6 de abril de 2010

Fatalidade e Destino

É o homem, por sua própria vontade, quem forja as próprias cadeias, é ele quem tece, fio por fio, dia a dia, do nascimento à morte, a rede de seu destino - Léon Denis.
Diante de acontecimentos desagradáveis no dia a dia, logo responsabilizamos a fatalidade e o destino, sem fazermos uma maior reflexão. Mas, será que tudo em nossa vida está predeterminado? Será que o nosso destino foi traçado? Como entender fatalidade na visão espírita?
Lemos nos dicionários que fatalidade é a qualidade de fatal. E que fatal é o determinado, o marcado, o fixado pelo destino. Ou seja, é a atuação de uma força maior a nos submeter a acontecimentos que independem de nós e dos quais não se pode escapar. Precisamos refletir e ver outros pontos importantes em torno desses conceitos. Sendo a nossa intenção analisar o assunto dentro da visão espírita, vejamos o que nos diz “O livro dos Espíritos”; nele nós lemos: “A fatalidade, como vulgarmente é entendida, supõe a decisão prévia e irrevogável de todos os acontecimentos da vida, qualquer que seja a sua importância. Se assim fosse, o homem seria uma máquina destituída de vontade” . Concordamos com essa afirmativa, pois não nos vemos como máquinas. E se tudo já estivesse escrito, ninguém seria responsável por falta alguma, nem tão pouco teria mérito por coisa nenhuma. Seríamos meros fantoches e estaríamos à mercê do destino, o que nos parece incompatível com conceito de Justiça Divina que os espíritos nos apresentam.
Fatal, na verdadeira acepção da palavra, só o fato de que vamos um dia biologicamente morrer, pois, quanto às outras coisas, a cada momento estamos transformando. Entendemos que o destino é quase sempre a conseqüência de nossas atitudes mentais e comportamentais, das escolhas que fazemos utilizando o nosso livre-arbítrio. E esse raciocínio encontra explicação n“O Livro dos Espíritos”, no qual a espiritualidade diz: “Não acrediteis, porém, que tudo que acontece esteja escrito como se diz. Um acontecimento é quase sempre a conseqüência de uma coisa que fizeste por um ato de tua livre vontade, de tal maneira que, se não tivésseis praticado aquele ato, o acontecimento não se verificaria”.
Contudo, fatalidade não é uma palavra vã, ela existe no gênero de existência que nós escolhemos como prova, expiação ou missão, antes de reencarnamos, pois existem escolhas quase impossíveis de serem alteradas, como as doenças congênitas, por exemplo. Conforme lemos na questão 851 também de O Livro dos Espíritos: “A fatalidade só existe no tocante à escolha feita pelo Espírito, ao se encarnar, de sofrer esta ou aquela prova; ao escolhê-la, ele traça para si mesmo uma espécie de destino, que é a própria conseqüência da posição em que se encontra”.
Através do uso de nosso livre arbítrio, temos a liberdade de alterarmos, aproveitando ou não estas escolhas feitas ainda na espiritualidade, pois tanto podemos aproveitar através da resignação e da superação, quanto podemos nos revoltar perdendo assim a oportunidade de aperfeiçoamento que estamos vivendo.
O Espiritismo nos ensina a ver nos acontecimentos negativos e perturbadores muito mais que fatalidade e destino; ensina-nos a ver a conseqüência de nossas escolhas equivocadas, não apenas de outras encarnações, mas, também, de nossa atual encarnação. Ensina, ainda, que por mais difíceis que se apresentem as situações, nós somos senhores dos nossos destinos, que podemos com o nosso livre arbítrio alterarmos as nossas escolhas para trazermos o melhor para nossa existência. Como nos diz o orador espírita Divaldo Franco: “Você é o que fez de si, mas você será o que faça de você”.

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