sofrimento. Não me enganei, pois quando chegou a vez de seu atendimento, pude constatar a grande tempestade que se desencadeara em sua mente. À minha habitual pergunta: "Qual o motivo de tua consulta? O que sentes?" - ela respondeu, quase agressivamente:
- Vim aqui apenas para saber se estou grávida, porque se estiver, eu o mato - o autor desta minha desgraça -, em seguida me atiro debaixo de um bonde e acabo assim com a minha desgraçada vida, evitando também que por mim venha ao mundo outro infeliz.
Diante desta inesperada reação da minha cliente, aproximei-me mais da moça e, abrandando o quanto pude a minha voz, disse-lhe, como médico:
- Para responder, minha filha, à tua pergunta, afirmativa ou negativamente, precisaria proceder a certos exames para os quais o meu consultório de simples clínico geral não está preparado e, além disso, de certos testes realizados na urina, próprios para evidenciar a gravidez.
Ia dizer-lhe que deveria procurar um ginecologista ou ir a um ambulatório da especialidade em algum hospital, quando, lembrando-me da minha condição de espírita, que já era, além de médico, irresistivelmente fui levado a dizer-lhe:
-Mas acalma-te; dize-me o que se passa contigo, o que te aconteceu que te está induzindo a praticar atos de tanta gravidade? Conta-me a verdade; quero ajudar-te.
Ouvi, então, daquela desventurada criatura a história de um mau passo a que fora levada pelo filho de sua patroa, em cuja casa era empregada doméstica. Enleada pelo rapaz, que não nutria por ela qualquer sentimento mais nobre, sendo movido apenas por apetites sensuais, quando surpreendida pela ausência de menstruação no dia certo e nos seguintes, caiu em si do ato praticado de humana fraqueza e começou a preocupar-se. Quis enfrentar a realidade com calma e confiança. Ao manifestar, porém, seus receios ao autor daquela situação, este se mostrou insensível, totalmente desinteressado, dizendo-lhe também que nada tinha a ver com aquilo. Ela que se arranjasse.
Foi quando, então, sabedor desses antecedentes e tendo-me inteirado, após superficial exame, de alguns sintomas significativos que a moça já apresentava, como que movido por uma força superior à minha própria vontade, lhe disse, com um tratamento em que pus o máximo que pude de afetividade:
- Escuta, filha, afirmar não te posso, mas é muito provável que estejas mesmo grávida. Mas, mesmo que o estejas, não vais fazer nada disso que planejaste e acabas de me revelar. E isso porque desde este momento tu vais meditar profundamente sobre as conseqüências de atos que atentariam contra a vida de três criaturas de Deus: esse moço que acusas, tu mesma e um ser em formação, indefeso, mas que já é um ser com pleno direito à vida, dentro das Leis da Natureza, que são Leis de Deus.
E falei-lhe, então, sobre tudo aquilo que pode um espírita dizer a respeito das conseqüências espirituais do homicídio e do suicídio, bem como da desatenção à vida de um indefeso ser em gestação. Por fim, disse-lhe:
- Sabedora agora de tudo isto, o que vais, pois, fazer, isso sim, é levar a termo o fruto desta concepção; ele se tornará um menino e tu o receberás como filho de teu coração; a ele te dedicarás, cercá-lo-ás com teus cuidados e o teu carinho maternal; ele se desenvolverá ao calor do teu amor materno e crescerá. Tu lhe ensinarás a andar - que alegria quando o vires dar seus primeiros passinhos! -, e também lhe ensinarás a falar - ele pronunciará a doce palavra mamãe, e tu sorrirás. Educá-lo-ás em casa, primeiro, mas ele se tornará um menino mais crescidinho e o levarás à escola, onde adquirirá novos conhecimentos. Ele se alegrará com tudo isso e te retribuirá com o seu amor filial. Sob tais influxos, da mãe e dos educadores, ao lado de conhecimentos, desenvolverá virtudes. Crescerá mais, tornar-se-á um rapaz, um moço e, enfim, um homem de bem, digno, honesto, capacitado para o trabalho. Será teu arrimo e a alegria de tua vida.
Aquela mulher ouviu, somente. Nada mais disse. Ao despedir-se, porém, o seu semblante era, surpreendentemente, outro; havia nela uma aura de paz e em seus olhos pequeninos luziam duas lágrimas. Saiu e não a vi mais senão quando, alguns meses depois, voltava trazendo nos braços um pequenino ser que agora era - ó Deus de Bondade! - o seu amado filhinho. Contou-me que fizera tudo como lhe havia predito e agora estava feliz com o seu pequenino tesouro. Acompanhei o crescimento e o desenvolvimento dessa criança, tratei todas as enfermidades da sua infância e da sua adolescência. Muitas vezes a visitei, quando febril, na modestíssima casa onde sua mãe morava, nos fundos de uma vila, na rua Gastão Penalva, no Andaraí, mantida por ela através de trabalho honrado e digno. Era, então, o menino Demócrito, nome que lhe dera sua mãe. Esta consagrou-se inteiramente ao filho e conseguiu fazer dele um homem de bem, o qual amparou a sua genitora, suavizando os dias de sua existência. E isto até quando foi ela colher, na Espiritualidade, a compensação que Deus reserva a todos que escutam a sua voz, através da do anjo guardião ou da própria consciência, às vezes, entretanto, despertada por um simples e imperfeito instrumento humano de sua Divina Bondade.
Thiago, Lauro S.. Reformador Abril de 1994.
* * * Estude Kardec * * *